24/07/2019 - 11h42
IAS 2019: Pesquisa com anel vaginal para prevenção ao HIV mostra boa adesão entre mulheres

Resultados de um estudo mostrou que mulheres estão dispostas a usar anel vaginal para se prevenirem ao HIV. Nessa terça-feira (23) os dados foram apresentados na 10ª Conferência do IAS sobre Ciência do HIV (IAS 2019), na Cidade do México pelos pesquisadores da Rede de Ensaios de Microbicidas (MTN) dos Institutos Nacionais de Saúde que realizaram o estudo, conhecido como HOPE.

O anel, que as mulheres podem inserir e substituir a cada mês, libera lentamente o antirretroviral dapivirina para a vagina durante o mês em que é usado. O estudo gerou a oportunidade de mulheres usarem o anel da dapivirina por um ano enquanto os pesquisadores coletavam informações adicionais sobre sua segurança e como as mulheres fariam uso do anel. 

Realizada entre julho de 2016 e outubro de 2018, o HOPE envolveu 1.456 mulheres em 14 locais de pesquisa no Malauí, África do Sul, Uganda e Zimbábue. Para ser elegível, as mulheres precisavam ser HIV negativas, não estar grávidas ou amamentando e concordar em usar contraceptivos durante o estudo.

É importante ressaltar que as mulheres que se inscritas poderiam, a qualquer momento, optar por não usar ou aceitar o anel oferecido. Queríamos que as mulheres soubessem que a decisão era delas e só delas”, explicou Jared Baeten, professor de saúde global, medicina e epidemiologia na Universidade de Washington. “Constatamos que a maioria das participantes queria o anel dapivirina e mostraram usar o anel de maneira bem consciente”, disse. 

Segundo Jared, para calcular a adesão ao anel, os pesquisadores mediram a quantidade de droga restante nas participantes em cada visita clínica. Na HOPE, 90% dos anéis retornados indicaram uso. “No entanto, níveis residuais de drogas não podem determinar quanto tempo o anel foi realmente usado (para o mês inteiro, por exemplo, ou apenas alguns dias) e, portanto, não são uma indicação exata de adesão.

Um complemento na prevenção 

A incidência do HIV foi de 2,7 por cento no estudo, o que significa que para cada 100 mulheres acompanhadas durante o estudo de um ano, havia 2,7 mulheres que se infectaram. Além de receberem o anel em HOPE, todas as mulheres receberam aconselhamento e serviços de prevenção do HIV durante a participação. Dos 1.456 participantes, 35 se infectaram com o HIV. Usando um método de modelagem estatística, os pesquisadores estimaram que a incidência do HIV teria sido de 4,4 por cento se as mulheres não pudessem participar do HOPE e receber o anel, sugerindo uma redução de 39% no risco de se infectarem pelo vírus. 

O anel dapivirina está atualmente sob revisão regulatória pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) em cooperação com a Organização Mundial da Saúde para que se possa fornecer uma opinião científica sobre o uso da nova forma de prevenção em baixa e países de renda média.

Segundo Jared, “o anel poderia representar uma segunda opção biomédica, além da profilaxia pré-exposição (PrEP), para mulheres que querem se proteger contra o HIV. Ter a PrEP e o anel dapivirina seria um marco significativo para a prevenção do HIV, porque quanto mais opções melhor. Nenhum método será adequado para todas as mulheres, e nenhum método será nem poderá ser eficaz se não for usado ou não disponível em primeiro lugar “.

Ele ainda explica que, globalmente, mais da metade de todas as pessoas atualmente vivendo com HIV são mulheres, e na África subsaariana, as mulheres são responsáveis ​​por quase 60% dos adultos com HIV, com o sexo vaginal desprotegido sendo o principal responsável pela epidemia. As taxas de infecção são especialmente altas entre as mulheres jovens. De fato, em partes da África, estima-se que 1.000 meninas entre 15 e 24 anos sejam infectadas todos os dias. E quando as mulheres estão grávidas ou amamentando, o risco de contrair o HIV é duas a quatro vezes maior do que quando elas não estão.

 

Jéssica Paula (jessica@agenciaaids.com.br)

A Agência de Notícias da Aids cobre a 10ª Conferência do IAS sobre Ciência do HIV (IAS 2019) com o apoio do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente transmissíveis.

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