Médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais de saúde do estado de Roraima participaram, entre os dias 16 e 18 de abril, em Boa Vista, da “Capacitação para manejo básico do HIV e da Sífilis” promovida pelo Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde e ministrada pelos consultores e infectologistas Fernanda Rick e Filipe Perini, consultores.

A capacitação teve por objetivo iniciar o processo da inserção da linha de cuidado para o manejo do HIV e da sífilis na atenção básica do estado.

Na cerimônia de boas-vindas, realizada na manhã do dia 16, além dos profissionais de saúde das cidades de Boa Vista, Pacaraima e Amajari, também estiveram presentes a diretora do Departamento Estadual de Epidemiologia de Roraima, Luciana Cristina Grisotto; o coordenador municipal de IST/Aids de Boa Vista, Sebastião Diniz Lima; o  presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Roraima, Helenilson José Soares Boniares; e a representante do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde, Rosiclei Alencar Dobrovsak.

Durante os três dias de encontro, os profissionais de saúde tiverem a oportunidade de conhecer o panorama epidemiológico do HIV, da sífilis e das hepatites virais no Brasil e em Roraima sob a ótica da estratégia da prevenção combinada; as formas de abordagem inicial e de acompanhamento das pessoas que vivem com HIV – acolhimento, avaliação inicial e de rotina, prevenção, imunização, saúde reprodutiva, rastreio de co-infecções e monitoramento clínico – e discussão de casos clínicos. A capacitação também tratou sobre o manejo clínico da sífilis adquirida e congênita, por meio da linha de cuidado e da investigação epidemiológica.

Acolhimento 

Para a médica de família, Eloides Araújo Gomes, que já faz atendimento de pessoas que vivem com o HIV na cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, a capacitação serviu para atualização dos conhecimentos sobre tratamento e também para despertar novos olhares sobre estigma e preconceito. “Foi muito importante perceber como o acolhimento e amorosidade fazem a diferença na adesão ao tratamento do HIV. Foi fundamental também compreender o meu papel como multiplicadora desses conhecimentos na minha unidade de saúde”, destaca.

A importância de um atendimento humanizado também foi um dos aprendizados destacados como mais importantes pela médica da família, Maria Vauian. Graduada em Cuba, a médica disse que com a rotina de atendimentos em Boa Vista muitas vezes a fazem esquecer do quão fundamental é acolhimento e esse olhar ampliado sobre o paciente. “Essa capacitação serviu para relembrar a importância de se olhar o indivíduo para além da doença. Resgatar essa visão mais integral sobre o paciente irá auxiliar muito a minha prática e o atendimento”, ressaltou Maria Vauin.

A médica também destacou a aproximação e a troca de informações com os profissionais de outros níveis da rede de atendimento do município. “Creio que essa relação mais próxima, de confiança, que estabelecemos aqui entre a atenção básica e atenção especializada irá ajudar muito na implantação da linha de cuidado”, completa.

Panorama Epidemiológico

Segundo dados do Boletim Epidemiológico de HIV/aids de 2017, o Roraima é o estado brasileiro com a maior taxa de detecção de casos de aids entre a população brasileira. Em 2016 foram registrados 33,4 casos de aids a cada 100 mil habitantes, o Rio Grande do Sul vem em segundo lugar, com 31,8 casos por 100 mil habitantes.

Já em relação a sífilis, Roraima está entre os estados que apresentam taxas de detecção adquirida superiores da média nacional que é de 42,5 casos por 100 mil habitantes. Em 2016 foram registrados 48,4 casos de sífilis adquirida por 100 mil habitantes. Já as taxas de detecção de sífilis congênita e em gestantes estão abaixo da média nacional.

A capital Boa Vista está entre os cem municípios com população acima de 100 mil habitantes – e que concentram os maiores números de casos da doença – incluídos no projeto de “Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção à Saúde”, que visa reduzir a sífilis adquirida e eliminar a sífilis congênita no Brasil.

Fonte: Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais