Ouça abaixo podcast com entrevista na íntegra. A Agência Aids conversou com a dra. Maria Clara Gianna e Maria Cristina Abatte, responsáveis pela gestão do CRT/Aids de São Paulo e pelo Programa Municipal de DST/Aids da capital paulistana. Ambas falaram sobre a situação do atendimento nos serviços da capital e estado de São Paulo.

A cidade de São Paulo passou a ofertar gratuitamente, nesta quarta-feira (11), autotestes de HIV em fluído oral para homens gays e outros HSH (homens que fazem sexo com homens).  A iniciativa faz parte da pesquisa “A Hora É Agora-SP”, que tem por objetivo avaliar a implantação da logística de distribuição desses kits na capital paulista para o público-alvo do projeto. “Vamos avaliar e buscar caminhos adequados para a incorporação dessa nova tecnologia na estratégia de prevenção combinada”, afirmou na manhã desta quarta-feira (11), o dr. Aluísio Augusto Cotrim Segurado, pesquisador principal do estudo, durante o evento oficial de lançamento da pesquisa, em São Paulo.

Ao todo, 10 mil kits de autoteste estarão à disposição do público-alvo entre abril e setembro deste ano. Para retirar o exame, os interessados precisam acessar o site da pesquisa e escolher um dos cinco pontos de distribuição. Em seguida, será gerado um número de protocolo que deve ser usado para retirar o kit. “O teste ficará disponível no local escolhido em 24h. O usuário tem um prazo de 15 dias para fazer a retirada do kit nas unidades fixas e 30 dias nos trailers”, explicou Aluísio.

Os kits serão disponibilizados nos seguintes locais: Centro de Referência e Treinamento DST/Aids de São Paulo, Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) Henfil, e Centro de Referência da Diversidade (CRD), além dos trailers do projeto Quero Fazer e do Instituto Cultural Barong, que funcionam, respectivamente, aos domingos e às sextas-feiras e sábados à noite no Largo do Arouche, centro da capital.

“Desde 2013, o Brasil adotou a prevenção combinada, hoje temos orgulho imenso de dizer que não existe nenhum componente recomendado pela prevenção combinada que não esteja incorporado no SUS. O autoteste, que neste projeto estará disponível para os gays e outros HSH, é importantíssimo. A epidemia de HIV no país é concentrada e os dados revelam que a prevalência do vírus nesta população é de 18,4%, quando na população geral é de 0,6%”, disse dra. Adele Benzaken, diretora do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais.

A especialista acrescentou ainda que “essa população, por ser mais vulnerável ao HIV, precisa acessar o diagnóstico e, ao receber o diagnóstico positivo, ter assegurado o cuidado integral. “O estigma e a discriminação as pessoas vivendo com HIV/aids também acontecem nos serviços de saúde e a consequência é a menor adesão ao tratamento, carga viral detectável e transmissibilidade do vírus aumentada.”

Adele comemorou a parceria nesta iniciativa. “É quase inédito você ter academia, governo e ONGs trabalhando juntos, e tudo capitaneado pelo CDC no Brasil. Vale ressaltar que a oferta do autoteste de HIV se trata de uma pesquisa, cujos resultados podem fundamentar uma futura política pública, ou seja, colocar essa tecnologia de prevenção gratuitamente no SUS. Como foi a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição)”, finalizou.

Assim como a gestora federal, a coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo, Maria Cristina Abbate, lembrou que o autoteste é mais uma possibilidade de prevenção.  “A oferta do autoteste faz parte de um elenco de opções que o SUS tem oferecido como política pública. Certamente este estudo já vai subsidiar um início de uma nova alternativa de prevenção e diagnóstico precoce. Mas para isso, é preciso identificar a melhor forma de disponibilizá-los na capital paulista e em outros locais do país”, disse.

Do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, a coordenadora-adjunta, Maria Clara Gianna, destacou que “este projeto não é simples, e só está sendo possível reproduzir a experiência de Curitiba em São Paulo porque diferentes parceiros, inclusive a sociedade civil, acreditaram nesta possibilidade. Tenho certeza de que será um sucesso e que estamos preparados para atender todas as demandas e esclarecer dúvidas.”

A pesquisa é uma realização da Faculdade de Medicina da USP, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP)/ Fiocruz, dos Centros dos Estados Unidos de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), do Departamento de IST/Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, dos Programas Estadual e Municipal de DST/Aids de São Paulo, do CRD, e das ONGs Pela Vidda São Paulo e Instituto Cultural Barong.

Resultado positivo

Caso o resultado seja positivo, o paciente poderá contar imediatamente com orientações de profissionais de saúde pública da área de prevenção, como médicos, sociólogos, psicólogos, assistentes sociais, que poderão orientá-lo sobre os próximos passos para início de tratamento.

O contato poderá ser feito pelo Disque DST/Aids (0800 162550), que funciona de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 18h. Para horários diferenciados, como período noturno, finais de semana e feriados, o interessado terá à sua disposição um número de celular disponível para ligações ou WhatsApp (11 96931-3838).

Também será necessário realizar o teste confirmatório em uma das unidades de saúde a seguir: SAE Campos Elíseos (Alameda Cleveland, 374, Santa Cecília); CRT DST/Aids (Rua Santa Cruz, 81, Vila Mariana); ou Seap-HC (Rua Ferreira de Araújo, 789, Pinheiros). Os serviços funcionam de segunda a sexta, das 8h às 18h.

Outros públicos

Quem não fizer parte do público-alvo da pesquisa ou não desejar fazer o exame sozinho, é possível fazer o teste para o HIV, assim como o de sífilis e de hepatites B e C, nas unidades básicas de Saúde (UBS) da cidade de São Paulo e nos 26 serviços da Rede Municipal Especializada (RME) em DSTs/Aids da capital. Os endereços das unidades da RME podem ser conferidos aqui. Nos serviços da RME e em algumas UBSs, há a opção do teste rápido, com resultado em apenas 20 minutos.

É possível ver também a relação de todos os locais que fazem os testes no estado de São Paulo no site do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids-SP: www.crt.saude.sp.gov.br ou ainda pelo Disque DST/Aids: 0800162550, que funciona de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h.

Atendimento

São Paulo está preparado para receber e atender os novos casos de HIV/aids? Qual é o tempo entre o diagnóstico e a primeira consulta? Qual nota vocês dariam aos serviços de aids? Essas e outras perguntas foram respondidas por Maria Clara e Maria Cristina, responsáveis pelos programas de aids no Estado e na capital, respectivamente, em entrevista especial à Agência de Notícias da Aids.

Ouça aqui

 

Dica de entrevista

Programa Municipal DST/Aids de São Paulo

Tel.: (11) 3397-2303

Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo

Tel.: (11) 5087-9907

Redação da Agência de Notícias da Aids