Depois de estrear com empate na Copa do Mundo 2018, o Brasil tem na próxima sexta-feira (22) mais um confronto da fase de grupos. A seleção entra em campo às 9 horas (horário de Brasília) para enfrentar a Costa Rica, no Estádio Saint Petersburg (Krestovsky Stadium). O Brasil compõe o Grupo E junto com a Sérvia, Costa Rica e Suíça.  A Costa Rica, também não teve uma boa estreia, perdeu para a Sérvia. Quando o placar é contra a aids, os dois países vão bem na disputa. A Costa Rica, por exemplo, que garante a maior expectativa de vida da América Latina, tem 13 mil pessoas vivendo com HIV. Na população adulta, a incidência é de 0,19%. No Brasil, a epidemia é concentrada em populações-chaves e a prevalência é de 0,4%. Veja mais dados:

Brasil

Assim como muitos outros países da América Latina e do Caribe, a epidemia de HIV/aids no Brasil está concentrada na população de homens que fazem sexo com homens (HSH), com uma prevalência de 10,5% — podendo ultrapassar 15% em determinadas regiões e centros urbanos — , nas mulheres trans, profissionais do sexo, usuários de drogas e travestis. Na população geral, a prevalência é de 0,4%.

A cada 100 mil brasileiros, 18 são soropositivos. Apesar da incidência dos casos de aids ter diminuído 5,2% entre 2015 e 2016, hoje, cerca de 830 mil pessoas estão vivendo com HIV/aids, sendo que 112 mil ainda não sabem disso, conforme informou o último Boletim Epidemiológico de HIV/Aids, divulgado pelo Ministério da Saúde, no início de dezembro de 2017.

Desse modo, mesmo depois de 36 anos de epidemia, o HIV continua sendo um desafio a ser vencido no Brasil e no mundo.

O governo informou ainda que do total de pessoas vivendo com HIV/aids, 129 mil sabem que têm o vírus, mas não se tratam. Outro dado importante é sobre o aumento de 4,1% nos casos de HIV notificados em 2016. Foram 37.884, ante 36.360 em 2015.

Publicado anualmente, os dados acendem um sinal vermelho para  o crescimento da doença entre adolescentes na última década. A incidência quase triplicou entre os homens de 15 a 19 anos, passando de 2,4 casos, por 100 mil habitantes, em 2006, para 6,7 casos em 2016. Entre os homens com 20 a 24 anos, a taxa passou de 16 casos de aids por 100 mil habitantes para 33,9 casos no mesmo período.

Já entre as mulheres, constatou-se um aumento da doença entre jovens de 15 a 19 anos, grupo que teve a taxa elevada de 3,6 casos para 4,1.

Outro ponto crítico é a transmissão em idosos acima dos 60 anos, já que a taxa passou de 5,6 para 6,4 casos por 100 mil habitantes.

Prevenção combinada

Na tentativa de frear o avanço da epidemia, o governo brasileiro vem adotando, desde 2013, a prevenção combinada. Além do uso da camisinha, a nova estratégia inclui o tratamento antirretroviral, a testagem regular do HIV, a PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV), a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), o exame de HIV no pré-natal, medidas de redução de danos entre pessoas que usam álcool e outras drogas e o tratamento de outras ISTs. O Brasil foi o primeiro país da América Latina a disponibilizar no sistema público de saúde a PrEP .

No campo do tratamento, o Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, ampliou, em 2018, a oferta do dolutegravir para todos os pacientes em tratamento. De acordo com o governo, esse medicamento é considerado um dos melhores do mundo. Ele apresenta alta potência e um nível muito baixo de efeitos colaterais, aspecto considerado bastante importante para a adesão e o sucesso do tratamento contra o HIV.

Desde 1996, o acesso gratuito a tratamento para todas as pessoas infectadas é garantido por lei e está à disposição nos serviços públicos.

Lei 12.984

Além disso, o Brasil tem uma lei que torna crime a discriminação contra pessoas vivendo com HIV e doentes da aids. A lei nº 12.984 prevê prisão de um a quatro anos para autores de atos de preconceito contra os soropositivos. É considerado crime, por exemplo, recusar, cancelar ou impedir as matrículas em qualquer instituição de ensino, incluindo creches, de portadores do HIV e doentes de aids. Também é crime negar trabalho, exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego e isolar os doentes no ambiente profissional. A divulgação da condição de soropositivo com o objetivo de ofender a “dignidade” é outro ato passível de prisão, assim como recusar ou retardar atendimento de saúde.

Mais números

* 830 mil pessoas vivem com HIV/aids no Brasil.

* O Brasil tem 136 mil pessoas com HIV que desconhecem a própria condição, segundo estimativas referentes a 2016.

*Há 196 mil pessoas que sabem que têm o vírus, mas não se tratam.

* 498 mil pessoas estão em tratamento no país, segundo o governo.

* Em 2016, o Brasil registrou 15 mil mortes por aids.

Dados do Relatório de Monitoramento Clínico do HIV, do Ministério da Saúde, apontam que o Brasil obteve avanços no diagnóstico, tratamento e controle do vírus nos últimos quatro anos. Até 2016, o país tinha 84% das pessoas diagnosticadas com o vírus em tratamento. Destas, 91% já estão com carga viral suprimida. O Brasil é signatário das metas 90-90-90, da ONU, e se comprometeu a chegar em 2020 com 90% das pessoas que vivem com HIV testadas. Destas, 90% precisam ter aderido à profilaxia, ou seja, ao tratamento médico continuado, e destas, 90% devem estar com a carga viral zerada no sangue – isso atestaria a eficácia dos medicamentos.

Costa Rica

Quanto à saúde, Costa Rica apresenta conquistas ainda mais relevantes. Lá, a população tem um amplo seguro de saúde público que é considerado de sucesso. O êxito se deve a diferentes fatores, dentre eles, o baixo número de habitantes, cerca de 4 milhões. Dentre as transformações realizadas pelo país nos últimos anos, o Exército Nacional foi extinto, liberando financiamento para a saúde. Não é estranho que pacientes de centros médicos privados peçam para ser transferidos aos hospitais públicos por causa da capacidade comprovada dos centros estatais.

No entanto os números relacionados a aids ainda são altos para a pequena população do país. São 13 mil pessoas vivendo com HIV, o que resulta em uma prevalência entre adultos (de 15 a 49 anos), de 0,4%, segundo o relatório Unaids de 2016. Desse total, apenas 6,6 mil fazem uso da terapia antirretroviral.

O número de crianças infectadas não passa de 100. Mas as novas infecções considerando todas as idades é de mil ao ano. A incidência do vírus é de 0,19%.

Até o 2016, o número de mortes por aids na Costa Rica foi de 500 na população adulta. E 100 em crianças.

Mais sobre o país

A Costa Rica tem a expectativa de vida mais alta da América Latina, 79,6 anos, e numerosos indicadores sanitários que confirmam os benefícios sociais do sistema de saúde implantado no país.

“É um sistema que conseguiu se esquivar da onda privatizadora dos anos 1990 na América Latina, mas essas forças sempre estão aí”, diz o demógrafo e pesquisador Luis Rosero Bixby, da Universidade da Costa Rica (UCR), que concluiu que ela é essencial para a construção de uma sociedade mais igualitária do que no resto da região.

Redação da Agência de Notícias da Aids