O Mopaids (Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids) vem a público parabenizar todos os profissionais de saúde, gestores, técnicos e a sociedade civil pelo compromisso e empenho na eliminação da transmissão vertical do HIV na cidade de São Paulo. Essa é uma vitória do SUS. Sabemos que só com boa vontade, comprometimento, monitoramento e políticas públicas é possível fazer com que o pré-natal seja realizado de forma adequada, permitindo o diagnóstico precoce do HIV, o acesso ao tratamento e crianças livres do vírus.

Saber que temos na cidade uma taxa de incidência de HIV abaixo de 0,3 crianças a cada 1.000 nascidos vivos nos dá energia para continuar na luta pela prevenção e qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV/aids. No entanto, consideramos que uma criança infectada pelo HIV é muita gente. Há anos sabemos como prevenir a infecção da mãe para o bebê, por isso, é inadmissível este tipo de transmissão. Vamos continuar nas bases cobrando esforços, empenho, monitoramento e denunciando os casos perdidos.

O acesso à saúde pública na cidade de São Paulo é desigual. Não é por acaso que as mulheres negras da periferia morrem de aids três vezes mais se comparado as mulheres brancas. Temos ainda as usuárias de crack e outras drogas, sem contar as mães em situação de rua. A desigualdade social, a pobreza e a fome são barreiras importantes nesta luta, temos que vencer.

Também não podemos nos esquecer das nossas crianças que nasceram com HIV, cresceram, tiveram que aprender a lidar com a morte de perto e continuam na luta pela vida. São pessoas que por muitos anos deixaram de sonhar, algumas sobreviveram tomando antirretrovirais quando não existia uma formulação infantil, outras cresceram com a dor de perder amigos para aids. Para essa população pedimos atenção especial e políticas públicas humanizada.

A eliminação é uma vitória, mas ainda temos muitos caminhos a percorrer. Vamos continuar vigilantes para que a eliminação da infecção do vírus de mãe para o filho durante o período da gestação, no parto ou pelo aleitamento materno alcance todas as cidades brasileiras. Também vamos continuar lutando para que São Paulo mantenha este patamar. Queremos o nosso Brasil livre da transmissão vertical. Assim, quem sabe, podemos começar a acreditar que o fim da epidemia de aids é possível.

Américo Nunes Neto

Coordenador do Mopaids