O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel decidiu se retirar da CPI da Covid após ser questionado sobre um possível superfaturamento na compra de respiradores para o estado durante a pandemia do coronavírus.

Witzel usou habeas corpus concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que o permite ficar em silêncio diante dos senadores. Em sua decisão, o ministro Nunes Marques ressaltou que o ex-governador já é investigado em ação por corrupção e lavagem de dinheiro no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Na saída da comissão, Witzel justificou a saída dizendo que foi ofendido por senadores. “Respondi a todas as perguntas. A medida que começam a haver ofensas como senador que se dirigiu a mim de forma leviana, chula, não posso continuar. Vim para respeitar e ser respeitado”.

“A partir do momento que ela se tornou uma sessão de xingamentos como tem acontecido nas redes sociais, eu entendi, e meus advogados também, preferi encerrar porque afirmações ofensivas são desnecessárias.”Wilson Witzel, ex-governador do Rio.

Witzel deixou a comissão após ser questionado pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE) sobre a aquisição de 1.000 respiradores por R$ 183 mil. Antes de finalizar a pergunta, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSB-AM), informou que o ex-governador iria se retirar da sessão.

“Ele acabou de me comunicar que quer se retirar da sessão e a gente não pode fazer absolutamente nada”, disse Aziz.

Girão era o último senador titular a questionar Witzel. Antes, ele e o senador Jorginho Mello (PL-SC) trocaram farpas. Mello questionou a “contratação criminosa e fraudulenta do Iabas [para gerir os hospitais de campanha no Rio]” e a “propina” recebida pela ex-primeira-dama Helena Witzel.

“O senhor envergonhou a justiça, envergonhou o Rio de Janeiro e a população brasileira”, afirmou Mello ao fim de sua fala. Witzel rebate dizendo que as declarações são levianas e Mello eleva o tom: “Leviano é o senhor que foi cassado!”.

Além de Girão, o ex-governador deixou de responder perguntas de suplentes e não membros da CPI.

Durante seu depoimento, Witzel se defendeu das acusações pelas quais teve o mandato cassado e, durante a reunião, discutiu com o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu ex-aliado.

Em relação à pandemia da covid-19, o ex-governador disse à comissão que o governo federal deixou governadores e prefeitos “desamparados”. Segundo ele, houve atraso na destinação de recursos do Ministério da Saúde, que teriam chegado “em cima do laço”.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria é independente ou de oposição), investiga ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Tem prazo inicial (prorrogável) de 90 dias. Seu relatório final será enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.

Fonte: UOL