A possibilidade de se viver uma vida sexual com saúde e a proteção de vacinas contra os diferentes vírus e bactérias sexualmente transmissíveis está se tornando uma realidade cada vez mais próxima. Recentemente, algumas pesquisas inovadoras têm aberto bons caminhos para o desenvolvimento de estratégias de prevenção adicionais à já bem conhecida camisinha.

Na última semana foi publicado na revista científica Lancet Infectious Diseases um estudo realizado no Reino Unido com o resultado da parceria entre pesquisadores ingleses e dinamarqueses, mostrando sucesso nas etapas iniciais do desenvolvimento de uma vacina inédita contra a bactéria Chlamydia trachomatis, ou simplesmente clamídia.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a clamídia é a causadora da infecção sexualmente transmissível (IST) bacteriana mais frequente em todo mundo, com quase 130 milhões de casos estimados anualmente.

O quadro clínico da infecção por clamídia em geral é a uretrite em homens e a cervicite em mulheres. Por mais que tenha um tratamento simples quando diagnosticada, o controle da sua disseminação é complexo pois, além de altamente transmissível, inclusive pelo sexo oral, até 80% dos casos são completamente assintomáticos. E pra piorar, quando não tratada a clamídia pode levar a complicações uro-ginecológicas como a infertilidade.

Uma vez que a rotina de rastreamento dessa bactéria na população sexualmente ativa e assintomática, ainda que recomendado é feito por apenas parte das pessoas, especialmente em países de renda mais baixa, uma vacina que previna essa infecção é muito bem-vinda.

O processo de desenvolvimento da vacina contra clamídia está numa fase ainda inicial e o estudo publicado apenas demonstrou que é possível induzir a produção de anticorpos contra proteínas da bactéria nas mulheres vacinadas, sem causar nelas efeitos colaterais graves. A próxima etapa será avaliar se esses anticorpos são de fato capazes de proteger da infecção.

Além dessa, existem em fase de pesquisa outras vacinas contra ISTs. Uma delas é a vacina contra a Neisseria gonorrhoeae, a causadora da gonorreia, segunda IST bacteriana mais frequente no mundo. Dados de estudos anteriores, por exemplo, demonstraram que a vacinação contra Neisseria meningitidis, bactéria causadora da meningite meningocócica, devido à semelhança entre as duas bactérias acabou inesperadamente reduzindo em 30% a incidência de gonorreia entre os indivíduos vacinados.

Há também em andamento o estudo Mosaico que avalia uma promissora vacina contra a infecção por HIV. No Brasil iniciaremos em breve o recrutamento de participantes interessados.

E temos também as vacinas com eficácia já comprovada na proteção contra ISTs, como as de hepatite A, hepatite B e HPV. Porém, apesar de disponibilizadas no SUS e recomendadas pelo Ministério da Saúde, temos ainda baixas taxas de cobertura vacinal dentro de alguns subgrupos populacionais. No caso da vacina contra HPV, por exemplo, apenas 22% dos meninos e 51% das meninas menores de 15 anos, idade em que a vacina é indicada, foram imunizadas.

A ciência está dando seus passos para encontrar novas maneiras de controlar a transmissão das ISTs, diversificando as opções de Prevenção Combinada e melhorando a qualidade da vida sexual da humanidade. Entretanto, de nada adiantarão vacinas se a população não as utilizar quando disponíveis. Faça sua parte e esteja com as suas vacinas todas atualizadas.

Fonte: VIva Bem - Blog Rico Vasconcelos