Ao concluir a 5ª Conferência de Pesquisa para a Prevenção do HIV da IAS (HIVR4P 2024) em Lima, no Peru, entre os dias 22 e 24, o Escritório Regional do Unaids para América Latina e o Caribe celebra os novos dados do estudo PURPOSE2 sobre o uso de lenacapavir duas vezes ao ano para a prevenção do HIV e a decisão da Gilead de disponibilizar a versão genérica de sua injeção para 120 países de recursos limitados e alta incidência de HIV.
No entanto, acreditamos firmemente que a seleção de países beneficiados pelos acordos de licenciamento voluntário realizada pela Gilead não é suficiente, pois continua não incluindo milhões de pessoas vulneráveis e mais expostas ao risco globalmente, especialmente na América Latina, região onde as infecções por HIV estão aumentando em muitos países.
Embora essa medida represente um avanço na resposta global ao HIV e beneficie quem está ficando para trás em países de baixa renda, lamentavelmente exclui muitos países de renda média, dez deles na América Latina: Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai e Peru.
LATAM – Países em relação a renda per capita
Entre as 2.184 pessoas participantes que foram aleatoriamente designadas para receber lenacapavir subcutâneo a cada seis meses como parte dos ensaios estavam gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens, mulheres e homens trans, e pessoas não binárias da Argentina, Brasil, México e Peru.
Além disso, na última década, embora as infecções por HIV tenham diminuído globalmente, na América Latina houve um aumento de 9%, com populações-chave e mais vulneráveis sendo desproporcionalmente afetadas.
“Estamos em um momento crucial na resposta ao HIV na América Latina e Caribe. A decisão de permitir versões genéricas deste medicamento que salva vidas é notável, mas não suficiente”, afirma Luisa Cabal, diretora Regional do UNAIDS para América Latina e o Caribe. “Não devemos permitir que surja uma disparidade em que algumas das populações mais vulneráveis do mundo fiquem sem acesso a serviços e produtos essenciais contra o HIV. O crescente número de novas infecções por HIV na América Latina é uma nítida evidência de que não podemos nos dar ao luxo de ampliar a desigualdade que temos trabalhado incansavelmente para reduzir.”
A necessidade de que a América Latina tenha acesso às licenças de medicamentos genéricos é destacada pelos altos custos dos antirretrovirais em comparação com outras regiões. Nesse sentido, as versões genéricas de medicamentos como o lenacapavir da Gilead poderiam transformar o cenário, oferecendo uma opção mais acessível e ajudando a abordar a urgente crise de prevenção na região.
O Escritório Regional do UNAIDS para América Latina e o Caribe faz um apelo por uma ação coordenada para responder a essas exclusões e trabalhar em direção a uma abordagem verdadeiramente inclusiva de prevenção e tratamento do HIV. Estamos à disposição para apoiar todos os esforços na negociação e redução de preços, incluindo a oferta de acesso aos mercados genéricos de tecnologias essenciais para o HIV, garantindo que medicamentos e insumos essenciais sejam acessíveis a todas as pessoas que deles necessitam.
“Peço à Gilead Sciences e outras partes interessadas a iniciarem negociações para a redução dos preços dessa ferramenta fundamental de prevenção. Devemos trabalhar de forma conjunta para garantir acesso equitativo à prevenção e ao tratamento do HIV para todas as pessoas, independentemente das fronteiras geográficas ou da situação econômica”, afirma Cabal.
Fonte: UNAIDS