Devido à pandemia do coronavírus, a Agência Aids passou a publicar vídeos de ativistas que revelam como tem vivido e se comportado com o isolamento social para colaborar na luta contra a Covid-19. Dentre os depoimentos mais recentes, você pôde conferir os atividas Américo Nunes e Moisés Toniolo, contando um pouco mais sobre sua rotina durante a quarentena.

O  mais recente balanço dos casos da Covid-19, divulgado nessa terça-feira (7), mostrou que, no total, são 12.377 casos oficiais confirmados no país até agora, segundo o governo, e 486 mortos.

Hoje, a Agência Aids traz o depoimento da ativista Nair Brito:

 

Nair tem uma boa explicação para o seu currículo recheado de combates na luta contra a aids. Depois de receber o diagnóstico positivo para HIV, em 1993, aos 33 anos, viu que tinha duas escolhas: “Ou lutava. Ou morria. O meu sentimento era de que eu precisava reagir,” conta a pedagoga, uma das fundadoras do histórico MNCP (Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas).

Para o bem de cidadãs brasileiras, africanas, latinas, caribenhas, Nair, ao defender a própria vida, foi se envolvendo com a luta de todas e encorajando-as a conquistarem seus direitos. Hoje, com 55 anos, é uma das pessoas mais queridas e respeitadas no movimento social da aids.

Nair, como diz Jenice Pizão, outra fundadora do MNCP, deu a própria cara à tapa para que as pessoas vivendo com HIV/aids tivessem acesso aos medicamentos antirretrovirais.

“Isso aconteceu em 1995. Nair estava com a saúde muito debilitada, iria morrer. Em outros países já existia o acesso aos medicamentos para HIV, mas no Brasil ainda custava muito caro e as pessoas morriam por não conseguirem os remédios. Foi nesse momento que Nair, junto com Áurea Abadde [advogada e coordenadora do Gapa – Grupo de Apoio à Prevenção à Aids, de São Paulo] moveu uma das primeiras ações judiciais no país, exigindo que o governo fornecesse gratuitamente os antirretrovirais que ela precisava para se tratar”, conta Jenice.

Não foi fácil, mas Nair sensibilizou a mídia que, junto com os ativistas, passou a apoiá-la. “Ela era a primeira mulher a falar de sua soropositividade numa época em que o conceito da epidemia era o de grupo de risco”, continua Jenice. Nair venceu mais esta batalha.

A vitória da ativista na Justiça abriu caminho para que muitos portadores do vírus também entrassem com ação contra o Estado, pedindo os medicamentos. Como muitas ações começaram a ser abertas, foi melhor para o governo disponibilizar os remédios para todos, o que aconteceu a partir de 1996. O que tornou Nair uma referência na luta contra aids.