Na live desta terça-feira (19), a jornalista Marina Vergueiro recebeu Lua Mansano, travesti positHIVamente viva com HIV no meio, como ela mesma se nomeia. As duas conversaram sobre a vida e a carreira da executiva, além dos planos futuros.

Lua nasceu em Ourinhos, interior de São Paulo, e conta que desde a infância sempre foi muito serelepe, artística e esportista, mas que na mesma fase foi obrigada a se encaixar em padrões que eram impostos. “Eu cresci numa caixa heteronormativa, que era performar o homem cis hetéro e apesar disso eu era ignorante, e ser desse jeito me ajudou a dar uma mascarada em uma coisa que estava ali dentro que era a Lua o tempo todo, mas eu não reconhecia”. 

Saiu da sua cidade natal em 2015, quando tinha 17 anos, para ir a São Paulo e as coisas começaram a mudar. “A partir desse lugar, conhecendo São Paulo eu comecei a conhecer nuances minhas,que eram ilusórias e muito profundas que me levaram a ter base sólida para poder falar coisas abertamente.” No entanto, ela relata que voltou para a caixa, mas como homem cis gay.

“Era muito difícil falar sobre sexualidade, porque eu me relacionava com os caras e não sentia aquele lugar de eu estar sendo validada por quem eu sou, não me enxergavam e eu não entendia muito porquê”. 

Em 2019, descobriu sua sorologia positiva para o HIV. Decidiu fazer o teste de forma voluntária, sem pretensão alguma. Ela  estava dormindo na casa de suas amigas, mas sabia que poderia não estar se cuidando o suficiente.“Decidi me testar, porque eu estava em um lugar de autonegligência, pelo fato de eu ter déficit de atenção com hiperatividade, então eu perdi aquele costume de fazer exames corriqueiros”. 

No mesmo período, ela enfrentou problemas psíquicos e emocionais e teve que passar por uma casa de reabilitação, que foi onde se reencontrou com a arte e começou o seu processo transição. “Eu conheci um cara lá e ele me via como a princesa que eu sou, e eu não estava ainda do jeito que eu sou hoje, mas ele me via, e eu entendi que tinha um negócio muito forte, a minha feminilidade estava exalando, tanto que os meninos da clínica me chamavam de donzela”. 

“A clínica foi um lugar de resiliência e auto resgate. Foi massa para eu me reconhecer assim, decidir o que eu não quero para mim, e fui descobrindo o que eu quero, voltando a ter sonhos”. 

Atualmente, com o seu trabalho consegue resgatar o desejo de dar voz às pessoas que passaram o mesmo que ela, criando um ambiente seguro, e conta que seus planos futuros são de se tornar empresária no ambiente audiovisual e empregar apenas pessoas trans.

Assista a live na íntegra:

Sâmylla Rocha (samylla@agenciaaids.com.br)

Dica de entrevista:

Lua Mansano

E-mail: mansanolua@gmail.com