No dia em que o Sistema Único de Saúde (SUS) completou 32 anos, nessa segunda (19), a jornalista Marina Vergueiro recebeu, na coluna “Senta Aqui”, no Instagram da Agência Aids, o Dr. Álvaro Furtado, infectologista do Centro de Referência e Treinamento em IST/Aids de São Paulo (CRT). Os dois conversaram por quase uma hora sobre a importância do SUS na luta contra aids, as ISTs, a monkeypox e a pandemia de Covid-19, que segundo o especialista, está próxima do fim. Além disso, o médico falou sobre a importância da saúde mental na qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/aids e trouxe dicas de prevenção para as pessoas que vivem relacionamentos abertos.

“Precisamos manter o princípio de equidade do SUS para fortalecer ainda mais o sistema, apesar das vulnerabilidades em alcançar determinados públicos, ainda há muito a melhorar. Por outro lado, temos muitas ações, como, por exemplo as políticas públicas de HIV/aids”, destacou.

Segundo informações do UNA-SUS, 80% dos brasileiros dependem, exclusivamente, dos serviços públicos para qualquer atendimento de saúde, inclusive pessoas vivendo com HIV/aids.

Sobre a monkeypox, o especialista trouxe para live dicas de como se proteger. “Essa doença não tem relação com orientação sexual, a monkeypox é uma doença que é transmitida a partir do contato com a pele infectada. Atinge homens, mulheres, pessoas cis e trans, é uma doença benigna. Infelizmente, ainda não temos a vacina disponível no Brasil, mas os últimos casos têm nos mostrado que a evolução da infecção acontece de forma tranquila. A melhor forma de prevenção no momento é evitar o contato com as pessoas que estão infectadas. Os sinais de alerta são: aparição de alguns caroços semelhantes a espinhas na pele, em vários lugares, podendo surgir no pênis, na vagina e no anus” explicou o doutor.

Covid-19

Outro tema que o médico trouxe para o debate foi o enfrentamento da Covid-19. Em alusão ao que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse sobre o fim da pandemia, Dr. Álvaro Furtado garantiu que no Brasil os casos estão mais controlados. “Estamos vivendo um momento muito mais tranquilo da pandemia aqui no Brasil, ainda tem pessoas morrendo, mas é por conta da imunidade. Definitivamente saímos daqueles quadros mais alarmantes, a covid deixou de ser uma doença com alta letalidade, eu não digo que saímos totalmente de uma pandemia, mas agora estamos em um momento mais tranquilo. Precisamos nos vacinar, talvez a vacina de covid fique igual à da gripe, anualmente, talvez tenhamos que tomar uma vacina de segunda geração, para variante ômicron e outras, se surgirem”, esclareceu.

Em um momento da live, Marina e o Dr. Álvaro abordaram o tema HPV, explicando as causas em homens e mulheres, independente de viver com HIV ou não. “O vírus de HPV é um DNA vírus, podendo voltar, fazendo com que o indivíduo sofra uma reativação”.

Se vacinem

O recado do doutor para as pessoas vivendo com HIV com até 45 anos é: “se vacinem”. Ele continua alertando: “Em homens, o HPV pode causar lesões e verrugas, chegando a desenvolver o câncer de pênis, anal ou de orofaringe. Em mulheres, o vírus pode desencadear o câncer de colo de útero. Todas as pessoas com vagina precisam fazer Papanicolau para prevenção desse câncer”, orientou.

Saúde mental

Um dos assuntos que mais chamou atenção na live foi sobre a correlação da saúde mental com doenças infecciosas. “Quando o paciente está com a saúde mental abalada, ele pode ter um abandono de tratamento e a imunidade cair. Por isso, é importante ter um modelo de vida saudável, com alimentação balanceada e atividades físicas, independente de viver com HIV ou não. Além disso, controlar as doenças de base é fundamental, a expectativa de vida de uma pessoa que vive com HIV pode ser igual a de quem não vive, ambos tendo qualidade de vida”, aconselhou.

Poliamor

Ao ser questionado sobre cuidado sexual e responsabilidade em relacionamentos não monogâmicos ou relacionamentos abertos, o doutor foi direto: “todos os envolvidos no relacionamento aberto ou poliamor têm de fazer exames, tomar todas vacinas, fazer uso de PrEP se necessário e aderir às testagens periodicamente. Se alguém contrair alguma IST, é importante avisar os demais e todos irão checar através das testagens”, disse, orientando as pessoas a usarem o SUS. “Temos vacinas, testes, PrEP, orientações …”

Confira a live na íntegra:

 

Gisele Souza (gisele@agenciaaids.com.br)