Na última segunda-feira (17), a jornalista Marina Vergueiro recebeu na coluna ‘Senta Aqui’, no Instagram da Agência Aids, a escritora Helena T., que dividiu com o público sua trajetória na literatura e leu um trecho de seu novo livro, que traz como tema central o amor e o HIV.

Helena T. é psicóloga, mas seu gosto pela literatura a transformou numa escritora. “Sempre escrevi, a escrita era familiar para mim, eu lia bastante desde criança, na minha casa os livros eram objetos de valor, minha mãe era um exemplo para nós.”

Ela entrou no mundo editorial com “Filhos felizes na escola – pedagogia Waldorf, o ensino pela arte (Antroposófica)”. Escreveu uma série de livros destinada ao público infantil, entre eles, “O dia em que Leopoldo Eugênio Augusto de Roquefort, rei L.E.A.R., quase perdeu a majestade”, com que estreou na Rua do Sabão.

“Tive essa experiência na pedagogia Waldorf e senti que precisava passar adiante, foi uma vivência como mãe e um desdobramento com a pedagogia, havia muitos livros sobre o tema, mas todos traduzidos”, narrou Helena. Sobre os livros infantis, a autora contou que “o contato com crianças me levou a escrever para elas, era algo que eu já fazia, sempre escrevi peças de teatro infantil”, descreveu.

“Eu precisava ficar mais próxima do meu público, então me enveredei na ficção para os adultos”, declarou a escritora se referindo aos contos para adultos.

O encontro

Helena acredita que a literatura e a psicologia se conectam pela intimidade. “O contato com o cliente que faz terapia é muito íntimo e o que o escritor faz também. Às vezes pensamos que a história é do escritor, o que é bom, porque acaba aproximando o leitor de quem escreve, porém, não é verdade, é exatamente o contrário, quem escreve precisa sair de si para contar uma história. Para fazer literatura é preciso sair de si e estar no outro, essa experiência é o que me encanta na literatura”, declarou.

Escrita sobre  HIV

Helena T. revelou na live que vai lançar em breve um novo livro, que traz no enredo principal um romance a partir do HIV. “A ideia veio através de um convite que eu recebi da jornalista Roseli Tardelli para o lançamento do livro da Agência Aids. “Foi uma experiência muito intensa e impressionante para mim, durante o lançamento ouvi declarações de pessoas que viveram a questão do HIV/aids. Foram depoimentos de grandes verdades, profundos e comoventes, por isso, decidi levar adiante’. Depois aconteceu um jantar e na mesa as pessoas continuaram narrando suas histórias, então tive a certeza de que precisava levar adiante, me senti em uma missão muito comovente e deixei a ficção vir”.

Ela continua: “Toda história que se cria, pode partir de momento real, mas dali para frente tudo é possível, esse é o outro lado encantador da literatura, para quem escreve essa é uma sensação de liberdade”, comemorou.

A autora do novo livro explica como vai tratar a narrativa: “O livro que eu vou lançar agora é um romance, que partiu justamente desses depoimentos comoventes que eu ouvi no lançamento do livro sobre a Agência Aids, é uma história com personagens, que vão se encadeando na história de um amor gay”, expôs.

“No meu livro, quero alcançar essa nova geração, falando sobre o amor e não sobre a doença, tanto que em nenhum momento na narrativa existe a palavra HIV ou aids, tudo é sugestivo de que existe, de que o vírus pode matar, de que ele impede o amor, mas que também ele é capaz de ser uma salvação, foi o que eu ouvi no lançamento do livro da Agência”, lembrou Helena.

Helena decidiu ainda que não vai usar as palavras HIV e aids em seu livro: “Eu não queria dar protagonismo para o vírus, a grande questão para mim do enredo é o amor e não vírus, eu não queria chamar atenção para isso, uma das intenções que eu tenho é convidar um pesquisador sobre o assunto para fazer um anexo de como está a situação atual do vírus depois desses 40 anos, como estão as pesquisas, os tratamentos, apresentar essa noção. Tanto o vírus quanto o amor são crônicos na nossa vida, essa é a mensagem que eu quero passar, todos nós amamos, e precisamos lidar com o amor e com o vírus. Tem um personagem do livro que fala que o amor é feito de sustos, e é verdade, o amor é feito de inconstâncias”, completou a escritora.

“O amor pode nascer do HIV, essa é a grande questão, o vírus pode matar, ele pode matar o amor, pode matar os encontros amorosos, mas pode também nascer do amor. É uma contrapartida, aqui estamos falando de erotismo e de morte, são dois extremos em uma mesma vivência, se não fosse o erotismo, esse renascer das pequenas mortes, simbólicas ou não, que existem na nossa vida, nós seríamos robôs e não seres humanos”, concluiu.

A live chegou ao fim com a leitura em primeira mão de trecho do livro.

Confira a live na íntegra:

 

Dica de entrevista

Helena T.

Instagram: @helena_trevisan_escritora

 

Gisele Souza (gisele@agenciaaids.com.br)