Neste sábado (20) é celebrado o “Dia da Consciência Negra”, uma homenagem a Zumbi dos Palmares, o último líder do Quilombo dos Palmares. A data também existe para chamar atenção para as vulnerabilidades de pessoas pretas e pardas, que sofrem diariamnete com a grande desigualdade social e o racismo estrutural.

Embora todos tenham sido afetados pela pandemia de Covid-19, dados apontam que os negros e pardos correspondem ao maior número de vítimas. O Mapa da Desigualdade apontou, em setembro deste ano, que entre a população negra, 47,6% das mortes ocorreram por causa da Covid-19; já entre a população branca foram 28,1%.

A pesquisa feita pelo grupo avaliou a mortalidade de brancos e negros em bairros com diferentes perfis socioeconômicos na cidade de São Paulo.

Segundo a investigação, negros morreram mais de Covid-19 mesmo nos bairros mais ricos da capital paulista. E o Itaim Bibi, mesmo sendo considerado uma região de menor vulnerabilidade socioeconômica, apresenta uma diferença entre a proporção da população preta e parda que morreu em decorrência da doença.

Mortalidade materna entre mulheres negras

Mulheres negras e pardas são a maior parcela entre as vítimas da morte materna. Dos 1.204 óbitos maternos registrados entre 2020 e 2021, em decorrência da Covid-19, 56,2% foram de mulheres pardas e pretas. Nessa população, o risco de morte foi quase duas vezes maior do que entre as mulheres brancas, segundo dados publicados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em maio deste ano.

A mortalidade materna está associada às limitações de acesso e disponibilidade de recursos assistenciais para pré-natal, parto e puerpério.

“Brasileiras negras ainda têm menos chances de passar por consultas ginecológicas e de pré-natal, são as que mais peregrinam até conseguir vaga numa maternidade para dar à luz e recebem com menos frequência recursos para alívio da dor durante o parto ou mesmo anestesia”, aponta a Fiocruz no levantamento.

A vulnerabilidade da população negra sempre foi alarmante devido às desigualdades socioeconômicas que aflige essa parte da população. Em 2018, antes da pandemia, mais de 65% dos óbitos maternos foram de mulheres negras, contra 30% de brancas, de acordo com o Ministério da Saúde.

“As estatísticas expõem a vulnerabilidade estrutural das mulheres negras no Brasil, onde esse grupo é historicamente mantido em desvantagens. Em 2019, antes da pandemia, mais de 65% dos óbitos maternos foram de mulheres negras, contra 30% de brancas, de acordo com o Ministério da Saúde”, analisa, em nota, a Sociedade Brasileira pela Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp).

Informação é prioridade

De acordo com a integrante do Grupo de Trabalho Diversidade, Equidade e Segurança do Paciente da SOBRASP, a enfermeira e docente da Escola Anna Nery /UFRJ e membro da Câmara de Políticas Raciais/UFRJ, Cecília Izidoro, entre os principais problemas na área da saúde que impactam mulheres e neonatos negros está a questão dos dados sobre raça/cor.

“Ou não são coletados pelos profissionais de saúde nos locais de atendimento ou, quando existentes, não são empregados como base essencial para o planejamento e a tomada de decisões nas políticas e ações de saúde no Brasil”, explica Cecília Izidoro.

Redação da Agência Aids com informações