28/12/2022 - 15h09
RETROSPECTIVA 2022: Infectologistas comemoram aprovação de nova droga contra HIV resistente e dizem que é preciso outras opções de tratamento

 

Quando as infecções pelo HIV surgiram, na década de 80, receber um diagnóstico positivo era praticamente uma sentença de morte. No entanto, com o avanço da medicina e dos tratamentos disponíveis, hoje as pessoas vivendo com HIV que seguem o tratamento corretamente conseguem alcançar o ponto de não transmitirem mais o vírus, vivem bem e com qualidade de vida. No entanto, há ainda pacientes com falha ou resistência aos tratamentos utilizados.

No começo de 2022, a Anvisa aprovou um novo medicamento para o tratamento de HIV multirresistente, o fostemsavir. A droga é destinada para pessoas que já utilizaram diversos outros tratamentos antirretrovirais, mas adquiriram resistência. Desenvolvido pela GSK/ViiV Healthcare, esse remédio tem indicação de uso em combinação com outros medicamentos antirretrovirais para pessoas que vivem com HIV associado a histórico de tratamentos prévios, resistência e dificuldade em compor seus esquemas antirretrovirais com os tratamentos atualmente disponíveis.

Na opinião de infectologistas ouvidos pela Agência Aids, é preciso novas opções de tratamento para pacientes que apresentam resistência. “O fostemsavir é um medicamento muito bom, que mostrou excelente resultado no tratamento de pacientes multi-experimentados, que já apresentaram falha a medicamentos de outras classes. Foi bem tolerado e com ganho importante de células CD4. Inaugura uma nova classe de tratamento, Inibidor de attachment. (Inibidor de entrada). Precisamos de Novas opções de tratamento para pacientes que já apresentaram falha e resistência às outras classes de tratamento”, disse o infectologista e pesquisador dr. Valdez Madruga, do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo.

Dra. Marinella Della Negra, especialista no tratamento de crianças com HIV, também comemorou a aprovação na Anvisa. “Toda vez que tiver um arsenal melhor de medicamentos contra o HIV, especialmente para paciente com resistência a outras drogas, temos que incorporar no SUS. No Brasil, há um grupo grande de pessoas com HIV resistente, são pacientes que vivem há mais tempo com HIV e já passaram por todos os tipos de terapia. O Brasil precisa ter remédios de última geração. Temos um programa excelente e de qualidade.”

A infectologista Zarifa Khoury, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, explicou que toda infecção é o resultado da interação da agressão do agente invasor versus a resposta do hospedeiro. “Com o HIV não é diferente. Por isso, o tratamento nunca deve ser abandonado. Se houver qualquer efeito adverso isto deve ser discutido com o médico.”

Para o Coordenador da Assistência da Coordenadoria de IST/Aids de São Paulo, Dr. Robinson Camargo, “é sempre muito bom termos medicamentos que possam fazer resgate de tratamento para pacientes que apresentam vírus multirresistente aos ARV. Vamos aguardar sua incorporação ao SUS. Só gostaria de ressaltar a importância da adesão ao tratamento com ARV de primeira linha, os quais são muito eficazes quando tomados de forma correta e perene, para que não haja necessidade de resgate.”

 

Os medicamentos

De acordo com informações do Ministério da Saúe, os remédios usados para tratar a infecção pelo HIV são desenvolvidos com base no ciclo de vida do vírus. Esses remédios impedem a entrada do HIV em suas células-alvo ou inibem as três enzimas (transcriptase reversa, integrase e protease) que o vírus utiliza para se replicar. Várias classes de medicamentos antirretrovirais são utilizadas em conjunto para tratar infecção por HIV. Esses medicamentos bloqueiam a penetração em células humanas ou bloqueiam a atividade de uma das enzimas de que o HIV precisa para se replicar dentro de células humanas e/ou integrar seu material genético ao DNA humano.

Os medicamentos são agrupados em classes com base na forma como agem contra o HIV:

Inibidores da transcriptase reversa impedem a transcriptase reversa do HIV de converter RNA de HIV em DNA. Há três tipos desses remédios: nucleosídeo, nucleotídeo e não nucleosídeo.

Os inibidores de protease impedem que a protease ative certas proteínas no interior dos vírus recém-produzidos. O resultado é um HIV imaturo e defeituoso que não infecta novas células.

Inibidores de entrada (fusão) impedem o HIV de entrar nas células. Para entrar na célula humana, o HIV deve se ligar a um receptor CD4 e outro receptor, tal como o receptor CCR5. Um tipo de inibidor de entrada, inibidor de CCR-5, bloqueia o receptor de CCR-5 impedindo que o HIV entre nas células humanas.

Inibidores pós-fixação também impedem o HIV de entrar nas células, mas de forma diferente dos inibidores de fusão. Estes são usados principalmente para infecção por HIV resistente a vários outros medicamentos.

Os inibidores da integrase impedem a integração do DNA do HIV ao DNA humano.

Os inibidores de fixação impedem o HIV de se ligar às células T do hospedeiro e a outras células do sistema imunológico, impossibilitando, assim, sua entrada nas células.

Leia também:

Anvisa aprova fostemsavir, novo medicamento para o tratamento de HIV multirresistente

 

Redação da Agência de Notícias da Aids

 

Dicas de Entrevista

Dr. Valdez Madruga

Tel.: (11) 5087-9907

Dra. Marinella Della Negra

Tel.: (11) 3081-0781

Dra. Zarifa Khoury

E-mail: zkhoury@prefeitura.sp.gov.br

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