O número de crianças diagnosticadas com HIV no Brasil caiu consideravelmente nos últimos 12 anos. Dados do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), do Ministério da Saúde, mostram que, entre 2009 e 2021, os casos diminuíram 87%. Em 2009, 562 crianças brasileiras foram diagnosticadas com HIV. No ano passado, esse número caiu para 74.

Apesar do panorama brasileiro ser favorável, essa ainda não é a realidade em outros países do mundo. Segundo o Unicef, só em 2020, pelo menos 300 mil crianças foram infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) no mundo. Isso significa que a cada dois minutos uma criança é infectada.

“A menos que aumentemos os esforços para resolver as desigualdades que impulsionam a epidemia de HIV, que agora são exacerbadas pela covid-19, veremos cada vez mais crianças infectadas e mais crianças perdendo sua luta contra a aids”, disse Henrietta Fore, diretora executiva do Unicef.

Transmissão de mãe para filho

Quase todas as infecções por HIV em crianças com menos de 12 anos acontecem de mãe para filho: o vírus é transmitido na gravidez, na hora do parto ou durante a amamentação. Segundo o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, 88,8% das crianças foram infectadas dessa forma em 2019.

Hoje existem vários protocolos para evitar que isso aconteça. Tanto é que o número de crianças HIV positivo, nascidas de mães infectadas, diminuiu consideravelmente nas últimas décadas. “No começo da epidemia, a taxa de transmissão vertical era de mais ou menos 25%. Ou seja, um em cada quatro bebês de mães soropositivas se contaminava. Hoje, menos de 1% das crianças se contaminam, quando a mulher segue todas as medidas recomendadas na gestação”, explica a infectologista Denise Peluso, do Ambulatório de Pediatria do Instituto de Infectologia Emilio Ribas (SP).

Os cuidados começam já no pré-natal, quando as mulheres devem fazer, pelo menos uma vez, um teste de HIV. O ideal é que ele seja repetido pelo menos três vezes, uma a cada trimestre. “O fato de uma mulher ter o exame inicial negativo não exclui o risco de que ela possa ter um outro exame positivo mais para frente. Ela pode se infectar na gestação e levar até 3 meses para positivar. Por isso é tão importante fazer sexo seguro, com preservativo, mesmo durante a gestação e a amamentação”, diz Sonia Maria de Faria, chefe do Serviço de Infectologia Pediátrica do Hospital Infantil Joana de Gusmão, referência na Grande Florianópolis (SC) no atendimento de crianças e adolescentes expostos ao HIV.

Mulher grávida (Foto: Foto de Rafael Henrique no Pexels)

Caso o resultado aponte para a presença do vírus no organismo, a mãe deve começar, ainda durante a gestação, a tomar medicamentos antirretrovirais (ARV), para inibir a multiplicação do HIV no organismo e, assim, diminuir as chances de transmiti-lo para o bebê.