Na última quinta-feira (3), foi lançada em Brasília a Rede de Juventudes Afetadas pela Tuberculose (RJAT), um coletivo de jovens impactados pela tuberculose. A iniciativa, inédita no Brasil, surge como uma resposta da sociedade civil ao aumento dos casos de tuberculose e coinfecções com HIV e outras patologias entre os jovens, seguindo uma tendência já observada em países da África e da Ásia.

O evento contou com a presença da secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA/MS), Ethel Maciel, que saudou a criação da rede. Ela afirmou: “A chegada desta rede nos reenergiza. A eliminação da tuberculose é uma meta ousada, mas alcançável, pois não podemos aceitar 80 mil adoecimentos e cerca de 5 mil mortes no Brasil.”

O diretor do Departamento de HIV/aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi), Draurio Barreira, também participou do evento e enfatizou a importância da iniciativa no enfrentamento da tuberculose e outras patologias listadas no Brasil Saudável. Ele anunciou que as oficinas no território devem começar ainda em outubro, com a primeira em Boa Vista (RO).

Ana Lucia Paduello, representante do Conselho Nacional de Saúde, destacou a relevância da participação dos jovens na formulação de políticas públicas e os convidou a se integrar ao Fórum de Patologias do CNS, para levar novas perspectivas e linguagens ao controle social em saúde.

A CEO da Global Coalition of TB Activists (GCTA), Blessi Kumar, presente no evento, compartilhou um histórico sobre a mobilização de jovens em países com alta carga de tuberculose, afirmando que estão tentando trazer a juventude para o debate e buscar soluções. “O ativismo está sendo reinventado, e isso é positivo, pois as realidades mudam e os desafios aumentam”, ressaltou. Socorro Gross, representante da Organização Panamericana da Saúde (Opas), complementou que “o Brasil tem sido pioneiro nas ações de eliminação da tuberculose, e precisamos trabalhar com populações vulneráveis, como os jovens, ouvindo-os para criar estratégias eficazes.”

Igor Rosa da Silva, coordenador da RJAT, enfatizou a pluralidade da rede, destacando que “existem várias juventudes afetadas pela tuberculose que devem ser consideradas nas ações de enfrentamento.” Ele alertou que “faltam informações acessíveis às juventudes sobre tratamento e interrupções.” Igor também mencionou a importância de promover a participação ativa na formulação de políticas que impactem jovens com tuberculose, abrangendo temas como emprego, acesso à educação, diversidade de gênero e violência.

Estudo publicado no Caderno de Saúde Pública revelou que 7% dos jovens com tuberculose (TB) em São Paulo abandonaram o tratamento entre 2009 e 2019, com maior prevalência entre adolescentes de 11 a 18 anos, negros/pardos e em situação de privação de liberdade. Fatores como HIV/aids, histórico de tratamento anterior, uso de drogas e tratamento autoadministrado aumentaram as chances de abandono. Em contrapartida, residir fora de áreas metropolitanas mostrou-se um fator de proteção.

Na Carta de Fundação distribuída durante o evento, foram apresentados a missão, objetivos e princípios da nova rede, além da estrutura de coordenação para o período de 2024 a 2027:

– Coordenador Geral: Igor Rosa (BA)
– Coordenadora de Engajamento Comunitário: Letícia Pinheiro (BA)
– Coordenadora de Organização: Hellen Christiny (RS)
– Regional Centro-Oeste: Lucas Pucarato (DF)
– Nordeste: Fabyane Carvalho (BA)
– Norte: Jacques Prince (PA)
– Sul: Natty Rocha (RS)
– Sudeste: Lucas Barcellos (RJ)

Liandro Lindner, especial para Agência Aids

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