Existem avanços na prevenção, mas ainda há quem não leve a sério a prevenção da doença e isso afeta toda a sociedade

Às vezes por medo, outras por falta de conhecimento e ainda por achar que não está em risco, muitas pessoas não fazem teste para diagnóstico de HIV/aids, mesmo tendo sido expostas ao risco de contágio. Por conta disso, não são raros os casos em que alguém passou anos com o vírus e só descobriu quando teve algum sintoma relacionado à aids ou a alguma doença que aproveita a fragilidade do sistema imunológico. Para que o diagnóstico seja precoce e o tratamento comece o quanto antes, este mês tem a campanha Dezembro Vermelho, para conscientização acerca do HIV/aids.

Em Jundiaí, de janeiro a novembro deste ano, houve 136 casos de HIV diagnosticados. No ano passado, foram 171, um a menos que em 2021, quando foram registrados 172 casos. Já em 2020, foram 156 diagnósticos, de acordo com a  Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS). A rede pública de saúde tem assistência para prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), entre elas, a aids. Há também exame gratuito no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), para diagnóstico da doença.

Infectologista do CTA, Flávia Gennari diz que há mais procura pela testagem hoje do que antes da pandemia. “Diagnóstico precoce é uma busca para nós. Qualquer pessoa que tem ou teve relação sexual, é importante que faça o teste. Tem o da gotinha de sangue e o de sorologia”, explica.

Ainda assim, Flávia conta que não são raros os casos em que a pessoa descobre a doença anos após a infecção. “A gente tem feito o diagnóstico de pessoas acima de 60 anos, mas também muita gente na faixa dos 30, que já tem a doença há uns 10 anos e não tinha feito o teste. No município, a maioria dos casos novos é em pessoas de 15 a 29 anos e mais em homens do que em mulheres”, revela.

Para a prevenção do contágio, a médica explica que a camisinha não é a única solução. “Além da camisinha, tem a Profilaxia Pós-Exposição, a PEP, e a Profilaxia Pré-Exposição, PrEP. A PEP é para qualquer pessoa que teve relação sem proteção e pode ser buscada em até 72h. Em Jundiaí, pode procurar o CTA em horário de funcionamento ou o Hospital São Vicente. A PrEP é para prevenir o HIV. É indicada para quem tem vários relacionamentos, quem se relaciona com alguém que tem HIV, profissionais do sexo. As pessoas fazem exames e começam a fazer uso contínuo.”

Compreensão

Coordenadora social da Associação Brasileira de Apoio aos Portadores de Aids (Abrapa) de Jundiaí, Adriana Pedrassolli Povoa reitera que a vida continua, e muito, após o diagnóstico. “A maioria das pessoas pensa que o mundo acabou quando recebe o diagnóstico. Por isso é fundamental o acompanhamento, para verem que podem ter uma vida normal, desde que se cuidem, mantenham a imunidade alta, usem a medicação e façam o acompanhamento médico e psicológico.”

Adriana diz que o preconceito e a falta de seriedade ainda são muito grandes, mas que, em décadas de trabalho na Abrapa, vê casos de sucesso. “A maioria que se cuida, vê o resultado, leva um vida normal. Já presenciei casos em que o diagnóstico foi surpresa, que a pessoa não estava bem, fez o exame e descobriu que era soropositiva. No início, tem uma certa revolta, ainda mais em quem não fez nada de errado, mas através do grupo, consegue se conformar”, conta ela, sobre casos em que a pessoa pega do parceiro, por exemplo.

Fonte: Jornal de Jundiaí