No início da pandemia do novo coronavírus, a Agência Aids publicou vídeos de ativistas contando como estavam vivendo, enfrentando o isolamento social e o que estavam fazendo para colaborar na luta contra a Covid-19. Silvia almeida foi uma dessas pessoas.

Além de lidar com a notícia de que era uma pessoa vivendo com HIV, Silvia Almeida cuidou do marido, já então muito doente, até sua morte, em julho de 1996. “O estado terminal dele durou dois anos, foi muito sofrimento”, lembra ela. “A gente se gostava muito e vê-lo partir daquele jeito não foi fácil.”

Silvia passou a trabalhar para o Grupo de Incentivo à Vida (GIV). Depois de 25 anos como telefonista, Silvia foi trabalhar na área de responsabilidade social da empresa. “Implementei no Brasil a política de Aids que a empresa tinha na África do Sul”, conta. Depois de 30 anos na empresa, Silvia se aposentou e abriu uma consultoria para orientar empresas e empregados a falarem do tema no local de trabalho. Ela atuou também como consultora do Unaids em ações no estado de São Paulo.

 

No depoimento abaixo, Silvia conta como está sua rotina e como se sente um ano após um ano de pandemia:

Um ano se passou vivendo em ritmo de Covid-19. Um ano de quarentena, pandemia, isolamento, mortes e mais mortes, perdas, notícias tristes respira, não pira! Primeiros meses foram para entender o que estava acontecendo. O que era o Covid-19? Eu iniciei a quarentena buscando a paz interior, a meditação e fazendo pilates em casa. Logo minha indisciplina me pegou e parei o pilates…rs. Fui para jardinagem, vídeos e mais vídeos de como cuidar das plantinhas, do jardim e fiz uma da horta. Comi alface, almeirão, tomates – cereja e couve, tudo plantado e cuidado junto com o marido e vizinhas (com quem passamos a pandemia lado a lado). Fiz a quarentena com toda segurança.  Vendo os noticiários, desencontros políticos, abusos de poderes, falta de atendimentos, enfim o caos e o aumento dos túmulos. Nestes meses, fui procurada  via Wahtsapp, por pessoas que eu não conhecia (e não conheço pessoalmente) que descobriram o HIV no meio desta confusão toda. Passei a acolher e auxiliar estas pessoas com mensagens, longos e delicados papos mensagens via “zapps” e conversas por vídeo.

A vida não pára, o HIV impera, pessoas se infectavam e o atendimento que é  urgente, estava parado em alguns lugares. Assim fui dando minha contribuição, ajudando a acessarem cestas básicas e colaborando em fazer ponte para que elas acessassem o atendimento necessário.

Junto a isso tudo, acompanhando LIVES e mais LIVES, participando de algumas e interagindo com o MNCP em um projeto virtual apoiado pela ECOS E AHF.

Acompanhei todo o desgoverno, disputas políticas indecentes, descaso coma população, auxílios emergências mínimos e que não chegava para quem precisava. Bom, isso foi tão vergonhoso que me fez parar dever noticiários. Por fim, acompanhei a “loucura da vacina: é eficiente, não é eficiente, compra, não compra, quanto custará, salva vidas não salva vidas…enfim”, precisei de muita meditação para dar conta de manter a saúde mental.

Pessoalmente, comecei a caminhar, hoje caminho entre cinco e seis km por a cada dois dias. Não engordei, até emagreci, rsrs

Fiz curso de autoconhecimento, continuei a meditação, e Dança Circular Sagrada, tudo virtual e foi sagrada, aliás a internet foi a melhor companheira desta pandemia e salvou da loucura que foi 2020.

Mantive alguns encontros com amigas, sem abraços e com todo cuidadosos, para tomar café e bater papo, senão não temia saúde mental que aguentasse.

Em setembro, ganhei mais um netinho, terceiro. Lindo saldável e abençoado. Abençoado principalmente por ter pais que trabalham em um hospital, linha de frente e não se infectaram pela covid-19. Devo e sou grata a vida por estes meses de aprendizado. Sinto pela perda de pessoas queridas e oro por elas diariamente. E sim, rezo pelos nossos governantes, todos! Como nosso Brasil seria melhor se eles fossem melhores!… Quanto sofrimento seria evitado, mas…como sou espírita e creio em reencarnações, sei que esta conta chegará para eles, um dia…

Sigo meditando! Respira, não pira! Isso vai passar e se dermos “sorte”, com vacinas para todos…

Confira o primeiro depoimento de Silvia Almeida, em 2020:

Dica de entrevista

Silvia Almeida 

E-mail: silvinha.almeida11@gmail.com