Os planos de saúde estão começando a usar um modelo de atendimento que já existe na rede pública do Brasil e de outros países. É um modelo que estimula a prevenção de doenças, e ajuda a diminuir os custos com exames, internações e tratamentos mais complexos.

 

Uma médica visita uma aposentada em casa, conversa e faz um trabalho preventivo. Ela acompanha a saúde e a vida da paciente. “Ela é mais um dos meus filhos, porque eu tenho ela como uma pessoa da minha família”, conta a aposentada Dalva Ventura Cardoso.

 

Em Florianópolis, 75% dos profissionais da rede pública são especialistas em medicina de família. O Brasil tem pouco mais de 5 mil médicos com residência nessa especialidade, menos de 2%.

 

O diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família, Gustavo Gusso, diz que no Canadá e em boa parte da Europa esse número chega a 40% dos profissionais: “O médico quando tem uma relação próxima com as pessoas ele evita tanto o exame desnecessário quanto uma internação e um pronto-socorro.”

 

Os bons resultados levaram operadoras de seguros privados a oferecer o serviço. Ramon procurou o médico Daniel para cuidar do diabetes. Agora as consultas pelo plano garantem um atendimento integral. “Todos os problemas que eu tenho, que eu sinto, eu trago para ele”, diz o paciente.

 

Uma das maiores seguradoras do país anunciou que vai criar clínicas de atenção básica em todo o Brasil. Com a prevenção, é possível evitar desperdício de recursos e custos adicionais.

 

“Ganha o paciente, por ter uma coordenação mais adequada da sua saúde; ganha o médico, porque, de uma certa forma, além de fidelizar o seu paciente, ele passa ter o cuidado com os pacientes que ele tem mais conhecimento e direcionar melhor esse paciente; e para as seguradoras, no sentido de que você ofertando uma maior integralidade do cuidado, você consegue focar em atividades relacionadas à prevenção e promoção de saúde, que, ao longo prazo, no cuidado do paciente, pode evitar doenças, identificar patologias mais precocemente”, destaca Thaís Jorge, diretora da Bradesco Saúde.

 

Mas no setor público, alguns programas vêm perdendo recursos. No Rio de Janeiro, a prefeitura anunciou o corte de 184 equipes de saúde da família e prometeu reorganizar a atenção básica para não prejudicar os pacientes. Mas muitas clínicas, como uma na Zona Norte da cidade, sofrem com a falta de médicos, problemas de manutenção e demora no atendimento.

 

“É essencial que esse trabalho continue. Por que? Porque você está caído na sua cama, doente. Você não pode se locomover até a clínica. A clínica vai até você”, diz Eliane Neves, confeiteira desempregada.

 

A Secretaria de Saúde do Rio declarou que está fazendo ajustes na atenção básica do município, para otimizar recursos e ganhar eficiência e qualidade. Segundo a Secretaria, não haverá fechamento de clínicas da família nem diminuição da cobertura.

 

Fonte: Jornal Nacional