No segundo dia do webinário “Enfrentando as Fake News e a Disseminação do Discurso de Ódio Contra a Comunidade LGBTI+, e Defesa do Estado de Direito”, foi dado seguimento às discussões sobre como aprimorar a comunicação para defender os direitos das pessoas LGBTI+.

Leandro Ramos, diretor geral para América Latina da All Out, organização global que atua em defesa do amor e da igualdade. Ele trouxe três aspectos para refletir diante do aprendizado que pôde colher com as experiências da organização ao redor do mundo

“O discurso de ódio se baseia em coisas muito simples. Não tem sofisticação na mensagem. Temos que fazer igual? Em partes. Para nós, dói a sensação de passar a informação pela metade. Mas precisamos aprender com esse exercício doloroso de olhar para as mensagens que estamos construindo e traduzir para as pessoas. Se você parar para pensar, há uma quantidade relevante de pessoas que sequer entendem nossa sigla”, disse.

“Acho que a gente precisa traduzir nossa mensagem. E precisamos lembrar que menos é mais. A gente tende a tacar informação, colocar histórico, número de processo. A gente sabe o tempo que as pessoas passam no Instagram. É muito rápido, então a gente precisa escrever mensagens que emplacam melhor”, defende.

A segunda lição trazida por Leandro, é a de que é importante dar elementos para que as pessoas possam tomar alguma atitude. “Se a gente não sabe dizer como a pessoa pode ajudar, dificilmente a gente vai ter uma mensagem efetiva. Precisamos dar um caminho para a pessoa seguir. Essa é a lógica da fake news, eles pedem para que ela seja compartilhada, para as pessoas passarem para frente. Se há alguma coisa que a gente queira que a pessoa faça, precisamos tornar isso explícito. Seja um abaixo assinado, seja denunciar, seja curtir, compartilhar.” 

Nesse sentido, Leandro ressalta a importância dos abaixo assinados que geram cadastros de pessoas interessadas no tema e, assim, sempre que houver alguma demanda relacionada, se torna possível comunicar a essa mesma pessoa, através de email que uma determinada ação está acontecendo, gerando assim, mais engajamento. 

Por último Leandro ressaltou a cautela. “Temos que ter o cuidado de a gente não fazer aquilo que a gente quer combater. Precisamos nos educar para que a gente não contribua com esse ciclo, tomando cuidado para não replicar notícias falsas.”

Atuação em rede

Para o ativista e pesquisador Julian Rodrigues aumentar a capacidade de mobilização é organizar a mensagem. “É chamar a atenção das pessoas para essa reação. Não podemos achar que vamos dar conta das coisas sozinhos. Precisamos de uma ação em rede conjunta, juntando inclusive os vários partidos de esquerda e buscando dialogar com a academia também. Se a gente não criar as nossas plataformas, nosso gabinete, não passaremos por esse momento com bons resultados. Uma coisa é derrotar esse governo, outra coisa é derrotar a hegemonia que eles criaram e que abarca de 20 a 30% da população”, disse ao enfatizar o momento desafiador no que diz respeito ao avanço do conservadorismo no país.

Da Universidade Federal de Pernambuco, Anderson Barreto falou sobre combate ao fascismo e a importância de simplificar a comunicação em meio a essa luta.

“A gente tem que combater sempre. Se eles estão tão organizados e tão empenhados nesse movimento de desconstrução de tudo o que a gente construiu, precisamos ter persistência para mostrar o óbvio, precisamos assumir a posição de dar a informação. Não é muito difícil, não é preciso explicar muito. É falar de maneira simples, de maneira acessível, e utilizar as ferramentas comunicacionais que temos hoje.”

Ele questionou o fato de pessoas que espalham notícias falsas pagarem altas quantias para plataformas como Instagram e Facebook, garantido que cada publicação atinja um alto número de pessoas. “Até que ponto também devemos cobrar dessas empresas que não aceitem o pagamento para veiculação dessas notícias. Quanto mais essa notícias aparecem, mais as pessoas acreditam ser verdade. As plataformas estão aí recebendo dinheiro, então precisamos cobrar delas.”

 

Clique aqui para acompanhar as principais discussões do primeiro dia do webinário. O evento, realizado pela Universidade do Paraná em parceira com a Aliança Nacional LGBTI+ e a Rede Gay Latino.

 

Dica de entrevista

 

Aliança Nacional LGBTI+

Telefone: (41) 3222 3999