Em 2017, o financiamento global de pesquisas sobre prevenção do HIV teve queda pelo quinto ano consecutivo, com um corte de 40 milhões de dólares em relação ao ano anterior. Com o encolhimento da verba, o montante de investimentos caiu 3,5%, chegando a 1,13 bilhão de dólares. Os números são do mais novo levantamento do Grupo de Trabalho de Pesquisa sobre Recursos para Prevenção do HIV, que tem a participação da ONU.

“Com 5 mil pessoas sendo infectadas pelo HIV todos os dias, é fundamental ampliar programas de prevenção eficazes e investir em novas tecnologias e soluções para que elas possam se tornar uma realidade para as populações mais afetadas pelo vírus”, ressaltou Tim Martineau, diretor-executivo adjunto do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids).

Segundo o relatório Pesquisas sobre Prevenção do HIV e Progresso dos Investimentos, é necessário expandir o acesso às opções de prevenção existentes, como a profilaxia pré-exposição (PrEP) e a circuncisão masculina médica voluntária. O documento recomenda ainda o desenvolvimento de produtos inovadores, incluindo uma vacina e opções baseadas em antirretrovirais de longa duração.

Somente assim, será possível alcançar a meta da ONU de menos de 500 mil novas infecções por ano até 2020. Em 2017, o número de novos casos estava em 1,8 milhão.

“Não se engane, estamos em uma crise de prevenção e não podemos permitir uma nova crise de financiamento”, ressaltou Mitchell Warren, diretor-executivo da Advocacy Global para Prevenção do HIV (AVAC). A organização lidera a elaboração do relatório, que recebe contribuições do Unaids.

“É inaceitável que o financiamento de doadores para pesquisa sobre prevenção do HIV continue caindo ano após ano, mesmo que as pesquisas estejam criando novas opções para mais perto da realidade”, acrescentou o especialista.

Embora os recursos injetados cheguem à casa dos bilhões, qualquer redução significa um risco de atrasar a criação e o uso de novas formas de prevenção. Para manter toda a gama de pesquisas sobre prevenção do HIV avançando em tempo hábil, a AVAC ressalta a importância de um financiamento duradouro.

Os Estados Unidos continuam sendo o principal financiador desses esforços científicos. O país norte-americano respondeu por quase três quartos do orçamento total de 2017. No entanto, as contribuições estadunidenses também vêm apresentando queda — nos últimos cinco anos, o financiamento global perdeu 830 milhões de dólares do governo de Washington.

O relatório destaca ainda que a incerteza em relação à vontade política para financiar a resposta à aids é uma preocupação séria. Acesse o documento na íntegra clicando aqui.