A alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu na quarta-feira (16) que os países aumentem suas contribuições em 2019 para financiar o que descreveu como “o programa de trabalho mais ambicioso já feito por meu escritório”.

Apresentando um pedido de 321,5 milhões de dólares, a chefe de direitos humanos da ONU destacou que paz, segurança e desenvolvimento sustentáveis só serão alcançados em uma “era de grande turbulência” se Estados investirem em direitos humanos. Bachelet descreveu seu escritório como “uma ferramenta vital para maior prevenção e melhor proteção no mundo todo”.

“Os direitos humanos são suas ferramentas”, disse Bachelet a um encontro de representantes em Genebra. “O melhor e mais eficaz investimento em um futuro são e salvo para seus povos”.

“O trabalho de direitos humanos é um trabalho de prevenção”, destacou. “Previne injustiças, conflitos, desigualdades e sofrimento e discriminação de todos os tipos. Ao auxiliar todos os Estados a manter direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, assim como direito ao desenvolvimento, levamos soluções para muitos desafios que vocês enfrentam – de mudança climática à doenças infecciosas; inteligência artificial e o futuro das indústrias; urbanismo e os direitos de camponeses e povos de áreas rurais”.

O programa de trabalho para 2019 do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) irá focar em áreas essenciais e em todas as regiões, disse Bachelet. O objetivo é fortalecer o Estado de Direito e a responsabilização; proteger e expandir o espaço cívico; conter discriminações de todos os tipos; integrar os direitos humanos com mais força às políticas e programas de desenvolvimento; e apoiar a proteção de direitos em situações de conflito e insegurança.

“Além disso”, afirmou Bachelet, “iremos atualizar nosso trabalho em questões emergentes importantes como: desigualdade; mudança climática; direitos humanos no cenário digital; corrupção; e migração. Também quero enfatizar o crescente foco e coordenação de nosso trabalho sobre mulheres, jovens e pessoas com deficiências, como parte de nosso esforços para auxiliar Estados a implementar a Agenda 2030 e cumprir seus compromissos de não deixar ninguém para trás”.

O ACNUDH atualmente tem 1,3 mil funcionários em 72 locais do mundo, incluindo em sua sede em Genebra. Em 2018, ano em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 70 anos, sua receita foi de 185,6 milhões de dólares – um aumento de 28% em relação ao ano anterior, mas ainda longe da quantia solicitada de 278 milhões de dólares.

Bachelet agradeceu aos 83 doadores, incluindo 61 Estados, que fizeram contribuições financeiras ao longo de 2018, mas destacou que, embora tenha sido recorde, a quantia ficou aquém do necessário para responder a todos os pedidos – e dois terços do valor já estavam previstos para projetos e atividades específicos, o que deixou o escritório com pouca flexibilidade para se adaptar a situações ou necessidades inesperadas.

“Embora sejamos profundamente gratos pelos recursos aumentados”, disse, “peço que forneçam fundos sem referência, para que recursos possam ser alocados a áreas onde serão mais necessários”.

Fonte: ONU