Atriz Rosi Campos e diretor Tadeu Dy Pietro estão à frente do projeto voltado a trabalhadoras do sexo, travestis, pessoas trans, comunidade LGBTQIAP+ e pessoas que vivem com HIV/aids

Para marcar o início do mês do Orgulho LGBTQIAP+, começa no dia 3 de junho uma oficina artística com 35 trabalhadoras do sexo, travestis, homens e mulheres trans, comunidade LGBTQIAP+ e pessoas que vivem com HIV/aids que resultará na montagem do espetáculo “Os Saltimbancos”, cuja versão em português é assinada por Chico Buarque.

A montagem terá direção de Tadeu Dy Pietro e pesquisa e concepção da atriz Rosi Campos, que em 2023 completa 50 anos de carreira. Em dezembro, haverá um ensaio aberto do espetáculo, que deve entrar em cartaz a partir de janeiro de 2024, dependendo da captação de recursos.

As aulas serão de junho a novembro, sempre aos sábados, na sala multiúso da Clínica Comunitária de Saúde Sexual da AHF Brasil, no centro de São Paulo, que cedeu o espaço gratuitamente. A formação terá disciplinas como atuação, figurino, contrarregra, maquiagem, iluminação e cenário.

Doze profissionais das artes e da comunicação vão ministrar as oficinas, incluindo o escritor, cantor e compositor Gaê (que vive com HIV), a assistente de direção Esther Antunes (mulher trans, ex-Satyros), o diretor musical Sérvulo Augusto, o maquiador Beto França e a estilista Adriana Bertini.

Capacitação profissional, saúde e cidadania

A iniciativa é do Instituto Cultural Barong, responsável pelo projeto Somos Todes Itinerantes, aprovado em 1º lugar em edital público da Coordenadoria de IST/Aids da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

Marta Mc Britton, ativista e presidente do Instituto Cultural Barong, explicou como surgiu a ideia de unir arte e educação em saúde sexual: “Anteriormente fizemos uma oficina de comunicação interpessoal, voltada para as meninas trans, sobre como desfilar, como colocar o corpo em cena… daí percebemos que muitas meninas tinham grande potencial, mas erravam, por exemplo, no posicionamento da mão na passarela. Elas desfilavam com muita elegância, mas colocavam a mão no lado errado e isso acabava escondendo o vestido que elas levavam semanas para costurar e customizar”, contou.

“Porque quando se entra em cena, se você está do lado direito e o palco ao seu lado esquerdo, determinados movimentos da mão podem cobrir o seu corpo, seu figurino. Mas se elas não sabem, é porque ninguém contou, isso é manha de quem já faz teatro, determinadas técnicas só quem é da área sabe”.

Percebendo essa necessidade, a ativista entendeu que era válido passar os conhecimentos para frente. “Tivemos a ideia de oferecer esse curso para ensinar essas técnicas e para além disso, falar de questões ligadas ao corpo, a saúde física… Unimos então as questões ligadas ao bastidor, como interpretação teatral de texto, às questões de saúde sexual e reprodutiva”, compartilhou.

O projeto tem como público alvo as populações mais vulneráveis ao HIV/aids (trabalhadoras do sexo e comunidade LGBTQIAP+) e atua em dois eixos: um de informação e orientação sobre saúde sexual e reprodutiva, prevenção de doenças, direitos humanos e cidadania; e outro de capacitação profissional em funções no teatro.

A AHF Brasil – maior ONG de HIV/aids do mundo e parceira do Barong – mantém na região da Praça da República, no Centro de São Paulo, a Clínica Comunitária de Saúde Sexual, que oferece consulta e teste para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis; além de tratamento para IST (feito no local) e encaminhamento para tratamento de HIV (feito no SUS). O atendimento é gratuito, de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 11h30 às 18h30.

SERVIÇO:

Aula inaugural das oficinas artísticas do projeto ‘Somos Todes Itinerantes’
Sábado, 3 de junho de 2023, às 15h
Clínica Comunitária de Saúde Sexual/AHF Brasil (R. Pedro Américo, 52 – República). Atendimento gratuito. De seg. a sex., das 11h30 às 18h30