Foram 24.036 casos confirmados no país no último ano, sendo 10.896 na região
A região Sudeste concentrou a maior parte dos casos de hepatites A, B e C em 2022, segundo o novo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado nesta quarta-feira. Foram 24.036 casos confirmados no país no último ano, sendo 10.896, ou 45%, na região. Conforme o documento, a incidência de hepatites no Brasil caiu em comparação a 2019, ano com mais de 38 mil casos registrados.
Entre 2021 e 2022, a redução dos casos é tímida, com uma diferença de 501 registros. Ante 2020, que teve 21.651 notificações de hepatite, o número do ano passado, ainda preliminar, é maior. Para o ministério, isso não representa um avanço da doença. “Os resultados estão atrelados ao contexto imposto pela pandemia de Covid-19, que limitou o acesso dos usuários aos serviços de saúde, restringiu as ações extramuros por parte dos profissionais de saúde e reduziu as ações coletivas em virtude do distanciamento social”, justificou em nota.
O tipo D da doença, o menos comum no país, aparece sobretudo na região Norte, no Amazonas. Em 2022, a pasta notificou 108 casos da variante, sendo 52% no Norte. Homens negros são o perfil predominante da hepatite em todas as variações.
O ministério ainda estima que quase 700 mil brasileiros convivam com hepatite B e 520 mil com hepatite C sem diagnóstico e tratamento. A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, relaciona os números a um enfraquecimento na campanha de prevenção por parte do governo nos últimos anos.
— Nos últimos anos houve diminuição na prevenção, com redução de entrega de seringas, que são fundamentais nesse processo, mas nós retomamos essa ação e agora estamos trabalhando fortemente na prevenção das pessoas.
Em relação aos óbitos, foram 1.370 registros em 2021, último ano com dados fechados. A variante com maior mortalidade é a C, que sozinha somou 1.022 mortes no período.
A pasta também anunciou uma nova recomendação aos estados e municípios para intensificação de testagens rápidas e oferta de vacinas contra as hepatites A e B. A decisão integra o plano de eliminação de variações da doença como problemas de saúde pública até 2030. Na prática, a ideia é diagnosticar e tratar 90% das pessoas com as infecções até o prazo.
Outra meta é alcançar 95% da cobertura nacional de vacinação contra os tipos A e B da hepatite, hoje em 72,7% e 77,7%, respectivamente. As doses são recomendadas para crianças menores de 1 ano. Para adultos, o esquema completo se dá com três doses. Não existe imunizante contra os tipos B e C de hepatite.
Em junho, reportagem do GLOBO detalhou o novo planejamento do Ministério da Saúde para enfrentar 11 a transmissão de Aids, tuberculose, sífilis e hepatite, com foco na população carcerária e em pessoas em situação de rua.
— São doenças que tendem a se espalhar com maior facilidade em ambientes de aglomeração e com higienização precária. Hoje, temos equipes de saúde dentro dos presídios, mas eles têm capacidade de lidar apenas com o básico devido à falta de estrutura — observou a médica sanitarista e professora da UFRJ, Lígia Bahia.
Fonte: O Globo