Líder de movimentos sociais na zona leste de São Paulo, o padre Antonio Luiz Marchioni, conhecido como padre Ticão, morreu na noite desta sexta-feira (1), aos 68 anos, sendo 48 deles atuando como sacerdote.

Ele era pároco da Paróquia de São Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo.

Segundo informações da Diocese de São Miguel Paulista, padre Ticão foi internado quarta-feira (30) no Hospital Santa Marcelina com água no pulmão. Na sexta sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.

Paulista de Urupês (a 421 km da capital), o padre chegou a São Paulo nos anos 1970, após apoiar greves de bóias-frias e de professores na região de Araraquara (SP).

“No interior, me chamavam de comunista”, disse ele certa vez em entrevista à Folha.

Ele tem na biografia ações como a invasão, ao lado de fiéis, do prédio da Secretaria de Estado da Habitação, na década de 1980, para pressionar o então governador Franco Montoro (1983-87) a construir conjuntos habitacionais.

Também foi um dos líderes do movimento pela criação do Parque Dom Paulo Evaristo Arns e do Hospital de Ermelino Matarazzo, ambos na zona leste, além de liderar manifestações pela criação de postos de saúde na região.

Ticão participou da mobilização para a instalação da USP Leste e da Universidade Federal de São Paulo na zona leste. Na região, entre suas obras estão o Centro de Convivência para Melhor Idade e o Centro de Recuperação de Crianças Deficientes.

Recentemente, provocava polêmica após criar na paróquia um curso sobre o uso medicinal da maconha em parceria com a Universidade Federal de São Paulo. Afirmava que ela só não é liberada no Brasil devido ao interesse de grandes grupos pelo monopólio.

Em 2019, provocou a fúria de segmentos conservadores ao convidar para uma palestra membros do grupo Católicas pelo Direito de Decidir —apontado como pró-aborto.

O prefeito Bruno Covas (PSDB) lamentou a morte de Ticão dizendo que 2021 começa com uma notícia triste.

“Grande defensor da população mais carente da zona leste de São Paulo. Um guerreiro na luta pela diminuição das desigualdades sociais”, disse Covas.

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) também lamentou a morte do religioso, chamado por ela de liderança fundamental da zona leste.

“Sempre em defesa dos direitos humanos, dos oprimidos e das liberdades democráticas, deixará saudades e um legado de generosidade e luta por justiça social”, afirmou.

As informações sobre velório e sepultamento não foram divulgadas.

Fonte: Folha de S. Paulo