Morreu na tarde de quinta-feira (02), no Rio de Janeiro, a ativista e professora Maria Aparecida Lemos, Cida Lemos. Dona de um sorriso contagiante, ela era membro do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas e da Rede Nacional de Pessoas com HIV/Aids. Quem teve a oportunidade de conviver com Cida Lemos sabe bem que era grande entusiasta da vida e uma pessoa determinada, ficou conhecida por suas bandeiras a favor da educação, inclusão, sexualidade e direitos humanos.
Sua luta contra o HIV começou no ano 2000, quando recebeu o diagnóstico positivo. Sua primeira afirmação foi “Isso não tem nada a ver comigo”. Um ano após a descoberta do HIV, Cida teve um alerta. Ela sofreu um ataque de citomegalovírus e perdeu a visão. Triste e deprimida, buscou apoio em grupos de pessoas vivendo com HIV e aids, onde percebeu que poderia ser exemplo de vida e ajudar outras mulheres. “Juntei toda a minha experiência de professora nos grupos onde atuei e atuo para mostrar que é possível ser feliz e superar todas as adversidades da vida”.
No 1º de dezembro de 2005, Dia Mundial de Luta Contra Aids, ela representou as pessoas vivendo com HIV/aids do Brasil em uma solenidade na Organização das Nações Unidas em Nova York.
Parceiros em ONGs lamentam e prestam homenagem
Em notas e mensagens postadas nas redes sociais, entidades e pessoas do movimento de HIV/aids lamentaram a morte da ativista. O Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP) lamentou profundamente a morte da militante. “Cida foi uma mulher empoderada e corajosa. Participou dos grupos de apoio, coordenou o grupo Cidadãs Posithivas/RJ, teve participação no documentário “Posithivas”, foi palestrante, levou a mensagem da inclusão, sexualidade, HIV e deficiências por onde passou. Trilhou por caminhos desconhecidos com bravura. Apesar dos momentos difíceis que enfrentou, Cida tinha um humor tão bom que contagiava a todos. Viveu uma vida plena e repleta de momentos importantes, muitos destes marcaram o movimento aids”, diz o documento.
O Grupo Pela Vidda Rio de Janeiro também lamentou sua morte. “Hoje o céu ganha uma grande estrela. Nossa querida Cida Lemos, ativista do movimento Cidadãs Posithivas, deixa para nós a saudade daquele sorriso largo que levava para todos os lugares por onde passava e também a certeza de que sua história jamais será esquecida. Quando teve o diagnóstico, em 2000, Cida veio buscar forças no ativismo. Acabou sendo ela a voz de renovação, de força, da pura demonstração de que a vida é para ser vivida intensamente e com alegria. Seu pensamento positivo reenergizou muitas e muitas vidas. E é essa mensagem de amor à vida que Cida Lemos deixa entre nós. Em uma campanha educativa, Cida deixou uma lindo recado: “Na hora que você está mal, vivencie seu luto. Mas depois, levante a cabeça e vá em frente”. Nós iremos Cida. Por você, a gente vai em frente.
Fica a nossa homenagem lembrando a participação desta maravilhosa figura humana na celebração dos 30 anos do Grupo Pela Vidda-RJ.”
“O Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo (Foaesp) vem se juntar às companheiras do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, aos amigos, amigas e familiares de Maria Aparecida Lemos, a Cida, na dor de sua perda nesta manhã, no Rio de Janeiro. Que seu espírito encontre um abrigo de descanso e tranquilidade. Cida Lemos, presente!”, publicou o Foaesp.
A Articulação Nacional de Aids escreveu no Facebook que Cida uma guerreira posithiva. “Juntamo-nos a companheirxs, amigxs e parentes na dor da perda com a certeza de que um lugar de paz e tranquilidade está reservado a seu espírito. Cida Lemos, presente!”
A Coordenação Estadual de IST/Aids de São Paulo, manifestou toda solidariedade aos familiares e amigos de Cida Lemos. “Com seu bom humor, astúcia e grande inteligência, atuou na defesa dos Diretos Humanos das pessoas vivendo com HIV/aids, principalmente nas questões relacionadas ao universo da mulher vivendo com HIV/aids. Nossa grande companheira, participou de vários momentos estratégicos, como uma das mais atuantes representantes do Movimento Social de Luta Contra a Aids na defesa intransigente da Política do SUS para as IST/aids, sempre pautando a defesa da dignidade humana. Que o sorriso largo de Cida Lemos, sempre nos ilumine.”
Cida Lemos, presente”