Natal (RN) recebe nesta terça-feira (3) e quarta-feira (4) o Seminário Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção da região Nordeste. Outras duas etapas serão realizadas em Brasília (Seminário Centro-Oeste, nos dias 12 e 13 de abril) e São Paulo (Seminário Sudeste, nos dias 26 e 27 de abril). O objetivo dos encontros é articular gestores estaduais e municipais (de cidades prioritárias) e apoiadores para implementação de ações de prevenção e controle da sífilis.

Durante os seminários, estão previstas a apresentação dos objetivos do projeto, a definição das diretrizes e prioridades para construção da programação local da resposta rápida à sífilis, o agendamento da primeira reunião de trabalho para elaboração da programação local e a apresentação dos instrumentos de gestão municipais a serem vinculados às ações de resposta rápida à sífilis.

Participam do seminário em Natal 120 gestores locais dos nove estados do Nordeste e 14 apoiadores da região, além de agentes do Ministério da Saúde, do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e Hepatites Virais (DIAHV) e da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS).

Para a diretora do DIAHV, Adele Benzaken, os seminários representam o retorno do debate sobre a sífilis à pauta da sociedade. “Temos uma dívida histórica para com a sífilis. Nós a relegamos ao achar que a doença estava sob controle. É um compromisso dos gestores, dos profissionais de saúde e da população resgatar o debate a respeito da sífilis. O tratamento e o diagnóstico são fáceis e simples. Não podemos mais deixar essa doença em segundo plano”, afirmou, durante a abertura do Seminário em Natal. “É uma satisfação pessoal verificar que a sífilis voltou à pauta de discussão da sociedade. Ela passa a ser a preocupação dos gestores, dos apoiadores, das universidades e dos pesquisadores para que o Brasil dê uma resposta rápida à doença e consigamos reduzir os casos dessa infecção”, completou.

Para o coordenador geral do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Ricardo Alexsandro de Medeiros Valentim, o projeto busca apoio de outras universidades brasileiras. “Não se faz nada sozinho. Estamos à procura de outras parcerias, de universidades, pois o projeto é desafiador. Precisamos atuar na perspectiva das ações da sífilis nos municípios, na formação humana, passando pelos profissionais de saúde e chegando até as escolas, para que professores e alunos se envolvam de forma horizontal no projeto. O papel dos apoiadores e desses grupos envolvidos nos permitirá avaliar o impacto das ações na sociedade”, disse.

Ações

Em janeiro, uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, realizou o processo seletivo de bolsistas que atuarão como apoiadores de pesquisa e intervenção no Projeto “Integração Inteligente Aplicada ao Fortalecimento da Rede de Resposta Rápida à Sífilis”, com 52 vagas iniciais. A resposta ao instrumento de pesquisa para análise situacional do município face à sífilis está em fase de captação. O objetivo é sistematizar aspectos do perfil epidemiológico da sífilis em gestante e da sífilis congênita e realizar o diagnóstico da rede de atenção à saúde e/ou das condições locais para o desenvolvimento de ações de prevenção, vigilância e assistência em saúde.

Em março, também em Natal, foi realizado o “Curso Introdutório de Qualificação Técnica de Apoiadores”. Esse espaço qualificou a atuação dos apoiadores, com abordagem de conteúdos e metodologias que enfatizaram as habilidades de articulação e o desenvolvimento de ações territoriais em resposta à sífilis.

Medicamentos e Testes Rápidos

O Ministério da Saúde distribuiu em março 526 mil frascos-ampola de penicilina benzatina (para o tratamento da sífilis adquirida e em gestantes, mais parcerias) e 116 mil da penicilina cristalina ou potássica (para o tratamento da sífilis congênita) em todo o Brasil. No total, foram comprados, de forma centralizada pelo ministério, 2,85 milhões de frascos-ampola de penicilina benzatina (sendo 2,4 milhões na apresentação de 1.200.000 UI) e 450 mil de penicilina cristalina ou potássica na apresentação de 5.000.000 UI, para o abastecimento da rede pública de saúde até o primeiro trimestre de 2019.

Em 2017, foram distribuídos 9,1 milhões de testes rápidos (TR) para sífilis em todo o Brasil. Em 2016, haviam sido distribuídos 4,7 milhões de TR em todos os estados e Distrito Federal. Entre janeiro de fevereiro de 2018, já foram distribuídos 1,4 milhão de testes rápidos.

CASOS – Em 2016, foram registrados 87.593 casos de sífilis adquirida no Brasil, com taxa de detecção de 42,5 casos para cada grupo de 100 mil pessoas. A sífilis em gestantes teve 37.436 casos notificados, com taxa de detecção de 12,4 para cada 100 mil habitantes. Já a sífilis congênita apresentou 20.474 casos em 2016, com taxa de detecção de 6,8 para cada 100 mil pessoas.
Entre os estados em que serão realizados os seminários, o Rio Grande do Norte registrou, em 2016, 351 casos de sífilis congênita (taxa de 7,1). A sífilis em gestantes teve 250 novos casos (taxa de 5,1); a adquirida, 846 casos (24,3).

No Distrito Federal, foram registrados 216 novos casos de sífilis congênita, em 2016, com taxa de detecção de 4,7 casos por 100 mil pessoas. A sífilis em gestantes apresentou 325 casos (taxa de 7,0) e a sífilis adquirida teve 1.306 casos (43,9).

No estado de São Paulo, em 2016, a sífilis congênita apresentou 3.650 novos casos (taxa de 5,8); a sífilis em gestantes, 8.191 casos (12,9); e a sífilis adquirida, 30.183 casos (67,4). Os dados são do Boletim Epidemiológico de Sífilis 2017.

 

Fonte: Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais