Mulheres com imunossupressão, vivendo com HIV/aids, transplantadas e portadoras de cânceres, com até 45 anos de idade podem tomar a vacina HPV no SUS. A imunossupressão é reconhecida pelas autoridades de saúde como um dos principais fatores de risco para infecção pelo HPV e para o desenvolvimento de lesões tumorais e verrugas genitais.

Além disso, foi constatado que mulheres vivendo com HIV/aids têm cinco vezes mais probabilidade de evoluir para o câncer cervical em relação à população em geral. Essa maior vulnerabilidade, também, se dá em pacientes transplantados e oncológicos, que apresentam em comum um quadro de baixa imunidade.

Por isso, o Ministério da Saúde indicou, em 2017, a vacinação contra HPV para mulheres e homens com imunossupressão até 26 anos de idade. E há pouco mais de um ano decidiu ampliar essa proteção para as mulheres até 45 anos.

Essa vacinação, seguindo a recomendação da OMS, é realizada com a aplicação de três doses em intervalos de dois meses, entre a primeira e segunda, e a terceira dose seis meses após a primeira aplicação. De acordo com o Ministério da Saúde, a prescrição médica da vacina HPV é necessária para a aplicação.

HPV

O papilomavírus humano (HPV) é a infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo. Está associado ao desenvolvimento da quase totalidade das neoplasias de colo de útero, bem como a diversos outros tumores em homens e mulheres. A vacinação contra HPV é uma das intervenções mais efetivas para prevenir a infecção por esses vírus e o desenvolvimento de tumores relacionados ao HPV.

O câncer de colo de útero é a segunda neoplasia maligna mais comum na população feminina mundial. No Brasil, é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres, sendo superado apenas pelo câncer de pele não melanoma, mama e colorretal, e a quarta causa de morte por câncer em mulheres. Estima-se cerca de 16 mil novos casos e uma média de 5 mil mortes por ano.

Adolescentes

O HPV é um vírus que infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncer.

Meninas com idade entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos podem receber a vacina de forma gratuita em qualquer unidade de saúde, com duas doses ao ano, sendo a segunda seis meses após a primeira.

Novas recomendações da OMS

Nas últimas semanas, uma nova recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre o esquema de vacinação contra o HPV trouxe, novamente, a imunização para o centro do debate. O Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização da OMS concluiu que uma única dose do imunizante já oferece uma proteção importante contra o vírus que causa o câncer de colo do útero e outros tumores, como os de orofaringe, pênis, canal anal, vulva e vagina.

A OMS reforçou que a estratégia vacinal, quando bem feita, tem a capacidade de praticamente erradicar esses tumores e ressaltou que essas doenças são causadas, em sua maioria, pela desigualdade no acesso à prevenção.

A recomendação da OMS é uma tentativa de fazer com que a vacina chegue às populações mais carentes e que as novas gerações estejam protegidas contra estes tipos de cânceres causados por vírus, que são considerados um problema de saúde pública.

A OMS recomenda que a atualização de dose para HPV siga o seguinte esquema:

* uma ou duas doses para o alvo primário de meninas de 9 a 14 anos;

* uma ou duas doses para mulheres de 15 a 20 anos;

* duas doses com intervalo de seis meses para mulheres com mais de 21 anos.

A entidade também indica que pessoas imunocomprometidas, incluindo aquelas com HIV, recebam três doses, ou no mínimo duas doses, já que as evidências sobre a eficácia de uma dose única neste grupo ainda são limitadas.

“Acredito firmemente que a eliminação do câncer do colo do útero é possível. Essa recomendação de dose única tem o potencial de nos levar mais rápido ao nosso objetivo de ter 90% das meninas vacinadas aos 15 anos até 2030”, disse a médica Princesa Nothemba Simelela, diretora-geral adjunta da OMS.

 

Redação da Agência Aids com informações do Ministério da Saúde