Está acontecendo neste sábado (28), a mostra online “Mais Arte, Menos Aids”, da Agência Aids. O evento reúne artistas e ativistas para falar sobre a luta contra a aids, a discriminação e o estigma A programação em homenagem ao Dia Mundial de Luta Contra Aids, comemorado sempre em 1º de dezembro, conta com bate-papos, performances poéticas e muita música. Acompanhe ao vivo no Facebook e Youtube da Agência Aids.

A ideia da mostra, segundo a jornalista Roseli Tardelli, idealizadora do evento, é utilizar a arte para falar de prevenção, HIV/Aids e direitos humanos de uma forma leve, sem tirar a seriedade da doença.

Neste ano, a mostra é conduzida por uma dupla potente: Gabriel Comicholli, youtuber e performer + Dindry Buck, drag queen do Esquadrão das Drags.

 

Confira algumas fotos e vídeos do que já rolou:

Gabriel Comicholi e Dindry Buck abriram o Mais Arte Menos Aids com leveza e descontração

 

No início do bate-papo, Roseli Tardelli, ao lado de Gabriel Comicholi e Dindry Buck falaram sobre como a pandemia impactaram suas vidas e a os trabalhos na luta contra aids

 

O ativista Drew Persi leu um trecho de seu livro Vidas, onde relata sua experiência enquanto pessoa que vive com HIV. “Eu sempre me perguntei, quantos sonhos eu tinha gaveta. Era hora de tirá-los de lá. Eu tinha urgência de fazer isso. Não porque o diagnóstico de ser HIV positivo me trouxe uma sensação de que eu iria morrer logo, mas porque trouxe mais vontade de viver. Passei a olhar tudo de outra forma. Houveram rejeições, bloqueios virtuais em aplicativos de relacionamento. Mas nada disso me fazia acreditar que eu nao poderia me relacionar.”

Confira a performance apresentada por Drew:

 

 

 

O poeta Ramon Nunes falou sobre a literatura e a comunicação na construção da linguagem e percepções sobre o HIV. “A narrativa da história da aids vem sendo construída desde os anos 90. Agora temos o surgimento dos youtubers, que esta associada a uma literatura de experiência. Mas a visão da soropositividade é construída por um olhar médico e jornalístico, que gerou uma série de equívocos como a capa da revista veja, por exemplo. Essa imagem, para quem viveu na época, ainda é muito forte”, disse.

Para Ramon, “se o corpo é político, o corpo o soropositivo tem ainda mais força porque ele reúne a integridade de uma pessoa que luta para viver, que se não tomar medicação pode morrer.”

Dentre os poemas apresentados em sua fala, ele leu um de sua autoria chamado Acto de fé: “22 de fevereiro de 2006 / na cidade do porto / gisberta salce júnior  / 45 anos mulher transexual  / soropostiva / torturada por três dias / pedradas pauladas chutes/ sexualmente torturada / corpo dilacerado / com cigarros / e jogada / em 15 metros de agonia / afogou-se na violência e no preconceito / em nome do pai do filho e do espírito santo / de 14 jovens católicos/ no poço/ fundo / sem fim / amém.”

 

 

Para embalar a mostra, o cantor Gaê, conhecido por seu conteúdo no Youtube a respeito do HIV/aids, apresenta seu EP e single “Só a Dois”. Ele contou que seu ultimo show com a presença do público foi na Mostra Mais Arte Menos Aids do ano passado, no Parque Mário Covas.

Confira um de seus clips que foram mostrados durante sua apresentação:

Gaê falou sobre sua percepção que a sociedade têm sobre o HIV. “Tem muita gente se esforçando há muito tempo para ver as coisas acontecerem. Há muita mudança o tempo todo e muito rápido. É muito pessimista não ver a mudança, mas lógico que toda mudança gera novas questões. Há, por exemplo, preconceito em relação às pessoas que usam PrEP ou a quem usa outras formas de prevenção quando alguém decide não usar a camisinha. Mas a vida muda o tempo todo.”

 

Ao final da apresentação de Gaê, Roseli cantou a música Iansã Senhora do Amanhecer

A ativista e poetisa Carolina Iara também compõe a mostra “Mais Arte, Menos Aids”. Ela, que acabou de ser eleita vereadora em São Paulo pela Bancada Feminista PSOL. Nesta manifestação artística, Carolina declamou poemas que escreveu ao longo da pandemia de covid-19 e compartilhou sua história de luta e resistência.

“A arte entrou estiveram presentes em minha vida desde criança. Tive muito acesso à linguagem audiovisual, principalmente em novelas e filmes. Eu assistia e ficava pensando como eu poderia mudar aquelas histórias. À partir daí comecei a ser escritora. Minhas professoras na adolescência me incentivaram a ler contos e reescrever com finais diferentes”, disse ao lembrar como começou a inspiração para escrever livros e poemas.

Ela também leu um trecho do poema de sua autoria Poesia Intertranscedental: “Precisamos transver o mundo e fotografar o silêncio profundo do momento fugaz do sorriso ou da joaninha na blusa branca sob o sol. Há de se ter à lente da utopia, da luta, da interação e da imaginação para transafetar, transmutar e transesperançar para que o sorriso seja a regra e não um afronte revolucionário num mundo injusto.”

 

A transmissão do Mais Arte Menos Aids encerrou com a performance de Micaela Cyrino. Derivar: A resposta fuiu da mente (Diálogos sobre desobediência e cura). Confira:

 

 

 

 


A mostra tem o apoio da DKT do Brasil, do Senac São Paulo, das farmacêuticas GSK, Janssen, MSD e Gilead Sciences e do Fundo Positivo.

Redação da Agência de Notícias da Aids