A varíola dos macacos (Monkeypox) é uma doença atualmente tratada como uma emergência de saúde global pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas não é uma doença nova. Foi descoberta pela primeira vez em um macaco em 1958, o que levou à origem do nome. No entanto, a primeira infecção em um ser humano foi descoberta em 1970 em uma criança pequena na República Democrática do Congo, no continente africano.
O vírus Monkeypox causa uma doença com sintomas semelhantes à varíola comum, mas menos graves. Embora a varíola tenha sido erradicada em 1980, a varíola dos macacos continua a ocorrer em países da África Central e Ocidental.
Desde a década de 1970, um número crescente de casos foi reconhecido, em particular, nos últimos 5 a 10 anos. A doença é endêmica em partes da África, onde é registrada a maior parte dos casos, incluindo mortes, há décadas. No entanto, desde maio, tem sido registrados casos em outros países que normalmente não têm a doença. Abaixo, em seis pontos, veja um resumo sobre o que é a doença, os sintomas, formas de transmissão, prevenção, tratamentos e vacina.
1 – O que é a varíola dos macacos?
É uma zoonose viral: uma doença que foi transmitida aos humanos a partir de um vírus que circula entre animais. Antes do atual surto, ocorria principalmente na África Central e Ocidental, sobretudo em regiões perto de florestas, pois os hospedeiros são roedores e macacos. É causada pelo vírus monkeypox, que pertence à mesma família (poxvírus) e gênero (ortopoxvírus) da varíola humana. A varíola humana, no entanto, foi erradicada do mundo em 1980, e era muito mais letal. A taxa de letalidade histórica da varíola dos macacos, antes do atual surto, era considerada na faixa de 3% a 6%. O primeiro caso foi detectado em humanos em 1970.
As complicações são mais comuns em pacientes com problemas no sistema imunológico. Quadros graves estão relacionados ao surgimento de pneumonia, sepse, encefalite (inflamação do cérebro) e infecção ocular, que pode até levar à cegueira.
2 – Sintomas clássicos
Os sintomas mais clássicos associados à varíola dos macacos são: febre, dor de cabeça e dores no corpo, dor nas costas, cansaço, feridas na pele (erupções cutâneas) e gânglios inchados (que comumente precedem a erupção característica da doença).
As erupções na pele, que passam por diferentes fases. Elas começam vermelhas e sem volume, depois ganham volume e bolhas, antes de formar as cascas. Essas feridas são diferentes das vistas na catapora, sarna, sífilis, herpes e outras doenças.
No fim de julho, especialistas do Serviço Nacional de Saúde (NHS) alertaram em estudo publicado no periódico científico “BMJ” que dor na região do ânus e inchaço do pênis foram relatados por pacientes. Além disso, em 10 de junho, Rochelle Walensky, diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), destacou que nem sempre todos os sintomas estão presentes.
“Vimos manifestações de varíola do macaco que são leves e às vezes limitadas apenas a algumas áreas do corpo, o que difere da manifestação clássica vista em países endêmicos da África Central Ocidental”, disse. Segundo a diretora dos CDC, os casos atuais nem sempre apresentam sintomas associados à gripe.
“É importante notar que os casos de varíola podem ter semelhanças com algumas infecções sexualmente transmissíveis”, como herpes, “e podem ser confundidos com outros diagnósticos”, disse.
3 – Transmissão
A varíola dos macacos é transmitida, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) por meio de: contato próximo com as lesões de pele, por secreções respiratórias ou objetos usados por uma pessoa que está infectada. Ao contrário da Covid, em que há transmissão pelo ar através de pequenas gotículas suspensas no ar, o entendimento atual em relação à varíola dos macacos é que o vírus causador da doença se espalha pelo contato próximo com uma pessoa infectada, que pode passar o vírus pelas lesões características na pele ou por gotículas grandes espalhadas expelidas pelo sistema respiratório, como os presentes nos espirros.
4 – Prevenção
O uso de máscaras, o distanciamento e a higienização das mãos são formas de evitar o contágio pela varíola dos macacos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou a adoção dessas medidas, frisando que elas também servem para proteger contra a Covid-19.
Considerando que os dados iniciais mostraram que o maior número de casos notificados estava concentrados no grupo de homens que fazem sexo com outros homens, o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselhou que este público deve considerar a redução, neste momento, do número de parceiros sexuais para diminuir o risco de exposição.
Não há confirmação de transmissão via fluidos sexuais, como o sêmem. “Não é considerado uma infecção sexualmente transmissível (IST) até esse momento porque não foi provada essa transmissão por fluido sexual, explica Andrea Paula Bruno Von Zuben, professora de epidemiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Por outro lado, a própria OMS admitiu que a intimidade prolongada durante o sexo parece ser a condição principal que facilita a transmissão da varíola dos macacos durante o sexo.
De acordo com a líder técnica da OMS para a doença, Rosamund Lewis, é essencial que a população entenda que todos podem, eventualmente, contrair a doença.
“Apesar de as agências de saúde estarem compartilhando que um grupo é o mais acometido neste momento, é muito importante que todos nós entendamos que qualquer um de nós está em risco. Precisamos de informações sobre como esse grupo pode proteger a si mesmo, mas, ao mesmo tempo, qualquer um está exposto”, esclarece Lewis.
5 – Tratamento
A doença geralmente se resolve sozinha (é autolimitada) e os sintomas costumam durar de 2 a 4 semanas. Não há tratamentos específicos para infecções por vírus da varíola dos macacos, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
No entanto, o vírus da varíola dos macacos e o da varíola são geneticamente semelhantes, o que significa que medicamentos e vacinas para se proteger da varíola também podem ser usados para prevenir e tratar a varíola dos macacos.
6 – Vacina
A doença ainda não tem uma vacina específica, mas três vacinas contra a varíola humana podem ser usadas contra a varíola dos macacos. Dados iniciais apontam que o imunizante produzido pela Bavarian Nordic tem efetividade de 85% contra a varíola dos macacos.
Ainda não há vacina disponível no Brasil. O calendário de chegada das vacinas contra à Monkeypox no Brasil deve ser oficializado nesta semana, segundo informou a representante da Opas/OMS, Socorro Gross, em coletiva de imprensa feita pelo Ministério da Saúde na segunda-feira (15).
“Esperamos ter o calendário de chegada das vacinas durante esta semana, e vão ser também escalonadas as 50 mil que o Brasil comprou das 100 mil que foram disponibilizadas pelo laboratório”, disse.
Anteriormente, o ministério havia informado que as doses deveriam chegar em duas remessas: em setembro e novembro. Sobre as datas, Gross afirmouque não tem “nesse momento como apresentar um calendário. Sabemos, sim, que uma parte das vacinas vai chegar muito em breve”.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga explicou que, a princípio, essas doses serão destinadas a profissionais que lidam com material contaminado pelo vírus que causa a doença.
Em recomendações divulgadas final de julho pela Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta que, em países onde há transmissão comunitária da monkeypox (caso do Brasil), as ações para interromper a transmissão devem incluir a vacinação direcionada de pessoas com alto risco de exposição à doença.
Esses grupos incluem: homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), profissionais de saúde lidando com casos suspeitos ou confirmados, alguns profissionais de laboratório e pessoas que fazem sexo com múltiplos parceiros. A OMS diz que os riscos e benefícios da vacinação direcionada também devem ser avaliados para grupos vulneráveis, como pessoas imunossuprimidas, crianças e mulheres grávidas.
Redação da Agência de Notícias da Aids