Em 2023, o Brasil ficou entre os sete países do grupo dos 30 com alta carga de tuberculose que alcançaram uma cobertura de tratamento da doença acima de 80%, atingindo a sua melhor proporção dos últimos anos, com 89% (número de casos notificados pelo estimado). Esse marco positivo ocorre após um histórico de oscilações em anos anteriores, com quedas significativas durante a pandemia de covid-19 — quando a cobertura chegou a 77,8% em 2020 e 75,8% em 2021.
Os dados foram divulgados esta semana pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Relatório Global de Tuberculose (Global Tuberculosis Report). De acordo com Fernanda Dockhorn, coordenadora Geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias Não Tuberculosas (CGTM/Dathi/SVSA/MS), a recuperação iniciada em 2022, com uma cobertura de 83%, reflete os esforços para fortalecer a resposta à tuberculose e garantir o tratamento adequado para todas as pessoas acometidas pela doença.
“Alcançar uma cobertura de tratamento de 89% em 2023 é um reflexo direto dos esforços integrados entre municípios, estados e governo federal. Nosso compromisso é manter essa trajetória de crescimento e reforçar as ações de prevenção e controle em todas as regiões do país”, informa a coordenadora.
A OMS destacou um estudo de modelagem realizado no Brasil, Geórgia, Quênia e África do Sul que evidencia o impacto da expansão da triagem e do tratamento preventivo da tuberculose. A análise mostra que investimentos modestos podem gerar significativos benefícios econômicos e de saúde, com um retorno de até US$ 39 para cada dólar investido. Embora a Organização tenha relatado um declínio no financiamento disponível de fontes nacionais, o Brasil apresentou uma tendência positiva de aumento nos investimentos em saúde, que passaram de 27,7 milhões em 2020 para 49,8 milhões de dólares em 2023.
Globalmente, observou-se uma diminuição no número de óbitos pela tuberculose; no entanto, o Brasil apresenta uma realidade divergente. Desde 2019, a estimativa de mortes aumentou, passando de 6.879 naquele ano para 13.005 em 2022. Todavia, a estimativa para 2023 tem se mantido relativamente estável, em torno de 12.984 óbitos. Para a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, a expectativa é que, nos próximos anos, essa taxa comece a cair, mas o ritmo da mudança precisa ser acelerado.
“O compromisso pelo fim da tuberculose até 2030 é um chamado à ação imediata. A estabilização dos casos globais é um sinal de que estamos na direção certa, mas precisamos ir além. Com políticas de saúde robustas, investimentos em tecnologia e o engajamento de profissionais e comunidades, o Brasil pode alcançar a eliminação da tuberculose como problema de saúde pública” enfatiza.
Relatório Global de Tuberculose
O Relatório Global de Tuberculose é uma publicação anual da OMS que fornece uma avaliação abrangente e atualizada da epidemia de tuberculose e do progresso na resposta a essa doença em nível global, regional e nacional. A edição de 2024 destaca que a doença provavelmente voltou a ser a principal causa de morte por um único agente infeccioso no mundo, após três anos em que foi substituída pela doença do coronavírus.
O relatório de 2024 revela que mais de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose anualmente, com um aumento contínuo desde 2021. A OMS e todos os Estados Membros da Organização das Nações Unidas (ONU) se comprometeram a acabar com a epidemia de tuberculose até 2030, conforme estabelecido na Estratégia “End TB” e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O documento abrangeu seis temas principais sobre a tuberculose: carga da doença; diagnóstico e tratamento; prevenção e rastreio; financiamento; acesso à cobertura universal de saúde e enfrentamento dos determinantes de saúde; e pesquisa.
Fonte: Ministério da Saúde