Paciente do HUB na PrEP, artista foi convidado para pintar um quadro, ao vivo, depois de presentear hospital com outra pintura

Em um gesto de agradecimento, o artista plástico Nevin Omar decidiu se expressar por meio de um quadro, pintado ao vivo, no Hospital Universitário de Brasília (HUB). O pintor e muralista peruano é paciente do programa de Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), método gratuito oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de prevenção à infecção pelo vírus. A tela é a segunda pintada por ele e doada à unidade de saúde, que os expõe nos consultórios de infectologia.

Nevin nasceu no Peru, mas mora no Distrito Federal há três anos. Segundo ele, a delicadeza e comprometimento da equipe de saúde do hospital com os pacientes o emocionou. “Foi uma conexão logo nas primeiras consultas, e essa familiaridade e confiança me motivou a oferecer minha ajuda para o embelezamento do lugar”, revela.

Depois de se encantar com o tratamento, o artista presenteou o hospital com uma tela, que fica exposta e uma das salas onde é feito o teste e o paciente recebe o resultado da sorologia. Logo, Nevin foi convidado para ir ao hospital e pintar outro quadro, desta vez ao vivo, enquanto os pacientes esperavam para serem atendidos. O objetivo seria deixar o ambiente hospitalar menos frio e aproximar pacientes e funcionários. E deu certo.

A dona de casa Maria Nívia Soares de Oliveira aguardava atendimento quando Nevin começou os trabalhos. Para ela, se deparar com a obra arte lhe renovou as energias. “Estamos aqui em busca de um recurso de saúde, nesse momento alguém pode estar sentindo dor, e então a gente se depara com essa arte, com essas cores. Isso reenergiza a gente.”

O peruano descreve as próprias obras como “mundos fantásticos, num contexto cheio de cores”. Ele busca explorar o contraste entre pessoas, emoções, natureza e cores por meio de um estilo eclético, figurativo e fantasioso. Para o trabalho feito ao vivo no HUB, Nevin buscou representar algo que transparecesse a ideia de acolhimento.

“Soube que esse novo quadro iria para um consultório onde se daria notícias de diagnósticos. Eu pensei que existem diagnósticos positivos e negativos, e que esse é um momento em que passam várias coisas na cabeça. Quis retratar algo que pudesse minimizar esse nervosismo. Esse abraço demonstra que não se está só e, nesse abraço, encontramos uma ação potente, que ajuda a acalmar”, explica.

O acolhimento que o pintor tentou transparecer é a essência do trabalho feito na ambulatório de PrEp, segundo uma das enfermeiras que atua no local, Ana Teresa Santos. “Eu, enquanto profissional, busco todos os dias acolher de forma humanizada. Então, quando o paciente chega a mim, quero que ele se sinta em casa, que se sinta à vontade para trazer a demanda, para que ele tenha um tratamento de sucesso”, comenta.

Além de agradecer ao HUB pelo tratamento com PrEP, Nevin afirma que fica feliz por participar, com a própria arte, de um projeto que ajuda a comunidade.

“Essa imagem é isso: muitas pessoas se abraçando, misturadas com a natureza, cercadas por um coração. É um sentimento vivo, de todo mundo se protegendo, por meio do abraço. E os animais do Cerrado trazem também um sentido de pertencimento”, comenta o artista.

O que é PrEP?

A profilaxia pré-exposição é feita com o uso de um comprimido, diário ou sob demanda, que permite ao organismo se preparar para enfrentar um possível contato com o HIV. O tratamento combina dois medicamentos (tenofovir e entricitabina), que bloqueiam alguns “caminhos” que o HIV usa para entrar no organismo.

A escolha da modalidade [um comprimido por dia ou sob demanda] depende da avaliação médica. Quando feita corretamente, a eficácia da PrEP ultrapassa 95%. As evidências indicam que a PrEP exerce um impacto significativamente positivo, contribuindo para a redução dos novos casos de infecção por HIV em populações-chave.

O uso do medicamento é indicado para qualquer pessoa sexualmente ativa – adolescentes e adultos a partir de 15 anos – que esteja vulnerável a sofrer a infecção pelo HIV, como aquelas que:

  • Frequentemente esquecem ou deixam de usar camisinha nas relações sexuais;
  • Recorrem com frequência ao uso de profilaxia Pós-Exposição (PEP) ao HIV;
  • Têm histórico de episódios de infecções sexualmente transmissíveis (IST);
  • Estão em contextos de relações sexuais em troca de dinheiro, drogas ou moradia;
  • Praticam chemsex, que é o hábito de ter relações sexuais sob o feito de drogas.

A avaliação da indicação e a prescrição da PrEP pode ser feita por enfermeiros, farmacêuticos ou médicos que atuam em serviços públicos de saúde ou por médicos do serviço privado.

De acordo com o Ministério da Saúde, 918 serviços de saúde de todo o país oferecem o medicamento. Para encontrá-los basta clicar em “Onde encontrar a PrEP”, neste link.

Fonte: Metrópoles