Estreou nesta segunda-feira, 28 de junho, na página oficial da Agência Aids no Instagram, o ‘Senta Aqui, com Marina Vergueiro’. Essa é uma coluna semanal, com foco em entrevistas sobre HIV/aids, diversidade, direitos humanos e cidadania. Neste Dia Mundial do Orgulho LGBTQIA+.

Na estreia, Marina entrevistou Raquel Virgínia, do trio As Baías, conhecido pela música e por levantar a bandeira LGBTQIA+ por onde passa. Raquel é uma mulheres trans e está sempre na luta contra a transfobia.

“Nesses tempos se faz muito necessário que a gente pense no amor. Amor pode ser compaixão, compreensão, pode ser misericórdia, pode ser oportunidade. Tudo isso pode ser manifestações de amor. Às vezes a gente fica em uma busca por um amor romantizado e isso faz com que a gente até sofra mais. Acho que a gente precisa, nesse momento, estar atentas a mais manifestação de um amor mais amplo”, disse Raquel.

Sobre sexualidade, a artista afirmou que se cuida sem abrir mão de sua liberdade e que dispensa relações com homens que insinuam não querer usar preservativo. “Isso foi se tornando um cuidado para mim, fui adquirindo mais maturidade. A gente não pode transformar o discurso do cuidado em um discurso de castração. Há uma série de subjetividades sobre o autocuidado. Chega um momento que você consegue equacionar. Hoje consigo me divertir e me cuidar ao mesmo tempo.”

Nesse contexto, Mariana falou sobre os impactos que o moralismo gera na sociedade e que “parece que querem ter controle sobre nossos corpos. A gente foi criada em uma sociedade machista e vivemos em um sistema patriarcal. Então, a gente precisa estar o tempo inteiro desconstruindo esses paradigmas dentro da gente. A isso se soma questões como a transfobia, por exemplo”, disse.

Para Raquel, “mesmo nos movimentos mais avançados, a gente ainda vive sob uma questão de controle dos corpos. Eu mesma me pego em pensamentos conservadores. Por outro lado, quando vou ao médico, por exemplo, tenho o privilégio da passabilidade também por conta da questão de classe social. Hoje há esse recorte de classe. Acho que não carrego uma androgenia a ponto de a pessoa não saber qual é meu gênero então, de modo geral, as pessoas me tratam no femino, mesmo quando apresento algum documento antigo. Em geral, em alguns âmbitos, temos conseguido avançar nesse sentido e há pessoas que estão começando a se ligar nisso.”

“Acho que a discussão mais difícil ainda é o pronome neutro, que é o que menos as pessoas conseguiram entender. Principalmente quando há recorte de classe, tem surtido algum efeito. Mas confesso que já deixei de ir em fonoaudiólogas, por exemplo, porque eu não conseguia falar que minha voz era feminina trans e não uma voz masculina”, conta.

Ao final Raquel falou sobre como a arte e, principalmente a música, a ajudou a contruir quem ela é hoje. “A música constrói identidades, ela faz com que identidades tenham orgulho de si mesmas, ela faz com que pessoas se unam. Veja a força de festivais, por exemplo. Isso pode salvar vidas de pessoas que foram se divertir e aprenderam no mesmo evento.”

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