Com o tema “Trabalhadoras sexuais no mundo! Juntas somos mais fortes”, a live exibida na TV Agência Aids nesta terça-feira, 12 de julho, reuniu profissionais do sexo em um bate-papo sobre os direitos das prostitutas no Brasil e no mundo. Elas querem o reconhecimento da profissão, considerada a mais antiga do mundo, e os direitos humanos garantidos.

A live, de iniciativa da ONG Ecos, contou com a presença da Elisiane Pasini, que mediou a conversa, Diana Soares, coordenadora da Associação das Prostitutas do Rio Grande do Norte, Duda Dihl, mediadora de saúde na Associação Autres Regards em Marselha, na França, Elaine Alby, do Uruguai, Esperança Malumbe, em Moçambique, Célia Gomes, da Central única das Trabalhadoras Sexuais em Teresina e Vânia Rezende, Coordenadora da Associação de Prostitutas de Pernambuco.

Duda trabalha como profissional do sexo há 20 anos e atualmente atua na ONG Autres Regards, em Marsalhas. “É uma associação de saúde comunitária, nós trabalhamos com profissionais do sexo, fazemos trabalho de prevenção, temos assistente social, advogados, toda uma estrutura para receber esse público e ajudar de alguma forma”, contou.

Elaine, que é paulista, conta que foi pequena para a fronteira, e que começou a trabalhar no Uruguai como profissional do sexo em 1994. Ela faz parte da organização Visão Noturna, “essa associação trabalha com mulheres trans e cis. Estamos em todo o Uruguai, e eu sou a referente do departamento de Rivera e tesoureira nacional do coletivo O.TRA.S.”, disse Elaine.

A moçambicana Esperança está na luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras do sexo há muito tempo. “Aqui em Moçambique chamamos de Mulheres Trabalhadoras do Sexo, não gostamos do nome de prostituta, algumas são casadas, mas fazem esse trabalho de sexo, somos MTS de Moçambique”. Esperança acrescentou que é “uma mulher batalhadora na luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras de sexo há 15 anos.  Trabalho para empoderar as mulheres, porque a maior parte das das que trabalham com sexo aqui em Moçambique são analfabetas e não tem capacidade de emprego. São poucas com conhecimento ou que fizeram licenciatura nas universidades, mas não conseguem arranjar emprego, outras continuaram seus estudos através da renda do trabalho do sexo”, relatou.

Diana explicou que no Nordeste o movimento tem ampliado, com a formação de novos coletivos. “Tenho mais de 40 anos de batalha nessa questão política e de formação de grupos com outras companheiras aqui no Rio Grande do Norte, estamos há 18 anos na Associação das Profissionais do Sexo do Rio Grande do Norte e há pouco tempo fundamos o coletivo filhas da luta, onde minha filha que também é trabalhadora sexual, junto com outras colegas, leva a frente esse coletivo. Elas fundaram esse espaço e a gente está caminhando paralelamente”, contou.

Célia trabalha fazendo entregas de cestas básicas para as casas de prostituição e Vânia está há 49 anos na prostituição e há 18 anos no movimento social. “A gente continua nessa luta por direito e dignidade, para acabar ou diminuir o estigma e a putofobia, isso é uma batalha constante” enfatizou Vânia.

Elisiane Pasini lembrou que o dia 02 de junho é o dia da prostituta, de uma luta que começou na França e hoje dá lugar a todas as vozes de todas as mulheres que são profissionais do sexo, concedendo a elas os direitos trabalhistas e respeito. “É um momento muito importante quando várias prostitutas de uma forma forte se reuniram em frente a uma igreja e começaram a falar e fazer um ato de protesto, e se criou esse movimento, essa luta muito importante, que hoje se comemora em todo o mundo. Não podemos deixar passar, é importante trazer para as nossas pautas as boas lutas.

Duda acrescentou que este dia e importante “porque eu sou trabalhadora do sexo acima de tudo, e eu acho importante ter esse engajamento político nosso, como trabalhadora, não só como trabalhadora do sexo, mas como trabalhadora, se organizar politicamente, lutar pelos nossos direitos lutar contra o preconceito” “

Em Moçambique não foi diferente, Esperança contou que “o dia 2 de junho para nós é um dia muito importante, e normalmente fazemos muitas coisas, mas por conta da Covid temos barreiras grandes, temos feito debates, onde estamos entre nós, é um dia de reflexão, e continuamos na luta dos nossos direitos”.

“Ainda existem muitas pessoas da sociedade que não sabem da existência desse dia, como não temos apoio político então não se fala muito, é uma fala de nós para nós, ainda bem que temos as redes sociais para partilhar este conteúdo, muitas mulheres ficaram felizes ao descobrir que existia um dia no calendário só para nós, e isso já nos impulsiona a seguir”, destacou Diana.

Para Célia não é diferente.  “Dia 2 de junho pra nós sempre será um dia de luta, porque devemos reverenciar às mulheres. Estamos aguardando ansiosamente o dia em que os políticos reconheçam o nosso trabalho, e com fé em Deus a gente vai conseguir festejar no dia 2 de junho o dia da nossa libertação e do reconhecimento do nosso trabalho”, expressou.

Vânia conclui agradecendo as mulheres que deram a cara e que lutaram contra a violência e toda forma de opressão que vinha sofrendo. “Aqui em Pernambuco a gente vem festejando e comemorando desde que soube desse dia.”

Assista a live na íntegra:

Gisele Souza (gisele@agenciaids.com.br)