Na noite dessa terça-feira (20) a jornalista Roseli Tardelli, diretora desta Agência, recebeu na live “Candidatos que querem trabalhar com direitos humanos e diversidade”, da Agência Aids, a candidata a deputada federal Luiza Erundina (PSOL) e as candidatas ao cargo de deputada estadual por São Paulo Renata Falzoni (PSB) e Carolina Iara, da Bancada Feminista do PSOL. Por mais de uma hora elas debateram sobre desigualdade social, política representativa, luta contra a fome, igualdade de gênero, genocídio da população negra, entre outros.

Luiza Erundina de Sousa - Lideranças Políticas NEAMPLuiza Erundina, que tem a vida inteira dedicada à Política, disse que quer se eleger neste ano porque está indignada com tantas desigualdades, injustiças e retrocessos no Brasil, mais especificamente, no Governo Bolsonaro. “O aumento da fome e da miséria me coloca a urgência e a necessidade de me manter ativa no congresso nacional, em meio a um governo que tem desservido o Brasil”, disse Erundina, que já governou a maior cidade da América Latina, sendo Prefeita de São Paulo entre os anos de 1989 e 1992 e atualmente exerce o 6º mandato de deputada federal.

Para reverter o cenário, ela aposta na renovação política, sobretudo do congresso nacional e acredita que só com articulação com a base haverá mudanças.

Luiza Erundina no auge dos seus 88 anos, maior parte deles dedicados às lutas sociais, no encerramento da sua fala motivou com conselhos Carolina Iara e Renata Falzoni que pertencem à nova geração de lideranças políticas.

“Continuem a estudar, nunca se sintam suficientemente preparadas; se apaixonem pela política e a tenham como a opção mais importante de suas vidas, não vejam como apenas um trabalho, mas estejam a serviço de um sonho!”

Roseli Tardelli puxou o gancho e perguntou às outras duas candidatas o que as fazem se apaixonarem pela política. “Eu acredito que o que me fez me apaixonar pela política foi o ativismo e o lugar onde nasci. Queria ser quem eu sou, uma pessoa trans e ter acesso à cultura, lazer e uma série de outras coisas, que se tornou possível nos anos 2000 em governos progressistas”, disse Carolina Iara, acrescentando que sua mobilização em prol da luta da aids, adicionada a sua vivência enquanto servidora pública também a fez se apaixonar pela política e pela militância, em especial, da saúde.

Para ela, a política possibilita que a gente sonhe coisas que nós mesmos não vamos ver. Carolina que é uma mulher negra, transexual, intersexo e que vive com HIV. Ela disse que se saísse da política parte de sua vida perderia sentido.

Cicloativista

Já Renata Falzoni contou que o simples fato de ser um corpo feminino pedalando e ocupando o espaço público desde a década de 70 é um ato político. A partir daí ela se descobriu um ser livre que até então era um ser objetificado. Houve uma transformação na sua vivência enquanto mulher.

“Nós vivemos sob um obscurantismo! Não é uma questão de se apaixonar pela política, mas sim uma questão de se apropriar dela para transformar aquilo que você e quem te apoia acredita. Estou levando isto como missão.”

Falzoni relembrou outras candidaturas que já tentou e algumas decepções. A sua atual campanha está sendo desenhada há mais de um ano, consequentemente o desgaste físico é uma realidade, mas ela com entusiasmo celebra a chegada cada vez mais próxima das eleições 2022.

No debate, coube a Renata discorrer sobre os tantos entreves que os ciclistas brasileiros, sobretudo paulistas, enfrentam diariamente estando inseridos numa cidade que é inteligível para quem se desloca a pé ou de bicicleta, pois é geograficamente/arquitetamente projetada para o “homem branco motorizado” como intitula a cicloativista. Segundo ela, pelo fato ser, no sentido de existir, a transformou numa militante de atitude.

Renata Falzoni ainda criticou a política institucional brasileira e salientou que infelizmente a minoria paga pela esmagadora maioria corrupta, e que que isto afasta cada vez mais outras pessoas para uma aproximação da política.

Representatividade

A Bancada Feminista do PSOL é um projeto político pautado pelo feminismo popular, um feminismo da maioria, construído pelas e para as mulheres da classe trabalhadora e as vulnerabilizadas e invisibilizadas pelas instituições do Estado. É um feminismo baseado no ecossocialismo, na busca por uma sociedade na qual o equilíbrio ecológico e a justiça social se encontrem. A bancada é formada por lideranças do movimento negro, do movimento LGBTQIAP+, do movimento sindical, entre outros. A força da Bancada Feminista do PSOL está na junção de uma grande unidade política com uma diversidade de corpos, trajetórias, experiências, gerações e pautas.

A candidata ao cargo de deputada estadual pela Bancada Feminista do PSOL, Carolina Iara, dividiu alguns dos feitos do seu atual na Câmara dos Vereadores e falou sobre sua vontade de querer integrar a Assembleia Legislativa para potencializar o trabalho já realizado e conseguir ainda mais avanços efetivos. Na Câmara dos Vereadores, Carolina esteve à frente da CPI da transfobia junto à então vereadora Erika Hilton; trabalhou em conjunto com o movimento paulistano de luta contra a aids; esteve na frente parlamentar de combate e estudo sobre a tuberculose, HIV/aids e outras IST; destinou 5 milhões de reais em emendas parlamentares para serviços públicos, movimentos sociais e organizações da sociedade civil, tendo sido destes 5 milhões, meio milhão destinado para a população trans e mais de 1 milhão à mulheres. Além disso, seu mandato conseguiu aprovar o projeto de lei que excluí a necessidade obrigatória de boletim de ocorrência e medida protetiva para que mulheres vítimas de violência consigam ter acesso à auxílio aluguel. Carolina Iara participou ainda da subcomissão de estudos sobre mortes de jovens negros.

Assista a seguir a live na íntegra:

Dica de entrevista:

Luiza Erundina

Instagram: @luizaerundina

Carolina Iara

Instagram: @acarolinaiara

Renata Falzoni

Instagram: @renatafalzoni

Kéren Morais (keren@agenciaaids.com.br)