18.600+ Hepatite fotos de stock, imagens e fotos royalty-free - iStock

As hepatites virais são um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo, afetando diferentes regiões e populações de maneiras distintas. Neste Julho Amarelo, mês de campanha de combate e conscientização sobre as hepatites, o time da Agência Aids ouviu a dra. Bruna Rhuana Correia, hepatologista de Alagoas, que detalhou as peculiaridades de cada tipo de hepatite, as suas formas de transmissão, importância da prevenção, do diagnóstico precoce, além de informar sobre a coinfecção hepatite/HIV e os desafios para o futuro. 

Segundo a hepatologista, a hepatite A é mais prevalente entre as crianças devido à sua transmissão fecal-oral. Dra. Bruna explica: “As crianças estão frequentemente expostas porque brincam na areia, levam objetos à boca e podem acabar consumindo alimentos mal lavados.”

Já a hepatite B é transmitida principalmente por relações sexuais, transmissão vertical (da mãe para o bebê durante a gestação ou parto) e contato com sangue contaminado. “Por isso, é crucial para quem faz tatuagem, por exemplo, conhecer bem o local onde vai realizá-la”, alerta a médica, destacando a importância de precauções rigorosas com materiais que possam causar cortes na pele.

Quanto à Hepatite C, a transmissão ocorre principalmente através do contato com sangue contaminado, embora haja uma pequena possibilidade de transmissão sexual. A especialista em saúde destaca que, apesar dos esforços, ainda há uma lacuna na divulgação sobre a doença e suas medidas preventivas. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como meta a erradicação da Hepatite C até 2030, mas ainda enfrentamos desafios na falta de informação sobre todas as formas de prevenção”, observa.

Outro aspecto relevante é a infecção muitas vezes assintomática, especialmente entre os idosos. “Na década de 1990, não havia testes frequentes o suficiente para as bolsas de sangue, o que contribui para a alta incidência de idosos com o vírus da hepatite hoje em dia”, explica a especialista.

Segundo a especialista, a Hepatite D só se manifesta em indivíduos já infectados com Hepatite B. Já a Hepatite E, semelhante à Hepatite A, é transmitida via fecal-oral e afeta principalmente gestantes, sendo mais endêmica na região Norte do Brasil. “A população do Norte é particularmente impactada pelas hepatites como um problema de saúde pública, devido à alta presença da população indígena e às condições geográficas,” destaca a hepatologista, que questiona a eficácia das políticas públicas na região e a acessibilidade da população local a preservativos.

Coinfecção hepatite/HIV

Além disso, há um desafio adicional: a coinfecção hepatite/HIV. Esta condição ocorre quando alguém é simultaneamente infectado pelos vírus da hepatite (principalmente B ou C) e do HIV. É comum porque ambos os vírus podem ser transmitidos por relações sexuais ou contato com sangue contaminado. Ter ambas as infecções ao mesmo tempo pode complicar bastante o tratamento, pois uma pode intensificar os efeitos da outra, destacando ainda mais a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Dra. Bruna ressalta a necessidade crucial da vacinação para prevenção da hepatite B desde o nascimento. O imunizante está disponível no SUS. 

Dia mundial da hepatite Mãos adultas segurando uma fita amarela vermelha em fundo preto | Foto Premium

A campanha 

O Julho Amarelo é uma campanha de conscientização que ocorre durante todo o mês de julho, dedicada à luta contra as hepatites virais. Durante este período, são realizadas diversas iniciativas para aumentar a conscientização sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento dessas doenças. O objetivo principal é educar a população sobre os diferentes tipos de hepatite (como A, B, C, D e E), suas formas de transmissão e medidas preventivas.

O Julho Amarelo também visa reduzir o estigma associado às hepatites virais e promover a solidariedade com aqueles que vivem com essas condições. Essa campanha global é crucial para impulsionar políticas públicas eficazes, aumentar o acesso a tratamentos adequados e alcançar a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminar as hepatites virais como um problema de saúde pública até 2030.

Durante a campanha Julho Amarelo, Dra. Bruna enfatiza a importância de prevenir não apenas as hepatites, mas também outras doenças silenciosas que podem progredir para câncer de fígado, como a cirrose. “Durante a campanha, falamos muito sobre as hepatites virais de maneira geral, mas é crucial lembrar das outras doenças silenciosas que podem levar ao desenvolvimento de câncer de fígado”, destaca.

Olhando para o futuro, ela ressalta: “Eu sou sempre otimista, pois temos visto muitos avanços com serviços e profissionais que adotam uma abordagem mais humana.” Ela reafirma a necessidade de um atendimento médico empático, compreensivo e humanizado. “Procure seu médico, mesmo que seja um urologista, ginecologista… É importante testar anualmente, ou ao menos uma vez na vida,” conclui.

Kéren Morais (keren@agenciaaids.com.br)

Dica de entrevista

E-mail 

brunna.rhuana@gmail.com

Instagram

@drabrunahepato