Nesta terça-feira (12), São Paulo foi o centro das discussões sobre o combate à transmissão vertical de doenças como a sífilis e o HTLV, durante a 9ª Semana Paulista de Mobilização Contra a Transmissão Vertical da Sífilis, Sífilis Congênita e do HTLV. O evento reuniu aproximadamente 900 participantes, entre gestores, profissionais de saúde, representantes da sociedade civil e autoridades, com o objetivo de alinhar ações e celebrar os avanços nos esforços para eliminar a transmissão vertical dessas doenças no estado. Sob o lema “Juntos, vamos eliminar a transmissão vertical da Sífilis e do HTLV”, o evento também reconheceu os municípios com melhores resultados por meio da entrega de selos ouro, prata e bronze.

A abertura oficial do evento contou com representantes de diferentes esferas da gestão pública de saúde, que reforçaram a importância de uma ação colaborativa e contínua para alcançar a meta de eliminação. Representando o diretor do Departamento de HIV/aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do Ministério da Saúde, Pâmella Gaspar destacou o comprometimento do Brasil com a meta da ONU de eliminar a sífilis como problema de saúde pública até 2030.

“O Brasil está engajado na meta de eliminar a sífilis até 2030, conforme compromisso estabelecido pela ONU. Essa meta só será atingida graças ao empenho diário de cada um de vocês, que assumem esse objetivo em suas rotinas. Assim, cada unidade de saúde, município e estado contribui para que o país avance no combate à transmissão vertical da sífilis”, afirmou Pâmella. 

Ela também mencionou o Programa Brasil Saudável, uma iniciativa que integra diferentes ministérios, sociedade civil e setores ligados aos determinantes sociais da saúde, com o objetivo de eliminar doenças com causas sociais, como as infecções de transmissão vertical. “Essas doenças estão intimamente ligadas a fatores como cor, renda e nível educacional, o que torna essencial uma abordagem intersetorial para o enfrentamento,” acrescentou.

Reconhecimento aos municípios de São Paulo

Durante o evento, foram homenageados 33 municípios do Estado de São Paulo que atingiram marcos importantes na eliminação da transmissão vertical, entre eles, a cidade de São Paulo. Destes, 22 municípios receberam certificações pela eliminação do HIV e 10 pela eliminação da sífilis. No total, 6% dos municípios foram reconhecidos com o selo prata, 4% com o selo ouro e 6% com o selo bronze, com destaque para 13 municípios que obtiveram certificação dupla. Esta iniciativa foi ampliada pelo governo paulista para incluir cidades com menos de 100 mil habitantes, reforçando o alcance da certificação estadual.

Pâmella ressaltou o compromisso com a expansão dessas certificações e informou sobre as próximas certificações: “A devolutiva já foi feita, e os municípios com certificações pendentes devem receber a confirmação em breve. Como novidade, quatro novos municípios serão certificados pela eliminação da hepatite B, um avanço importante para o Estado de São Paulo, que já alcançou a eliminação da transmissão vertical do HIV e atingiu o nível bronze na eliminação da sífilis.”

Parcerias e integração como chave para o futuro

O encontro destacou que, para atingir metas ambiciosas como a eliminação da transmissão vertical de doenças, é crucial o trabalho integrado entre especialistas, gestores e agentes de saúde. Além dos avanços já conquistados, o evento lançou luz sobre os desafios remanescentes e reforçou a necessidade de unir forças em todos os níveis para superar barreiras e alcançar novos marcos na saúde pública. 

Integração na Atenção Básica

Maria Montuani Elizabeth Figueiredo Sardinha, em nome da Coordenadoria de Regiões de Saúde, destacou a importância da integração entre assistência e vigilância em saúde para alcançar metas comuns. “É muito importante essa integração de assistência e vigilância para um objetivo comum. A Atenção Básica no Estado é grandiosa, com municípios que variam entre 4 mil habitantes a municípios com milhões de habitantes, como é o caso da capital, que tem uma população de 12 milhões de habitantes. Então, imaginem a dificuldade que é fazer acontecer a Atenção Primária.”

Sardinha questionou os presentes sobre o papel de cada um na efetivação da Atenção Básica como porta de entrada para a saúde, sugerindo: “Eu acredito que a gente precisa valorizar aquilo que o outro faz, ou seja, integrar, trazer para perto e olhar o território, especialmente tratando-se da sífilis, que é uma doença milenar.” Ela ressaltou ainda a importância do compromisso coletivo para que o estado possa atingir seus objetivos, enfatizando que a presente mobilização é um passo importante.

Para falar do papel dos secretários municipais na luta contra a sífilis e sífilis congênita, estava Eliane Xavier, representante do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (COSMS), que reafirmou o compromisso de encarar a questão com seriedade. “Este é um espaço que a gente considera de extrema importância para sanar os agravos. Essa 9ª Semana Paulista de Mobilização Contra a Sífilis vem para incentivar os 645 municípios do Estado a continuarem lutando contra a sífilis, e isso podemos ver [se concretizando] pela quantidade de municípios que recebem aqui o Prêmio Luiza Matida. Para acabarmos com essa doença, é preciso o empenho de todos nós.”

Sociedade Civil presente

Representando as mulheres vivendo com HIV/aids, através do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, a cientista social e ativista Fabiana Oliveira destacou a importância do envolvimento contínuo da sociedade civil na construção das políticas públicas e a importância dos direitos humanos na luta. “Enquanto movimento estamos juntos, queremos estar juntos, acompanhar… Nós acompanhamos [a pauta] pelo eixo dos direitos humanos, e isso, para nós, tem sido riquíssimo, porque temos visto o quanto é importante e necessário o comprometimento dos gestores e dos profissionais da saúde para a eliminação da sífilis e da sífilis congênita.”

A ativista ainda destacou a necessidade de uma abordagem humanizada que vá além do diagnóstico e do tratamento, acolhendo os pacientes em sua totalidade. Assim, segundo ela, o Estado continuará avançando. ‘‘Devemos olhar além do diagnóstico e do tratamento; a gente precisa olhar para o ser humano que está diante de nós, que busca cuidados de saúde. A saúde tem que ser vista de forma integral, atendendo de maneira humana e completa.”

Alexandre Gonçalves, coordenador do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, em sua participação, deu palavras de incentivo e reconhecimento ao trabalho de todos os profissionais envolvidos. “É fundamental que todos nós estejamos sempre comprometidos em fortalecer a saúde e a atenção básica, além de estimular nossas redes,” disse Gonçalves, que finalizou parabenizando os participantes pela dedicação em enfrentar os desafios da sífilis no Estado.

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Kéren Morais (keren@agenciaaids.com.br)

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