Adultos com HIV são mais propensos a continuar tratamentos quando a classe médica se mostra empática a eles. A constatação veio após a análise de 41 estudos publicados entre 1997 e 2007 feita por especialistas da Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos.

A pesquisa focou na relação dos pacientes com enfermeiros, assistentes médicos, farmacêuticos, assistentes sociais e os próprios médicos. Observou-se menos desistência e mais disciplina dessas pessoas em manter o tratamento quando a relação entre elas e os profissionais da saúde foi respeitosa, teve empatia incondicional e sem julgamentos, e parceria, ou seja, participação na tomada de decisões.

Os resultados mostraram que a complexidade da doença, o regime de tratamento e o sistema geral de cuidados de saúde frequentemente sobrecarregam o paciente, e o medo do estigma muitas vezes os impede de iniciar ou continuar o tratamento. Sendo assim, quem tem HIV precisa de ajuda para entender suas necessidades e, para isso, é necessária uma linguagem compreensível para traduzir informações complexas.

Além disso, os pesquisadores concluíram que a troca de informações entre paciente e médico é muito importante, e o profissional precisa explicar o que o indivíduo deve esperar, sempre ressaltando que o HIV é completamente tratável.

“Hoje o HIV é considerado uma condição crônica e tratável. No entanto, esse estudo constatou que muitos pacientes continuam a vê-lo como uma sentença de morte”, disse o autor principal da pesquisa Andrea Norberg, em comunicado. “Sabemos que as pessoas com conhecimento sobre o HIV, que estão engajadas nos cuidados e tomando medicamentos de terapia antirretroviral, permanecem relativamente saudáveis. Nosso desafio é alcançar as pessoas diagnosticadas com HIV e que não são mantidas ou envolvidas em cuidados contínuos.”

Desistir do tratamento também pode ser um efeito da relação de autoridade e a falta de parceria entre os profissionais e seus pacientes — alguns relataram se sentir “em um interrogatório” e que os especialistas simplesmente assumiam que não estavam fazendo o tratamento da forma correta. Norberg sugere que os médicos e outros profissionais da saúde devem ser cúmplices de quem tem HIV, permitindo que essas pessoas sejam honestas sobre possíveis dúvidas e receios.

Como relata Norberg, o preconceito é o principal responsável por esses problemas — e só o combate à desinformação pode resolvê-lo. Logo, o especialista recomenda que profissionais da área busquem treinamentos no assunto para poderem se educar devidamente sobre o HIV, além de observar colegas de profissão mais experientes.