Diagnosticada aos 42 anos, a moradora de Sorocaba (SP) compartilha cotidiano nas redes sociais para mostrar que o HIV não é sentença de morte. Com isso, ela espera ajudar outras mulheres a enfrentar preconceito por diagnóstico.
Com o avanço da medicina, o diagnóstico de HIV deixou de ser uma sentença de morte. Ainda assim, algumas pessoas ainda precisam lutar contra o preconceito. Por meio das redes sociais, uma moradora de Sorocaba (SP) compartilha sua história para inspirar outras mulheres e desatar ideias preconceituosas.
Descobrir o HIV foi desafiador para a motorista Daniela Martins, de 48 anos. Ao g1, ela contou que precisou lidar com muitos pensamentos negativos. “Decidi tornar minha sorologia pública pelas redes sociais em 2021, com a intenção de ajudar outras mulheres que vivem com HIV. Não foi uma decisão fácil, mas foi muito importante para mim”.
A ligação que mudaria para sempre a vida de Daniela aconteceu após ela sair de um relacionamento que durou entre 2017 e 2018. “Dias depois do término, ele me ligou dizendo que estava muito doente, havia feito uma série de exames, que tinha testado para Hepatite C e que seria prudente que eu fizesse os exames também”, relembra.
Com a notícia, ela rapidamente agendou os testes em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). A suspeita era apenas de hepatite, mas foi surpreendida pelo diagnóstico de HIV.
“Lembro que apesar do acolhimento, tive uma explosão de sentimentos e pensamentos. (…) Como contaria para meu filho? Não queria vê-lo sofrendo”, lembra Daniela.
Logo, ela deu início ao tratamento com a Terapia Anti Retroviral (Tarv), que previne a transmissão, e com o tempo, a carga viral tornou-se indetectável. “Minha saúde estava perfeita. Então eu agi como se não tivesse HIV, neguei minha sorologia”, desabafa.
“Nos primeiros cinco anos de diagnóstico, somente meu filho e uma irmã sabiam. Falávamos pouquíssimo sobre o assunto, mas eles me acolheram e respeitaram minha forma de lidar com a minha condição. Quando eu decidi contar para toda a família, o apoio do Brunno, meu filho, foi o mais amoroso e encorajador que eu vivi. Segurou a minha mão e não soltou”.
Depois de anos se escondendo em uma “caixinha”, Daniela lembra que começou a fazer cursos de autoconhecimento, foi então que essa “caixinha” ficou pequena para ela.
“Comecei a entender que a minha sorologia não era razão para tristeza, que eu não era culpada e sim, responsável por ela, que eu não tinha – e não tenho – controle sobre como as pessoas vão se sentir e se comportar a respeito do meu diagnóstico”.
Para todo mundo saber
Após contar aos familiares, Daniela lembra que muitos deles tinha um conhecimento raso sobre o HIV. “Senti no meu coração que a falta de informação gerava o preconceito e também a exposição ao vírus e outras IST’s”, comenta.
Foi então que ela decidiu compartilhar sua história, desde o diagnóstico até seu dia a dia convivendo com a doença.
“Depois da minha primeira publicação, recebi centenas de mensagens, comentários e ligações. Continuei contando minha vivência desde que recebi minha sentença de vida em vídeos, nos stories e em lives com convidadas onde abordamos diversos temas como: os direitos e leis acerca de pessoas que vivem com HIV, terapias alternativas para melhorar a qualidade de vida, relações e histórias de pessoas que convivem com quem vive com HIV, prevenção, tratamentos e saúde”.
Em suas publicações, Daniela busca mostrar que é possível viver uma vida plena, saudável e feliz, além de ressaltar a importância da prevenção e diagnóstico.
“Conversem com seus amigos, familiares, colegas, parceiros e parceiras sobre IST. Fazer testes regularmente e procurar atendimento especializado é de extrema importância. Cuide da sua saúde usando todos os métodos de prevenção. Um positivo não é o fim da vida, pode ser o começo dela, só depende de você”.
“Ter o diagnóstico positivo para HIV pode causar tristeza, culpa, desespero, dor, medo e angústia no primeiro momento. É um choque e cada mulher vai vivenciar este momento do seu jeito. Saber que posso tornar isso mais leve e que tudo vai ficar bem, seguindo o tratamento e se cuidando, é o que me motiva a continuar”, conta.
Fonte: G1