Com o objetivo de fortalecer a atuação de organizações da sociedade civil de base comunitária em tempo de covid-19, o Fundo Positivo criou um fundo emergencial. A ideia é auxiliar instituições na cobertura de gastos administrativos. Foram contempladas neste momento 20 ONGs que já recebem apoio do Fundo Positivo e atuam no campo da prevenção e assistência às pessoas vivendo com HIV/aids, entre elas a Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero, de Pernambuco, o Grupo Pela Vidda Rio de Janeiro, a Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade, do Espírito Santo e a Associação de Auxílio à Criança e Adolescente Portador de HIV, de São Paulo. As entidades receberam uma carta convite para acessar o recurso.

“Acreditamos que as ONGs são os pilares das comunidades onde elas atuam. Em tempos difíceis, seguimos apoiando e permanecendo ao lado das instituições. Juntos somos mais fortes no combate à epidemia de HIV/aids e a pandemia do covid-19”, explicou Harley Henriques, coordenador geral do Fundo Positivo. “O impacto econômico ocasionado pela pandemia também atingiu as ONGs que lutam contra aids, colocando em risco a sustentabilidade das organizações de curto, médio e longo prazo”, completou.

Ainda de acordo com Harley, o fundo emergencial não substitui o edital institucional que será lançado em maio. “A medida que o impacto e a resposta à pandemia evoluírem, continuaremos monitorando a situação e tomando medidas para apoiar a sustentabilidade de nossos parceiros comunitários.”

O Brasil é a segunda nação que mais perdeu vidas com o novo coronavírus, atrás apenas dos Estados Unidos. A pandemia aguçou ainda mais as desigualdades sociais, atingindo diretamente populações em situação de vulnerabilidade social.

 

Confira a seguir mais detalhes sobre o fundo emergencial

Agência Aids: Por que o Fundo Positivo decidiu apoiar essas organizações?

Harley Henriques: O fundo emergencial é um edital na modalidade carta convite. A iniciativa vai contemplar 20 instituições que já receberam algum financiamento do Fundo.

Quais os critérios e como são decididos os apoios as organizações?

O principal critério para acessar essa verba é estar em dia com as prestações de contas. Também decidimos apoiar as ONG que deram continuidade nas ações mesmo depois do encerramento do financiamento. Há duas instituições que vamos apoiar em caráter de excepcionalidade: a Associação de Auxílio à Criança e Adolescente Portador de HIV, que atua no incentivo a educação de crianças e adolescentes vivendo com HIV/aids e a Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, liderada pelo Padre Júlio Lancellotti. Escolhemos apoiar estes trabalhos porque são iniciativas fundamentais neste momento de pandemia da covid-19. São iniciativas relevantes, especialmente porque o trabalho que essas duas instituições fazem só elas fazem, elas têm um caráter de singularidade.

Em tempos de pandemia, qual a importância das ações que o Fundo apoia no Brasil?

Os projetos apoiados pelo Fundo Positivo são de base comunitária. As ONGs que receberam a carta convite estão desenvolvendo ações de acolhimento e solidariedade mesmo neste contexto pandêmico. A maior parte dos projetos atuam com populações que não pararam, como profissionais do sexo, pessoas trans e travestis, pessoas em maior vulnerabilidade social e em situação de rua, moradores de favela. São movimento que atendem hoje um público que tem uma maior exposição a covid-19.

Qual a expectativa do Fundo em atrair mais apoiadores para o suporte a diferentes ONGs no Brasil?

Temos expectativa de atrair novos patrocinadores, especialmente aqueles que entendem que o Fundo Positivo é uma organização com um caráter de multiplicidade, que fomenta e fortalece iniciativas comunitárias. Conseguimos apoiar iniciativas em todo território nacional.

O Fundo Positivo ou Fundo de Sustentabilidade às Organizações que trabalham no campo do HIV/Aids e das Hepatites Virais foi criado em 2014 com a missão de mobilizar recursos para financiar instituições que trabalham contra aids e hepatites. O Fundo busca recursos em diversas fontes financeiras de apoio. O repasse às Organizações é feito por meio de editais públicos, proporcionando que todas as organizações interessadas possam ser beneficiadas em todo o território nacional. Outros objetivos do Fundo Positivo são financiar projetos para comunidades de base; ajudar na capacitação técnica das Organizações; fortalecer a atuação em parceria entre diferentes organizações; fomentar a necessidade de planejamento, monitoramento e avaliação de ações.

Confira o perfil das instituições que vão receber o apoio:

Gestos

A Gestos é uma organização filantrópica fundada em 1993 pelo sociólogo Acioli Neto, a jornalista Alessandra Nilo, a socióloga Márcia Andrade e a assistente social Silvia Dantas. O primeiro projeto desenvolvido foi apoiado pela MISEREOR e tinha como foco o atendimento psicológico das pessoas vivendo com a aids, além da formação de agentes multiplicadores de informação nas comunidades mais carentes da Região Metropolitana do Recife. Desde então, a ONG contribui para a garantia dos Direitos Humanos das pessoas que vivem com HIV e aids. Cerca de 70% das pessoas que demandaram apoio jurídico da instituição tiveram seus direitos reparados, através de liminares e de sentenças, que hoje, inclusive, fazem parte do rol de jurisprudências referente à temática Direito e aids.

Grupo Pela Vidda Rio de Janeiro

O Grupo Pela Vidda do Rio de Janeiro foi fundado em 24 de maio de 1989, pelo escritor Herbert Daniel. Trata-se do primeiro grupo fundado no Brasil por pessoas vivendo com HIV e aids, seus amigos e familiares. Suas ações e iniciativas são garantidas pela intensa dedicação de voluntários e de profissionais engajados na luta contra a epidemia no país. São várias pessoas envolvidas no cotidiano da organização (dentre usuários, voluntários e funcionários), e um importante quadro de voluntários que atuam em várias ações, projetos e atividades pontuais e/ou estratégicas (manifestos, 1º de dezembro, eventos etc.). Como não temos fins lucrativos, o Grupo se mantém por meio de uma série de financiamentos de instituições brasileiras e internacionais que atuam em saúde e desenvolvimento social. Conta também com um grande número de importantes parcerias locais, como organizações que lutam pela defesa da cidadania e a rede pública de saúde.

Pastoral do povo da rua

A pastoral atua na defesa dos direitos do povo de rua, não apenas em sua organização, mas também em ações diretas junto aos órgãos públicos. É ela quem organiza anualmente em São Paulo os atos públicos que relembram o assassinato de sete moradores de rua da cidade, em agosto de 2004.

Associação de Auxílio à Criança e Adolescente Portador de HIV

A Associação de Auxílio à Criança e Adolescente Portador de HIV foi criada em 1989. Um grupo de médicos chefiados pela Dra. Marinella Della Negra recebeu uma doação que deveria ser revertida às crianças acompanhadas pelo serviço. Nos primeiros anos de atividade os recursos foram direcionados na ajuda a sobrevivência das famílias das crianças infectadas pelo vírus HIV que não tinham condições. Por muitos anos a Associação distribuiu cestas básicas e auxiliou famílias a pagar contas como gás, água, luz, aluguel. Fez parcerias com pequenas empresas que arrecadavam alimentos não perecíveis e leite em pó para que fosse distribuído às famílias dos pacientes. Para disseminar conhecimento científico sobre diagnóstico, tratamento e outros temas relacionados ao HIV/aids em crianças e adolescentes e também captar recursos com a finalidade de auxiliar a população alvo, a Associação promoveu o primeiro Encontro Nacional sobre Aids Pediátrica em 1995, que vem ocorrendo a cada 2 anos. Com o advento da terapia específica o número de crianças que nascem infectadas diminuiu drasticamente e ao mesmo tempo que as crianças cresceram, chegando a adolescência e adultos jovens que continuam em acompanhamento no Instituto. Hoje outro enfoque que é dar possibilidade de inserção social a esses jovens por meio da educação.

Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade

A Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade – GOLD é uma organização da sociedade civil que desde 2005 atua no Espírito Santo, criada com missão de promover e defender os Direitos Humanos, contribuindo para uma democracia sem discriminação, levando informação sobre Saúde e Cidadania às populações mais vulneráveis. Hoje a instituição compõe o Conselho Estadual de Direitos Humanos, o Conselho Estadual de Assistência Social, o Conselho Estadual de Promoção da Cidadania e dos Direitos Humanos de LGBT e o Conselho Municipal de Direitos Humanos de Vitória.

 

Redação da Agência de Notícias da Aids

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