Diante da repercussão negativa da reportagem sobre PrEP da revista “Época”, o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz colocou, em um extenso documento, a indignação e solidariedade aos profissionais da saúde e os outros entrevistados que porventura tiveram seus depoimentos deturpados ou retirados de contexto de maneira equivocada.

“A reportagem reforça de forma preocupante a questão do estigma e o preconceito aos gays, além de caminhar na contramão dos resultados apresentados no Brasil a partir de pesquisas realizadas por instituições sérias e comprometidas na implementação de políticas públicas eficientes para um problema de extrema complexidade.”

Na nota, a Fiocruz também coloca que considera inaceitável que “as informações publicadas sobre PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e PEP (Profilaxia Pós-Exposição) – além de outras imprecisões contempladas no texto – sejam divulgadas de forma tão equivocada por um veículo de comunicação que tem o dever de apurar a informação e divulgá-la de forma precisa e correta.”

Por fim, reforçou seu compromisso de contribuir para a melhoria das condições de saúde da população brasileira através de ações integradas de pesquisa clínica, desenvolvimento tecnológico, ensino e assistência de referência na área das doenças infecciosas.

Por meio de uma nota conjunta, o Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, sede da Coordenação do Programa Estadual de IST/Aids de São Paulo, a Sociedade Paulista de Infectologia e o Departamento de Moléstias Infecciosas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostraram seu posicionamento contrário à publicação.

O texto evidencia que a PrEP está disponível desde 2012 nos Estados Unidos e recomendada pela OMS em 2015 e uma grande pesquisa nacional foi realizada pelo CRT DST/Aids, USP e Fiocruz do Rio de Janeiro, avaliou sua adoção no país com resultados encorajadores. Além disso, é possível notar um grave erro ao confundir profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP) com PrEP, duas medidas diferentes de prevenção.

“Fomos negativamente surpreendidos pela reportagem. Além de cometer graves equívocos já na capa da revista, a matéria compromete o esforço de educação da população sobre as características da epidemia brasileira, estigmatiza grupos mais vulneráveis e pessoas que vivem com HIV.”

“A reportagem vai em direção oposta aos esforços da luta contra a epidemia de HIV/Aids. Contribui para aumentar a marginalização de gays e bissexuais e, consequentemente, aumentar sua vulnerabilidade ao HIV. Ao disseminar estigma sobre o usuário de PrEP, impõe mais uma barreira aos possíveis beneficiários do método”, completa.

O Mopaids Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids também publicou documento repudiando a revista e a reportagem, afirmando que é um “conteúdo carregado de violação de direitos com expressões de estigma e discriminação”.

Para o Movimento, a publicação apresenta um desserviço à população com conteúdo equivocado e com julgamento de comportamento e valores. “A matéria é retrógrada, danosa e perversa à população LGBTQi+ e adeptos da PrEP como uma escolha de prevenção ao HIV comprovada por estudos. E que é adotada como forma de prevenção desde 2015 em outros países.”

 

Redação da Agência de Notícias da Aids