Classificados em 8º e 9º lugar, respectivamente, nas Olimpíadas de Tóquio, a França e a Alemanha têm enfrentado problemas semelhantes em relação à pandemia da Covid-19, com um aumento do número de novas infecções, com os governos temendo e prevendo uma quarta onda com a chegada da variante delta. Em relação, ao HIV/aids, a Alemanha tem tido um melhor desempenho, com um decréscimo de 9% nas novas infecções desde 2010. Já na França, o número de testagens diminuiu muito, muitos franceses enfrentam diagnóstico tardio e a propagação de preconceitos e informações faltas dificultando as ações de prevenção. Confira abaixo.  

França

Na França, 173 mil pessoas vivem com o HIV, sendo que 24 mil desconhecem sua sorologia. Apesar dos 6 milhões de testes realizados todos os anos na França, muitos descobrem o seu status sorológico tarde demais. Em um quarto dos casos (26%), o sistema imunológico da pessoa com HIV já está muito fraco. A cada ano, cerca de 6.500 franceses descobrem que são HIV positivos. Mas esse número caiu em 2020. Não porque a epidemia esteja recuando, mas porque ficou invisível para outra.  Por causa da disseminação do Covid-19, muitos testes de rastreamento de aids de fato não foram realizados. A Santé Publique France (órgão de saúde pública francesa) estima que foram realizados 650.000 testes de triagem a menos entre janeiro e outubro de 2020, em comparação com o que era esperado.

Ainda existem muitos preconceitos sobre o HIV. Um quarto dos jovens de 15 a 24 anos (24%) ainda acha que o vírus da aids pode ser transmitido pelo beijo (o que é falso), de acordo com uma pesquisa realizada em 2021. Este número aumentou 9 pontos em um ano. Da mesma forma, 23% deles acham que o HIV se transmite sentando no assento do banheiro público, contra 15% em 2020. A persistência dessas ideias errôneas pode ser explicada pela onipresença do Covid -19. Poucos assuntos surgem e são tratados fora da Covid-19, que impõe seu ritmo e ocupa todo o espaço.

A questão do HIV/aids, já pouco visível antes da crise da saúde, está ainda mais ausente dos radares da mídia.

Covid-9

As infecções por Covid-19 estão aumentando na França, com uma média de 23.586 novos casos diários. O número médio aumentou em mais de 9,2 mil nas últimas três semanas, 17% do pico anterior. Até o momento, o país registrou um total de 6.398.983 infecções e 112.533 desde o início da pandemia. No mês passado, a França aprovou o projeto de lei sobre o “passe covid”.

A nova exige documentos que atestam a imunização dos cidadãos via vacina, recuperação ou teste negativo ao vírus para a entrada em restaurantes e viagens dentro do país. Além disso, a vacina passou a ser obrigatória para profissionais de saúde. As regras serão aplicadas até 15 de novembro. Os trabalhadores de saúde devem se vacinar até 15 de setembro, correndo o risco de serem suspensos.

As medidas foram alvo de protestos na França. Milhares foram às ruas de Paris para protestar contra a vacinação obrigatória em 17 de julho. Desde o início de julho, o número de casos passou a dobrar a cada semana. Os manifestantes alegam que a lei vai contra a sua liberdade.  O governo francês insistiu nas medidas restritivas com o aumento de casos. No dia 21 de julho, o primeiro-ministro francês Jean Castex afirmou que o país passa por uma 4ª onda da pandemia de covid-19. E o motivo seria a variante delta do corona vírus, que se tornou dominante na França.

O porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, afirmou que 40% dos casos de covid no país são da variante Delta. A Delta é mais contagiosa que outras cepas do corona vírus e caminha para se tornar predominante na Europa. Em Paris, já representa 91% dos diagnósticos.

Alemanha

HIV/aids

Na Alemanha, as taxas de infecção são comparativamente baixas. Cerca de 93 mil pessoas na Alemanha vivem agora com o HIV, das quais 90% conhecem seus status sorológico e 86% estão em tratamento antirretroviral. Estes são os números mais recentes, de acordo com  Robert Koch Institute (RKI), publicados em novembro. Em 2019, 2.600 novas infecções foram confirmadas na Alemanha, um ligeiro aumento em relação ao ano anterior. Desde 2010, houve um decréscimo de 9% no número de novas infecções. Em relação aos óbitos, 500 pessoas morreram em decorrência da aids em 2019.

A prevalência total do vírus ente adultos é de 0,1%.Já entre os profissionais do sexo, este número sobe para 3% e entre os homens que fazem sexo com homens (HSH), 6%.  Em 2020, o número de novos diagnósticos de HIV caiu em comparação com 2019 em quase todos os estados federais, diminuindo em 21%.

Desde 1º de setembro de 2019, pessoas na Alemanha a partir dos 16 anos com um risco substancial de se infectar com o HIV podem obter a PrEP (profilaxia pré-exposição) gratuitamente, coberta pelo seguro saúde legal.  Este é um progresso estimulante em um país, onde apenas dois anos atrás a PrEP ainda era discutida de forma bastante controversa, para não mencionar a possibilidade de que a PrEP pudesse ser coberta por seguro saúde.

Foram necessários os esforços incansáveis ​​dos ativistas, uma mudança na legislação e as evidências de que a PrEP funciona que tornou a mudança possível.

Covid-19 

A Alemanha registra neste momento o maior número de novas infecções desde maio deste ano, com 3.509 casos por dia – um pico de 14%, a maior média diária relatada em 20 de dezembro de 2021. O país hoje registra um total de 3.806.521 infecções e 91.832 mortes relacionadas ao coronavírus desde o início da pandemia.  O presidente do Instituto Robert Koch, agência ligada ao governo alemão, Lothar Wieler, alertou na quarta-feira (28/07) que o país “entrou na quarta onda” da pandemia de Covid-19 em uma reunião com políticos de Berlim e dos estados. Segundo documentos apresentados no encontro, que contou com a presença da ministra-chefe da Chancelaria, Helge Braun, a incidência do vírus está aumentando há três semanas consecutivas e a ocupação hospitalar sobe há 15 dias.

O instituto ainda alerta que a incidência de casos “ainda é um fator muito importante sobre a dinâmica de contágios” e que “ter um alto número de vacinados com uma só dose não é suficiente para manter sob controle a quarta onda”.

O RKI já havia alertado, um dia antes, que estava preocupado com a queda na quantidade de pessoas que foram buscar a primeira dose. No domingo (25/07), o país teve o menor número de agendamentos desde 7 de fevereiro, com pouco mais de 30,6 mil pessoas, e a média diária está caindo há mais de um mês.

Até o início de agosto, a quantidade de pessoas que receberam a primeira aplicação subiu apenas de 60% para 60,9% e apenas 49% da população tomou as duas doses.

 

Redação Agência de Notícias da Aids com informações da CNEWs, Reuters, Poder360, Unaids, RKI e Portal Terra