A Agência de Notícias da Aids perguntou para ativistas, especialistas, artistas, gestores e pessoas vivendo com HIV, o que eles esperam para 2020 em relação ao enfrentamento da aids. A partir desta quarta, 2,  você vai conhecer as expectativas dessas pessoas; o fim do retrocesso no enfrentamento à epidemia, visibilidade e sustentabilidade das políticas públicas e campanhas mais assertivas estão entre as respostas. Confira os depoimentos:

 

Silvia Almeida – integrante do Movimento Nacional de Cidadãs Posithivas e consultora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (UNAIDS)

Minha expectativa é de que não tenhamos retrocessos nas políticas de  tratamentos. e tenhamos novas drogas com menos doses de medicamentos e menos tempo entre as dosagens.  Mais empoderamento e união entre os movimentos sociais.  Para novos tempos, novas estratégias e forças renovadas!

 

 

Américo Nunes – Representante do Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids (Mopaids) e um dos fundadores do Instituto Vida Nova

No município de São Paulo teremos eleição. A expectativa é que não haja descontinuidade da política de aids e a criação da frente parlamentar municipal da HIV/Tuberculose. No âmbito nacional, será a resistência pela visibilidade e sustentabilidade da resposta da política de aids. Um fator importante é enfrentar a atual realidade da política de governo e traçar metas factíveis conforme especificidades locais para evitar  retrocessos. “Uma andorinha não faz verão”. E por fim, cada um fazer a diferença respeitando seus “pares”.

 

Edna Kahhale –  Pesquisadora, professora associada e coordenadora do LESSEX (Laboratório de Estudos de Saúde e Sexualidade), Nucleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Que possamos fortalecer os movimentos sociais e a atuação nas comissões de saúde e HIV/aids. Também desenvolver um trabalho psicoeducativo de prevenção de sexualidade segura, responsável e prazerosa junto a toda população, principalmente jovens e idosos. Defender o acesso à informação, insumos e cuidados a toda população, principalmente as que vivem com o vírus do HIV.

 

 

Carolina Iara de Oliveira –  escritora, mestranda em Ciências Humanas e Sociais na UFABC e assistente de políticas públicas na prefeitura de SP. Ativista do Coletivo Loka de Efavirenz, da Rede de Jovens São Paulo Positivo, da Revolta da Lâmpada e da Resistência/PSOL.

Em 2020, eu espero que a resposta brasileira à aids seja menos errática do que foi em 2019. O país não tem mais campanhas de prevenção assertivas, que dialoguem com as juventudes e as diferentes formas de sociabilidade sexual, nem temos mais uma política nacional de prevenção. O departamento de aids foi fechado e sua estrutura vem sendo paulatinamente desidratada. E tal desmonte chega aos Estados e municípios: tivemos que sair às ruas em SP para tentar impedir a desvinculação do CRT DST/Aids de São Paulo do Programa Estadual de IST/Aids de SP, numa tentativa do governo estadual de acoplar o CRT em outro departamento de serviços de saúde. Espero que, com urgência, o governo reveja o teto dos gastos públicos para a saúde, a política de prevenção, faça um plano de metas para redução do adoecimentos por aids e da mortalidade, e a reestruturação do departamento de aids como era até 2018. Caso essas ações não sejam tomadas, nós teremos uma piora considerável na epidemia de aids no Brasil.