A Agência de Notícias da Aids perguntou para ativistas, especialistas, artistas, gestores e pessoas vivendo com HIV, o que eles esperam para 2021 em relação ao enfrentamento da aids. Confira suas respostas.

Fabiana Oliveira, Movimento Nacional das Cidadãs Positivas: “Minhas expectativas para 2021 são as mais otimistas. Nutro a esperança na ciência. Espero pela vacina para todos e que em poucos meses, a pandemia esteja controlada e possamos voltar à plenitude das atividades. Desejo que 2021 seja muito bom à todos, com muita saúde, paz, felicidades e realizações.”

 

 

Jenice Pizão, Movimento Latino-americano e do Caribe de Mulheres Positivas: “Tenho sonhos, muitos. O primeiro é “Vacina, já!”, vacinação através do SUS, equânime e universal, o mais seguro e rápido possível. Além disso, gostaria que houvesse campanhas de prevenção que não amedrontassem as pessoas, que reduzisse de fato, os números da epidemia de AIDS. Que não existisse o medo nem a vergonha do viver com HIV/AIDS. Que as pessoas pudessem viver livremente sua sexualidade. Que ninguém fosse violentado pela sua condição étnica/racial nem de gênero. Enfim, que a violência, o preconceito e o estigma fossem ficando coisas do passado, que a gente só se lembrasse desses conceitos equivocados nos livros de história. E que a palavra “deficiência” fosse usada como característica de quem não respeita nem tem empatia com a outra pessoa, como aquele infeliz dizendo que essa epidemia é como “uma gripinha à toa”.”

Moysés Toniolo, Rede Nacional das Pessoas Vivendo com HIV (RNP+): “A expectativa neste momento é conseguir finalizar um trabalho de Articulação Nacional no Conselho Nacional de Saúde junto a outros movimentos e entidades nacionais para evitar a onda de desmonte e retirada de direitos, que nem sempre as pessoas percebem como retrocessos instituídos ou em curso. Mas 2021 será um ano para afirmar e verificar quem realmente se mantém na luta por justiça social, em prol da Saúde pública do Brasil, bem como outros direitos… Várias fragilidades foram expostas e mostram grandes lacunas no diálogo social participativo, bem como segregações desnecessárias sobre regiões brasileiras, a exemplo do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Teremos um ano onde serão postas à prova nossa capacidade de construção de políticas públicas e a habilidade de diálogo, pois posições elitistas e permeadas de processos de gabinete foram uma prática usada por este governo para distorcer as antigas formas participativas de consulta aos coletivos, e isto afeta nosso movimento, porém creio ainda termos capacidade de superar estes obstáculos. Mas antevejo 2021 como um ano onde diversos processos políticos internos e externos podem gerar muito confronto para a garantia dos direitos humanos, principalmente se o povo e os Movimentos Sociais esquecerem quem deve pautar os governos – a população e suas demandas reais. Se conseguirmos nos manter coesos, unidos e atuantes, já teremos avançado muito em resistência democrática. Somente assim teremos possibilidades de seguir rumo a um futuro melhor e menos fascista nas eleições de 2022, onde no próximo ano será estratégico e fundamental nossa atuação social no Brasil.”

Marta McBritton, Instituto Cultural Barong: “Nós do Barong, sabemos que 2021 não será um ano fácil. O mundo atravessará uma recessão econômica e com certeza o Brasil irá se deparar com mais desemprego, inflação, evasão escolar e todo o pacote de exclusão que acompanha uma crise. Obviamente, a população que atendemos será ainda mais afetada. Pretendemos continuar com nosso trabalho de “ajuda” humanitária, porém em nenhum momento temos a pretensão de substituir o Estado. Pelo contrário, é o momento do movimento social cobrar ainda mais políticas públicas.” 

Drew Persi, artista, ativista e youtuber: “Sou sempre uma pessoa muito otimista, e não pretendo ser diferente disso! Pra mim, 2021 será um ano de muitas conquistas nas pesquisas de HIV/aids, teremos a Parada LGBT com a temática HIV, o que dará uma grande visibilidade para a discussão do tema, e espero que possamos estar vacinados logo para que eu volte a rodar esse Brasil com as palestras e abraçando essa gente que precisa ser acolhida!

 Eduardo Barbosa, Grupo Pela Vidda – SP:  “Para 2021 a expectativa é de retomada das articulações e maior integração entre os vários grupos e movimentos para que possamos sair de nossa bolha e atingir um número maior de pessoas e manter uma pauta que vise quebrar o silêncio que se fez para as questões de aids. Ampliar a luta contra o preconceito e discriminação e devolver a aids a uma questão de Estado e não de governos que passam.”

Maria Eduarda Aguiar, presidente do Pela Vidda-RJ e coordenadora no núcleo TransVida: “Para 2021 esperamos iniciar um novo projeto mais forte e arrojado, com enfase na empregabilidade das pessoas LGBT e empreendedorismo. Na luta pelo direito a cidadania e combate a estigmas e preconceitos as pessoas que vivem com HIV e LGBT.”

 

 Ricardo Vasconcelos, infectologista: “Eu acho que o desafio pra 2021 é fazer com que os avanços sejam garantia para todos e não para alguns como acontece. A gente vê, por exemplo, em São Paulo, que houve uma redução de 25% na incidência de HIV, de 2017 pra cá, muito graças à expansão da PrEP e dos demais componentes da prevenção combinada e a gente não vê a mesma coisa no resto do país. Então gostaria muito que o mesmo pudesse acontecer no país inteiro.”

Rodrigo Pinheiro, Fórum de ONGs Aids de São Paulo: “Será um ano com expectativas desafiadoras. Primeiro porque será ano de eleição na Câmara dos Deputados onde há dois candidatos, sendo um da base do governo, mas que já trabalhou com nossas pautas. E outro que nunca trabalhou com pautas como as nossas. Então acho que vai ser um grande desafio dentro da Câmara. A questão da discussão da ampliação do acesso e a valorização do SUS também será um desafio. Por mais que a Covid-19 tenha mostrado a importância do SUS, ele ainda não está sendo reconhecido e valorizado da forma que deveria ser. Então temos que colocar isso em discussão no Brasil. Não podemos ficar dependentes da China e da Índia na produção de materias primas de medicamentos. O Brasil precisa fazer essa discussão, como é o caso da penicilina, por exemplo.”

 

 

Dica de entrevista

Rede Nacional de Pessoas com HIV/Aids (RNP+)

E-mail: comunica@rnpvha.org.br

Movimento Nacional das Cidadãs Positivas

Site: www.mncp.org.br

Fórum de ONGs Aids de São Paulo

Telefone: (11) 3334-0704

Centro de Referência e Treinamento DST/Aids-SP

Telefone: (11) 5087-9911
 
Grupo Pela Vidda – RJ
Telefone:  (21) 2518-3993 
 
Grupo Pela Vidda – SP
Telefone: (11) 3259-2149
 
Ricardo Vasconcelos
E-mail: Rico.vasconcelos@usp.br
 
Drew Persi
E-mail: contatoentreato@gmail.com

Redação da Agência de Notícias da Aids