Os estudos Tango e Gemini foram apresentados, nessa sexta-feira (8), pela farmacêutica GSK e mostrou que o regime de dois medicamentos, dolutegravir e lamivudina (Dovato), é tão eficaz quanto regimes baseados em três medicamentos (dolutegravir e mais dois inibidores de transcriptase reversa). O estudo Tango comparou a eficácia do Dovato com o esquema de dolutegravir mais Tenofovir Disoproxil Fumarato; já o estudo Gemini fez a mesma comparação, mas com regime que leva o dolutegravir mais o Tenofovir Alafenamida.

Os cientistas se mostraram otimistas com os resultados nos dois estudos já que os dados foram colhidos durante 96 semanas no Tango e 144 semanas no Geminini e mostraram que nenhum paciente apresentou resistência ou falha virológica.

Da Universidade de Medicina de Buenos Aires, Pedro Cahn afirmou que “esses dados de longo prazo confirmam que os regimes de dois medicamentos à base de dolutegravir têm um lugar legítimo nas opções de tratamento do HIV. Os médicos que queriam uma prova de que um regime de 2 medicamentos funciona a longo prazo em adultos recém infectadoscom HIV agora têm evidências para isso. ”

Pedro ressaltou ainda a importância de se pensar nos pacientes, já que eles buscam pelo menor número de exposição a componentes químicos. “Sabemos que um homem com 20 anos se for diagnosticado com HIV, poderá passar por tratamento durante muitos anos, então se conseguirmos reduzir o número de agentes químicos ao longo de sua vida, é muito melhor”, disse ao mencionar que o “dolutegravir é um medicamento quase perfeito.”

O Dr. Jean van Wyk, líder do estudo Tango, afirmou estar bastante convencido dos resultados após tanto tempo de pesquisa. “Não acho que precisamos mais de 5 ou 10 anos para termos resultados significantes. As combinações que temos hoje no mercado foram lançadas com menos tempo. Planejamos o estudo para três anos para termos confiança em seus resultados e incluímos mais pacientes do que imaginávamos.”

Pacientes que não podem tomar essa medicação

Dr. Jean aproveitou para ressaltar que apesar da terapia dupla ser benéfica, há alguns pacientes que não podem fazer uso do esquema, como aqueles que desenvolveram resistência aos medicamentos utilizados nessa terapia ou pacientes com coinfecção com hepatite B.

Por isso, a orientação é que todas as pessoas diagnosticadas com com HIV devem ser testadas para a presença de hepatite B antes ou durante o início da terapia dupla, já que foram relatados o surgimento de variantes do vírus da hepatite B resistente à lamivudina. Se o Dovato for usado em pacientes coinfectados, um tratamento adicional deve ser considerado para a hepatite B. Caso contrário, os cientistas alertam para que seja eleito um regime alternativo de medicamentos.

A Dr Kimberly Smith, líder de pesquisa e desenvolvimento da GSK, também fez a ressalva de que ainda não há dados consistentes sobre a terapia dupla em mulheres grávidas, o que leva os profissionais a aderirem, nesse caso, à terapia tripla que já possui pesquisas a respeito.

Sobre a adesão do novo esquema pelos profissionais de saúde, Kimberly concluiu que “como estamos mudando o paradigma do tratamento, sabíamos que não seria facil mudar o que os profissionais pensam, porque eles podem ser conservadores, mas agora com os dois estudos acreditamos que mudaremos essa realidade.”

 

Jéssica Paula (jessica@agenciaaids.com.br)

 

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Jornalista responsável: Rejane Monteiro