Com o objetivo de apoiar o estabelecimento de consórcios regionais para Pesquisa Observacional Prospectiva Regional em Tuberculose (RePORT) nos países com alta carga da doença, o RePORT Internacional realizou a 10ª reunião anual, com participação de coortes (grupos) regionais do Brasil e de diversos países. O evento ocorreu de 19 a 23 de agosto, em Salvador, e contou com a participação de jovens investigadores, pesquisadores consolidados e representantes de instituições de pesquisa e governos da Índia, África do Sul, China, Indonésia, Filipinas, Uganda, Coréia do Sul e Estados Unidos.

O Ministério da Saúde, representado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics) e pela Secretaria de Vigilância Sanitária e Ambiente (SVSA), apresentou os dados epidemiológicos atuais da tuberculose no Brasil e as principais estratégias do plano Brasil Livre da Tuberculose, que inclui as ações voltadas ao enfrentamento de determinantes sociais. O Plano foi pactuado em Comissão Intergestores Tripartite (CIT) em 2021 e aprovado pela Portaria GM/MS nº 154/2022.

De acordo com a coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas (SVSA), Fernanda Dockhorn, a tuberculose continua sendo uma das causas infecciosas mais significativas de mortalidade e morbidade em todo o mundo. “No Brasil, a tuberculose é a principal causa associada à morte de pessoas que vivem com HIV”.

O Brasil almeja reduzir o coeficiente de incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e limitar o número de óbitos pela doença para menos de 230 ao ano, até 2030.

As metas do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública estão alinhadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (meta 3.3. acabar com as epidemias de aids, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, até 2030) e com a Estratégia Global pelo Fim da Tuberculose da Organização Mundial da Saúde.

As principais necessidades de pesquisa vão desde a pesquisa básica, para identificar biomarcadores que preveem com precisão os resultados da tuberculose ativa e latente, até a pesquisa clínica para medir a eficácia de novas ferramentas e estratégias para a tuberculose.

Sobre o RePORT International

O Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIADI) criou o programa Pesquisa Observacional Prospectiva Regional em Tuberculose (RePORT) Internacional para apoiar o estabelecimento de consórcios regionais RePORT em cooperação com os países anfitriões. Essa plataforma prepara o terreno para futuras análises de dados combinadas ou comparativas e é um recurso inestimável para colaborações nacionais e internacionais entre pesquisadores clínicos e de bancada.

O RePORT Internacional representa um consórcio das seguintes coortes regionais: RePORT-Brazil; RePORT-China; RePORT-India; RePORT-Indonesia; RePORT-Korea; RePORT-Philippines; RePORT-South Africa; RePORT-Uganda.

As coortes do RePORT estão vinculadas por meio da implementação de um protocolo comum para coleta de dados e amostras e estão prontas para atender a essa necessidade crítica de pesquisa.

Cada rede RePORT é projetada para oferecer suporte a dados locais específicos de tuberculose no país e biorrepositórios de amostras e pesquisas associadas. Em conjunto, os resultados esperados incluem maior capacidade global de pesquisa clínica em ambientes de alta carga e maior acesso local a dados e amostras de qualidade para membros de cada rede e seus colaboradores nacionais e internacionais.

Sobre o RePORT- Brasil

A rede Pesquisa Observacional Prospectiva Regional em Tuberculose (RePORT) – Brasil foi criada em agosto de 2013 com financiamento da Sectics, por meio do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) e dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH). Hoje, o RePORT-Brasil é mantido com recursos do NIH, Sectics e SVSA.

O RePORT-Brasil, em sua fase atual, tem três objetivos principais: aprimorar o diagnóstico, tratamento e os resultados clínicos da tuberculose; aprofundar o entendimento sobre a transmissão e infecção pelo Mycobacterium tuberculosis (Mtb), abordando desde a doença latente até a subclínica, além de identificar fatores que preveem a progressão e proteção contra a tuberculose; e, por fim, apoiar o desenvolvimento da próxima geração de cientistas dedicados à tuberculose, ampliando o alcance e a colaboração do consórcio.

Outros objetivos incluem: a criação e manutenção de um biorrepositório de amostras clínicas e um banco de dados de desfechos clínicos bem caracterizados para os casos de tuberculose e seus contatos próximos; o desenvolvimento de uma agenda científica que utilizará esta amostra e repositório de dados para melhorar nossa compreensão da evolução da doença; e desenvolver infraestrutura laboratorial e de pesquisa clínica de tuberculose no Brasil.

Fonte: Ministério da Saúde