A conceituada revista científica Tha Lancet publicou um artigo do Diretor do Departamento de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Gerson Pereira. Confira.
O Brasil se orgulha de seu programa de HIV reconhecido internacionalmente, que não foi descontinuado ou ameaçado por causa da pandemia Covid-19. O Brasil criticou fortemente o relatório Direitos na Pandemia, do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), por falta de dados e estatísticas inconsistentes. Veja a reportagem:
Nos últimos 2 anos, o Ministério da Saúde do Brasil aprimorou a estrutura burocrática que dá suporte ao programa nacional de HIV. Em maio de 2019, considerando o peso da coinfecção tuberculose e HIV, foi criado o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, que supervisiona os programas nacionais de HIV, tuberculose e hanseníase. Este novo departamento tem mais recursos humanos e financeiros disponíveis para responder às doenças: o orçamento anual passou de R $ 1.719.214.056 em 2018 para R$ 2.446.639.943 em 2019 e para R $ 2.673.212.503 em 2020.
O novo departamento continuou fornecendo medicamentos para o tratamento e prevenção do HIV no Brasil durante a pandemia, graças à sua expertise em logística. Além disso, o número de serviços que oferecem profilaxia pré-exposição (PrEP) tem crescido de forma constante, com 26.764 pessoas iniciando a PrEP nos últimos 3 anos (8.108 pessoas em 2018, 8.536 pessoas em 2019 e 10 120 pessoas até outubro de 2020). Um aumento de novos usuários de PrEP também é perceptível desde 2018.
O Brasil também continuou respondendo às solicitações de doações de medicamentos antirretrovirais de países vizinhos (ou seja, Argentina, Equador, El Salvador, Guiana, Jamaica, Paraguai, Suriname e Uruguai).
Desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde monitora o efeito da Covid-19 nas pessoas com HIV e constatou que não houve diminuição no número de pessoas em tratamento para o vírus no Brasil (que era de 709 mil pessoas em setembro de 2020).
A proporção de dispensas multimensais aumentou entre 2019 e 2020: um aumento de 26% para 60 dias e um aumento de 103% para 90 dias. Houve também aumento da média de cobertura de medicamentos de 30 para 60 dias e aumento de 3% no número de pessoas com HIV vinculadas a serviços de saúde.
Outras medidas implementadas durante a pandemia para continuar a luta contra o HIV no Brasil incluem extensão automática de 90 dias das formas de dispensação de antirretrovirais, extensão de 90 dias das formas ativas de tratamento do HIV, extensão de 120 dias das formas ativas de PrEP, testes de HIV para pacientes com síndromes do sistema respiratório, redução de consultas e exames de acompanhamento para pessoas que vivem com HIV com cargas virais indetectáveis e serviços de telemedicina e solicitações de exames laboratoriais assinados digitalmente, certificados e prescrições. Também foram publicadas duas convocatórias de propostas de organizações não governamentais em agosto e dezembro de 2020, no valor de R$ 5 milhões cada.
Em conclusão, o programa brasileiro de HIV é uma política institucional que tem sido mantida forte que passou por diferentes governos e pela pandemia de Covid-19.
Referências
1 – Parkin Daniels J
Lancet HIV. 2020; 7: e804-e805
2 – Government of Brazil
https://www.portaltransparencia.gov.br/orcamento
https://www.aids.gov.br/pt-br/painel-prep
https://www.aids.gov.br/pt-br/painelcovidHIV
5 – UN Educational
Scientific and Cultural Organization
https://fornecedor.brasilia.unesco.org/processes/2904
6 – Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis – Ministério Da Saúde
https://www.aids.gov.br/pt-br/noticias/pnud-apoia-testagem-de-hiv-em-estrategia-viva-melhor-sabendo
Dica de entrevista
Departamento de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis
Telefone: (61) 3315-7737 / 78 / 79
Fonte: The Lancet