À medida que as eleições de 2024 se aproximam, a Agência Aids segue com sua série de reportagens especiais. O intuito é que os leitores conheçam candidatas e candidatos que defendem os direitos das pessoas vivendo com HIV/aids, a saúde e os direitos humanos.
Marilene Oliveira, candidata a vereadora pelo PT em Trizidela do Vale, Maranhão, compartilhou suas ideias em entrevista, apresentando sua visão e principais propostas. Mulher, negra e vivendo com HIV, sua trajetória é marcada por desafios e resistência. Foi essa vivência que a motivou a ingressar na política, com o propósito de transformar a realidade de outras mulheres com HIV, especialmente aquelas de comunidades marginalizadas e vulneráveis.
Marilene também é ativista do movimento de aids e faz parte do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP). A seguir, conheça algumas de suas propostas:
Prevenção nos terreiros
O plano de governo de Marilene se organiza em diferentes eixos centrais, incluindo a saúde. Ela ressalta a importância de discutir saúde nas comunidades de terreiro, destacando que esse tema é pouco abordado. Segundo Marilene, o patrimônio dos terreiros está sendo destruído sem que isso seja amplamente debatido. Sua proposta inclui um projeto para combater a intolerância religiosa e integrar os serviços de saúde às práticas religiosas, sempre visando o bem-estar e a saúde das pessoas que frequentam religiões de matriz africana, com respeito às suas culturas, tradições e identidades.
Enfrentamento ao machismo
Marilene aponta a desigualdade de gênero como um dos maiores desafios, tanto em sua vida quanto em sua candidatura. “Vivemos uma enorme desigualdade entre homens e mulheres, e o machismo é uma realidade. Mesmo dentro do meu partido, sinto a falta de oportunidades iguais para as mulheres”, comenta. Ela destaca que o machismo é estrutural e institucional e defende a criação de espaços onde as mulheres possam ser ouvidas e representadas, tanto na política quanto nas esferas sociais.
Educação sexual
A ativista é uma forte defensora da educação sexual, especialmente nas escolas e entre os jovens. Ela enfatiza a necessidade de promover debates sobre a prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e a educação sexual. Apesar da resistência de muitos pais e do conservadorismo local, ela argumenta que a educação sexual é essencial para proteger a saúde e prevenir problemas como violência sexual e abusos. Para Marilene, educar é sobre proteger, e não incentivar a prática sexual.
População vivendo com HIV e mercado de trabalho
Se eleita, Marilene quer garantir maior inclusão da população vivendo com HIV no mercado de trabalho, especialmente para as mulheres. Ela aponta que a falta de emprego ou renda é uma questão crítica, agravada pelos efeitos dos medicamentos antirretrovirais. Seu compromisso é lutar por políticas que promovam a inclusão e proteção dessas mulheres, bem como de toda a população vivendo com HIV/aids, visando a igualdade de oportunidades.
Participação feminina em pesquisas clínicas
Marilene também defende a realização de mais pesquisas sobre os efeitos da aids nas mulheres vivendo com HIV, especialmente a longo prazo. Ela argumenta que pouco se sabe sobre os impactos dos antirretrovirais no corpo feminino e pretende lutar por financiamento e incentivo a estudos que abordem essas questões.
Acesso aos serviços de saúde e população LGBTQIA+
A candidata destaca a necessidade de um atendimento humanizado para a população LGBTQIA+, com ênfase nas pessoas trans e travestis. “O atendimento em saúde deve respeitar o nome social e as especificidades de cada grupo”, afirma. Marilene propõe a formação contínua de equipes multidisciplinares para atender melhor as pessoas recém-diagnosticadas com HIV/aids, priorizando o cuidado integral e a humanização.
Com sua candidatura, Marilene se apresenta como uma voz em defesa das populações vulneráveis, pedindo o apoio dos eleitores. “Peço que confiem em mim, porque não vou decepcionar. Tenho a vontade, só preciso da oportunidade. Votando em mim, vocês estarão me dando essa chance de fazer a diferença”, conclui.
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Epidemia de HIV/aids no Maranhão
Nos últimos dez anos, o Maranhão experimentou uma redução de 7,6% na taxa de mortalidade por aids, que diminuiu de 5,2 para 4,8 óbitos por 100 mil habitantes. Em 2022, o estado contabilizou 385 mortes atribuídas ao HIV ou aids como causa principal, registrando um aumento de 18% em relação aos 326 óbitos registrados em 2012. Os dados são do mais recente Boletim Epidemiológico sobre HIV/aids do Ministério da Saúde.
Kéren Morais (keren@agenciaaids.com.br)
Dica de entrevista
Instagram @marilene.alvesdeoliveira.125