A eleição presidencial será decidida em um segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), de acordo com dados do TSE. O segundo turno ocorre quando nenhum candidato consegue atingir a maioria da soma total dos votos computados. O encontro entre os dois principais rivais está marcado para o dia 30 de outubro, último domingo deste mês. A realização da segunda etapa do pleito frustra principalmente a campanha do petista, que, na reta final do primeiro turno, investiu na defesa pelo voto útil na intenção de encerrar a disputa neste domingo.
Em retórica de contestação das pesquisas eleitorais, Bolsonaro dizia que a eleição se encerraria na primeira fase e seria ele o vencedor. Como mostravam as sondagens, e agora os números oficiais, o prognóstico não se realizou. O presidente reiteradamente colocou em xeque o sistema eleitoral.
Mais de 156 milhões de brasileiros estavam aptos a votar e, de novo, colocaram entre os dois primeiros colocados um petista e Bolsonaro. Neste ano, Lula chegou à frente e é apontado, segundo pesquisas de intenção de voto, como o favorito para voltar à Presidência. Em 2018, Bolsonaro liderou a corrida e venceu Fernando Haddad (PT), que substituiu Lula nas urnas.
No campo da saúde, o Brasil ainda se recupera da tragédia que custou a vida de 685 mil brasileiros mortos em razão da covid-19. E, para a maioria da população, segundo pesquisa Datafolha, a saúde é uma prioridade. Logo, na escolha do candidato, pesará quem valorizar um dos principais diferenciais do país no mundo: o Sistema Único de Saúde (SUS), que, aliás, foi fundamental para evitar um número ainda maior de óbitos pelo novo coronavírus.
A pandemia provocou diversos efeitos, entre eles, a queda de 4,4 anos na expectativa de vida dos brasileiros, após 80 anos de crescimento, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A covid-19 acabou por contribuir na redução da cobertura vacinal para outras doenças e a politização da pandemia acabou por agravar o fenômeno antivacina.
Vacinação contra a covid-19, gestão de saúde suplementar, estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS). Na saúde, que áreas devem ser priorizadas por quem for eleito?
Confira a seguir as propostas para a saúde dos candidatos que vão disputar o segundo turno:
Luiz Inácio Lula da Silva
O plano de governo de Lula abrange revisões nas legislações trabalhista e previdenciária, a volta do Bolsa Família, reforma agrária e aprimoramento da Segurança Pública.
O candidato Lula diz que seu compromisso é com o fortalecimento do SUS “público e universal”, o aprimoramento da sua gestão e a valorização e formação de profissionais de saúde.
O documento também cita a retomada de políticas como o Mais Médico e o Programa Farmácia Popular, a reconstrução e fomento ao Complexo Econômico e Industrial da Saúde e um reforço ao PNI. Lula também prevê a construção de políticas que assegurem os direitos dos idosos para um envelhecimento de qualidade.
Para combater a desigualdade, Lula propõe papel incisivo do Estado e promete reconstruir e fortalecer programas sociais, como o Bolsa Família e o Sistema Único de Assistência Social (Suas), caso seja eleito.
O plano não traz detalhes de valores de investimento dos projetos nem de fontes de arrecadação. Mas prevê a revogação do teto de gastos, aprovado no governo Michel Temer (MDB) com o objetivo de equilibrar as contas públicas.
“Vamos recolocar pobres e trabalhadores no orçamento. Para isso, é preciso revogar o teto de gastos”, diz o documento de 21 páginas apresentado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Na área social, o plano promete a implementação de políticas para combate à discriminação e o respeito às pessoas LGBTQIA+. Sem detalhes, o texto aponta garantias do direito à saúde dessa população, inclusão e permanência na educação e no mercado de trabalho.
O texto também prevê esforços para equidade de gênero, combate ao racismo e a continuidade do mecanismo de cotas sociais e raciais na educação, além da implementação de políticas a pessoas com deficiência. A chapa defende ainda o respeito à liberdade de culto e o combate à intolerância religiosa.
A chapa afirma também que as áreas de saúde, educação, ciência, tecnologia e cultura sofreram retrocessos. Lula promete retomar obras que, segundo o documento, foram paralisadas pelo atual governo, “que não faz, mas tenta se apropriar de obras que recebeu praticamente concluídas”.
Veja algumas das propostas de Lula
Saúde
– Fortalecimento do SUS
– Retomada de políticas como o Mais Médicos e o Farmácia Popular
– Implementação de nova política sobre drogas focada na redução de riscos, prevenção, tratamento e assistência ao usuário
Social
– Implementação de políticas para combate à discriminação e o respeito às pessoas LGBTQIA+
– Esforços para equidade de gênero e combate ao racismo, além da implementação de políticas a pessoas com deficiência
Em seu plano de governo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) destaca a Covid e a Guerra da Ucrânia como fatores que limitaram o crescimento da economia brasileira durante sua gestão e propõe a manutenção do Auxílio Brasil, a ampliação de privatizações e do acesso da população a armas.
No documento intitulado “Pelo Bem do Brasil”, o candidato à reeleição afirma que, diante das crises, é preciso proteger os cidadãos com valores tradicionais: Deus, pátria, família, vida e liberdade.
Na área da saúde, Jair Bolsonaro diz que a atenção primária continuará sendo um foco importante do seu governo. O documento cita programas que, segundo ele, deram certo e devem continuar, caso eleito, como o “Rede de Atenção Materna e Infantil”, “Programa Médicos pelo Brasil”, “Programa de Saúde Bucal”, “Incentivo de Atividade Física” e o “Conecte SUS”.
O plano de governo também prevê o fortalecimento dos serviços de saúde para atender as pessoas mais velhas e a consolidação do Cartão Nacional de Saúde (CNS) para “democratizar a saúde no país”.
No documento, Bolsonaro resgatou críticas a medidas de restrição adotadas por prefeitos e governadores para conter a disseminação de coronavírus e, embora não ofereça detalhes, afirma que a agenda do governo federal ajudou a preservar empregos.
Na educação, o candidato à reeleição promete valorizar os professores, fortalecendo os planos de carreira. Ele destaca que, em uma eventual nova gestão, serão intensificadas ações para que os alunos possam exercer um pensamento crítico, “sem conotações ideológicas que só distorcem a percepção de mundo”.
Com mais de 680 mil mortes por coronavírus no Brasil, o texto também defende a atuação do governo na pandemia de Covid-19.
Veja algumas das propostas de Bolsonaro
Saúde
– Aprimoramento da gestão do SUS, ampliando a articulação entre os setores público e privado
– Consolidação do Pronon (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica) e fortalecimento dos serviços de saúde para atendimento às novas demandas decorrentes do envelhecimento populacional
– Ampliação dos serviços de saúde oferecidos pelo DSEI (Distritos Sanitários Especiais Indígenas)
Social
– Ampliar políticas direcionados às mulheres, crianças e adolescentes, pessoas idosas e com deficiência
Redação da Agência de Notícias da Aids