O seminário “Ressonâncias da Conferência de Prevenção HIVR4P 2024, Peru-Lima”, realizado na tarde desta quinta-feira (21), no auditório do CRT (Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP), trouxe à tona uma proposta inovadora: a formação de um consórcio de pesquisadores e comunicadores para impulsionar a troca de experiências e conhecimentos na prevenção do HIV.

O evento reuniu especialistas da área de HIV/aids para discutir os principais avanços e desafios apresentados durante a Conferência Internacional HIVR4P 2024, realizada em Lima, no Peru. O espaço se mostrou essencial para apresentar inovações, explorar as melhores práticas e debater estratégias eficazes no enfrentamento do HIV em contextos diversos.

Um dos pontos importantes discutidos foi a valorização das estratégias de pesquisa comunitária, que garantem a presença de agentes comunitários em todas as etapas dos ensaios clínicos, desde a elaboração até a execução dos estudos. Essa participação é crucial para que as soluções realmente atinjam as populações mais afetadas. Quando a comunidade não está envolvida desde o início dos projetos, isso pode resultar em ineficácia e baixa adesão às medicações.

“Um exemplo citado foi o cabotegravir, um medicamento injetável que pode não ser bem aceito por algumas populações, como mulheres trans e travestis no Brasil, que costumam usar silicone líquido nas nádegas. Se essa população tivesse sido incluída na construção dos estudos, essas questões poderiam ter sido identificadas e resolvidas desde o começo, evitando assim falhas na implementação. Essa troca de experiências é fundamental para que possamos avançar de forma mais eficaz e inclusiva na luta contra o HIV, disse a pesquisadora Paola Souza”, coordenadora da Educação Comunitária da Casa da Pesquisa do CRT. Paola esteve no Peru e apresentou “Strategies to expand HIV prevention engagement among transgender women in a research unit in São Paulo – Brazil”.

Os participantes tiveram a oportunidade de compartilhar suas pesquisas e abordar soluções que podem ser aplicadas em diferentes cenários. Além disso, o seminário promoveu um ambiente de colaboração único, onde pesquisadores e comunicadores interagiram para fortalecer redes e fomentar parcerias. “A troca de saberes aqui não apenas amplia nosso conhecimento, mas também abre caminhos para iniciativas conjuntas que podem transformar a prevenção do HIV”, disse a pesquisadora.

O evento também serviu como um espaço de aprendizado para profissionais e estudantes interessados em se atualizar sobre as últimas pesquisas e tendências. Para muitos, a experiência foi uma chance ímpar de se engajarem mais profundamente na luta contra a epidemia.

Perspectivas futuras

A proposta do consórcio ressaltou a importância da união entre ciência e comunicação para ampliar o alcance das informações sobre prevenção e cura do HIV. A troca de conhecimentos entre diferentes áreas é vista como uma estratégia indispensável para superar os desafios contemporâneos.

O seminário encerrou-se com um chamado à continuidade desse diálogo e à implementação de iniciativas que deem suporte à pesquisa e à disseminação de informações acessíveis e eficazes. Para os organizadores e participantes, o evento foi um marco na construção de pontes entre especialistas e comunicadores, reforçando o compromisso coletivo de avançar na luta contra o HIV/aids.

Paola Alves, especial para Agência Aids

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